No início dos anos 90, a Volvo decidiu expandir sua linha de veículos com um cupê e um cabriolet. As duas versões seriam desenvolvidas simultaneamente e montadas na plataforma do modelo 850.
Um grupo pequeno foi formado para o projeto, no início de 1994. A Volvo possuía pouca experiência no desenvolvimento de um produto de nicho tão marcante, e havia pressa. Daí a colaboração com a empresa britânica de engenharia TWR (Tom Walkinshaw Racing), já envolvida com o time de corridas da Volvo na BTCC.
A equipe teve apenas dois meses para definir o projeto. Isso custou as férias de seus integrantes, que se deslocaram ao sul da França para alugar e testar os cupês e cabriolets da concorrência. Com a pausa no descanso, foi permitido aos colaboradores que levassem suas famílias, o que acabou se tornando um sucesso inesperado. Muitas sugestões anotadas não teriam aparecido se apenas projetistas de carros fossem os únicos a analisar o segmento. Isso trouxe um grande benefício principalmente no trabalho da equipe de design.
Boa parte do desenvolvimento do modelo aconteceu na TWR, perto de Oxford, na Inglaterra. A Volvo era responsável pela estrutura técnica básica e determinava quais seriam as características do carro. A TWR atuava no ajuste do desenho e na produção. Uma equipe completa de desenvolvimento trabalhava num enorme galpão no qual Tom Walkinshaw, o carismático dono da TWR, também mantinha sua coleção de automóveis.
À equipe de projeto foi concedida uma liberdade incomum na concepção do carro. O chefe de Design da Volvo, Peter Horbury quis mudar a ideia de desenho angular e quadrado da Volvo. Quando Ian Callum, da TWR, mostrou rascunhos de um cupê com teto bem arqueado e laterais esculpidas, a decisão foi firmada para que o projeto continuasse, quase sem mudança, até o início da produção.
O novo carro tinha a mesma distância entre-eixos e comprimento do Volvo 850, só que com um porte mais elegante. Como o modelo também seria produzido como cabriolet, a equipe de engenharia garantiu que o projeto funcionaria tanto com quanto sem o teto.
O período de desenvolvimento do C70 foi breve – levou apenas 30 meses desde os primeiros estudos até à produção das primeiras unidades. Para isso, a colaboração com a TWR foi fundamental, e os custos do projeto administráveis.
A nova linguagem de design apresentada pelo C70 entusiasmou o chefe de Design da Volvo: “Jogamos fora a caixa, mas ficamos com o brinquedo que ela continha”, comentou Peter Horbury, depois da primeira exibição para a imprensa, quando entrou no palco guiando um C70 amarelo.
A dianteira estava claramente ligada à Volvo, enquanto o resto da carroceria era mais curvilínea do que qualquer lançamento anterior da empresa. O C70 anunciou uma nova direção no design que iria caracterizar muitos modelos futuros.
A liberdade de escolha para o cliente era importante num carro como o C70. Havia 17 cores sólidas, metálicas e perolizadas à disposição, com 40 combinações diferentes de interior e com materiais diferentes.
Era também crucial que a velocidade combinasse com o visual. Assim, o C70 foi lançado exclusivamente com motores turbo com cinco cilindros. O mais forte, com 2,3 litros e 240 hp, veio do Volvo 850R. Uma versão mais calma (2,5 litros e 193 hp) foi lançada ao mesmo tempo, e havia versões de 2 litros oferecendo 180 e 225 hp, respectivamente, para mercados no qual o volume do motor determinava os índices de impostos.
Apesar de o conceito emocional do C70 reinar sobre o racional, havia bastante espaço para quatro pessoas e suas bagagens. O nível de segurança era muito alto, pois contava com recursos como sistema de proteção contra impacto lateral (SIPS), proteção contra lesões cervicais (WHIPS), cintos com tensionador e airbags laterais.
Com a TWR, a Volvo formou uma joint-venture, Autonova, em Uddevalla, que tinha capacidade para fabricar 20 mil carros ao ano. A produção deixou o princípio da linha de montagem, para que uma equipe de trabalho acompanhasse cada carro por meio de vários estágios de produção, até outras equipes assumirem.
O C70 Cabriolet foi revelado um ano depois do lançamento da versão cupê, tornando-se o primeiro conversível da Volvo da era moderna. O modelo introduziu recursos como o Sistema de Proteção em Capotamentos – com duas estruturas atrás do assento traseiro ativadas no momento de um capotamento. A armação do para-brisa foi ancorada à placa de base e fabricada de aço de alta resistência.
O design resistiu ao tempo e não mudou significativamente durante os nove anos de vida da primeira geração. O Volvo C70 Coupé foi fabricado até 2002, enquanto o cabriolet continuou por mais três anos, até abril de 2005. Dos 76.809 C70 construídos, 27.014 eram cupês e 49.795, cabriolets.
A segunda geração do C70 conversível, construído pela Pininfarina com teto rígido em três partes, foi lançada no Salão de Paris em setembro de 2005.
Fonte: Assessoria de Imprensa Volvo Cars