Avaliação – Audi RS Q3 2015
Quando você pensa em um Audi Q3, a primeira coisa que lhe vem à mente deve ser a imagem de um belo crossover, com desempenho interessante e ótimo compromisso familiar. E o que vem à sua mente quando você pensa em um Audi da linha RS? Esse tal de RS vem do alemão rennsport, cuja tradução literal é corrida (de automóveis), logo, os carros de Ingolstadt que recebem a alcunha RS são aqueles sujeitos selvagens que mastigam uma galinha para comer seus ovos.
E qual seria o resultado do cruzamento entre a selvageria dos RS e a racionalidade do Q3? A resposta está nas fotos que ilustram essa matéria. Seu cartão de visitas, ou no caso a primeira coisa que você perceberá quando esse monstro crecer no seu retrovisor, serão as enormes entradas de ar dianteiras, suficientes para refrigerar a usina de força: um belo 2.5 de cinco cilindros em linha, turbinado, que entrega às quatro rodas uma potência de 310 cv @ 5.200-6.700 rpm e uma mesa de torque de 42,8 kgfm @ 1.500-5.200 rpm.
Uma olhada mais atenta na dianteira e você percebe as fendas que ventilam os enormes discos dianteiros perfurados de 360 mm, mordidos por pinças com oito pistões. Há também a inscrição “quattro” logo abaixo à grade em colméia, indicando que o sistema de tração integral deste crossover remete ao lendário Audi Quattro, que nasceu nas pistas de rali. Dando uma volta ao redor do carro, o que salta aos olhos são as belas rodas aro 19 calçadas por pneus 225/40, a suspensão mais baixa que a do Q3 civilizado e a enorme saída de escape oval na traseira.
Sua esportividade é pouco refletida no interior, aonde apenas os bancos com revestimento parcial em Alcantara, o volante revestido em couro perfurado e a insígnia “quattro” fazem a diferença. No mais, tudo lembra o Q3 pré-facelift convencional, até o momento em que você der a partida no carro e o borbulhar rouco dos cinco cilindros invadir o seu ouvido. Seu nível de equipamentos no interior é alto, e isso inclui ar-condicionado de duas zonas, bancos dianteiros com ajustes elétricos, teto solar panorâmico, sistema de som BOSE e central multimídia Audi MMI (que não possui porta USB), entre outros itens.
Manobrar o modelo não é complicado, pois suas dimensões estão longe de ser exageradas (4,41 m de comprimento, 1,84 m de largura e 2,60 m de entre-eixos) e os retrovisores são grandes o suficiente. Há sensores de estacionamento nos quatro cantos, mas falta uma câmera de ré. É fácil achar uma posição de dirigir agradável, pois as regulagens de volante e assento são amplas. No carro há um bom espaço interno na dianteira e razoável na traseira, enquanto o porta-malas tem 356 litros e abriga o selante dos pneus (não há estepe).
Ao se colocar o carro em movimento, o primeiro detalhe percebido é a rigidez da suspensão. Enquanto o Q3 convencional possui uma calibragem de suspensão excelente, na versão RS essa calibragem é voltada para a esportividade e, por se tratar de um carro alto, precisa de amortecedores dublês de pedras para conter a rolagem da carroceria. Acionando o modo Comfort no Audi Drive Select, o carro fica um pouco mais dócil, e essa é a melhor forma de domar os 310 equinos em trânsito urbano, aonde o câmbio DCT de 7 marchas mantém o giro sempre baixo e o carro segue tranquilo. Mesmo com o auxílio do start stop, o computador de bordo teima em mostrar números indecentes de consumo, como 7 km/l de gasolina, por exemplo.
Na estrada, basta afundar o pé para toda a virilidade da sigla RS se traduzir em força bruta. Em plena aceleração, o carro faz suas costas grudarem no banco enquanto a orquestra sonora produzida pelo motor torna tudo ainda mais divertido, com direito a estampidos nas trocas de marcha em alta rotação. Troque o modo de condução para Dynamic e veja tudo acontecer de forma ainda mais brutal. De acordo com a Audi, o RS Q3 acelera de 0-100 km/h em 5,2 segundos com o launch control, e definitivamente eles não exageraram nos números. Com espaço suficiente, em uma Autobahn de preferência, o crossover acelera até o limite de 250 km/h.
Embora a altura do carro possa gerar algum receio do motorista entrar forte nas curvas, não demora para o condutor perceber que os limites do carro são muito mais altos que o dele. Por falar em limite, se exagerar demais esse carro mostra que tem um pouco de tendência dianteira, o que pode limitar um pouco o crossover em um track day, mas caso isso te incomode na estrada, sugiro checar o retrovisor pois a polícia deve estar atrás de você. A aceleração voraz do carro é tão viciante que toda saída de pedágio demanda uma aceleração de 0-100, e o ronco brutal do motor fará com que todas as atenções locais se voltem para você, ainda mais se o seu RS Q3 é vermelho, como o modelo testado.
Se a ideia for viajar tranquilo, basta definir o drive select para Comfort e observar o carro jogar a sétima marcha tão rápido quanto for possível, sentir a direção ficar mais leve e ver o consumo rodoviário beliscar 12 km/l. Já em modo Dynamic ou Auto, o consumo vai beirar 9 km/l ou menos, especialmente se o motorista não conseguir conter o ímpeto do pé direito.
Por fim, falar de custo em um carro dessa categoria chega a ser brincadeira, afinal estamos falando de um crossover de R$ 285.000. Mas se pararmos para pensar que essa é a forma mais barata de entrar no mundo RS atualmente, o carro vale bastante a pena. Porém, se você não faz questão da carroceria crossover e da sigla RS, e mesmo assim quer levar para casa um belo esportivo feito pela Audi, não pense duas vezes, o Audi S3 é o seu número.
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