E vamos para a abertura de mais uma temporada da Stock Car, que desde 1979 impõe-se como a principal categoria de Turismo no Brasil e figura entre as 10 melhores do mundo. Completando 37 anos, a categoria passou por altos e baixos, sobreviveu a todas as incontáveis crises financeiras, inclusive quando a General Motors, marca única utilizada até então, se retirou da competição, o que levou equipes e pilotos a criarem carrocerias idênticas entre si, porém totalmente diferentes dos então Opala utilizados até o re-ingresso da montadora norte-americana com a chegada dos modelos Omega. A história é longa e vale a pena ser pesquisada e lida, e seu maior expoente é a lenda-viva Ingo Hoffmann, dono de 61 pole-positions, 76 vitórias e 12 títulos de Campeão.
Em um país onde o correto parece ser o errado, com os exemplos negativos partindo do próprio governo, que deveria por princípio ser o maior exemplo de honestidade e transparência, uma sombra escurece um pouco o brilho da prova, uma vez que, nesta época de tudo se fotografa, filma ou grava e alguém, no pior momento, deixa alguma coisa transparecer, surgiram graves denúncias envolvendo comissários técnicos e desportivos da CBA – Confederação Brasileira de Automobilismo – onde, até que se prove o contrário, são apresentadas provas de atitudes inomináveis por parte destes profissionais, que alteraram resultados de diversas provas e, logicamente, de conquistas de campeonatos, prejudicando uns em favorecimento de outros. O que se espera é que tudo seja, o mais rápida e honestamente possível, investigado e trazido à público e que, se realmente a história toda se confirmar, que sejam punidos os responsáveis pelos atos e, se forem comprovadamente falsas, que sejam exemplarmente punidos os irresponsáveis que trouxeram tão grave assunto à tona.
Serão novamente 12 etapas compondo a temporada, percorrendo boa parte do país – percorreria mais se houvessem Autódromos mas, na contra-mão do mundo civilizado, o Brasil fecha e destróis os poucos que ainda sobrevivem, como é o caso do palco desta prova, o Autódromo Internacional de Curitiba, que será demolido em julho para transformar-se em algum conjunto residencial – com as transmissões televisivas ao vivo. Como já acontece há alguns anos, a etapa de abertura será atípica, uma vez que cada carro contará com uma dupla de pilotos, diferentemente do restante do campeonato, e o sistema de pontuação permanecerá o mesmo, cabendo 24 pontos ao 1º colocado, 20 pontos ao 2º, 18 para o 3º e 1 ponto a menos para cada posição, até o 20º colocado. A última etapa do ano, normalmente realizada em São Interlagos, São Paulo, recebe a pontuação em dobro. O último piloto a conquistar ali seu título foi Marcos Gomes, na temporada de 2015.
Os carros da temporada 2016 permanecem com as mesmas características anteriores, ou seja:
Motor 5,7 litros, V8 com 550 HP de potência a 6.000 rpm, injeção eletrônica, movido a etanol, acoplado a uma transmissão XTrac seqüencial acionada por paddle-shift com 6 velocidades e tração traseira. O chassi é idêntico, proveniente de um fornecedor único, do tipo tubular, com tubos de molibdênio, chapas de alumínio e revestimento antichama, envolto por uma carroceria construída em fibra de vidro e detalhes em fibra de carbono, simulando a aparência de modelos das marcas Chevrolet e Peugeot. As suspensões são independentes nas quatro rodas, com triângulos superiores e inferiores construídos em tubo de aço e barras estabilizadoras dianteiras e traseiras reguláveis de dentro do carro. A direção é tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica, os freios são a disco nas 4 rodas, com pinças com seis pistões na dianteira e quatro na traseira, e as rodas são de 10,5 x 18 polegadas, calçadas em pneus 305/600 R18. Com tanque de combustível com capacidade para 100 litros e todos os fluidos, o peso mínimo do carro é de 1.320 kg com o piloto a bordo vestindo macacão, luvas, sapatilhas e capacete, pesados ao final de cada prova com o que restou de combustível no tanque – e é obrigatório que sobre combustível para análise posterior, ou o carro será desclassificado.
Até o presente momento, as equipes para o campeonato regular desta temporada estão assim formadas (ordem numérica pelo menor número do carro por equipe):
Nº Piloto Equipe
#0 Cacá Bueno Red Bull Racing / Chevrolet
#29 Daniel Serra Red Bull Racing / Chevrolet
#3 Bia Figueiredo União Quimica Racing / Peugeot
#70 Diego Nunes União Quimica Racing / Peugeot
#4 Julio Campos C2 Axalta Team / Chevrolet
#83 Gabriel Casagrande C2 Axalta Team / Chevrolet
#5 Denis Navarro Geolab Racing / Chevrolet
#8 Rafael Suzuki Geolab Racing / Chevrolet
#6 Alceu Feldmann Mico´s Racing / Peugeot
#45 Fábio Carbone Mico´s Racing / Peugeot
#7 Thiago Marques RZ Motorsport / Chevrolet
#14 Luciano Burti RZ Motorsport / Chevrolet
#9 Guga Lima TMG Motorsport / Chevrolet
#77 Valdeno Brito TMG Motorsport / Chevrolet
#10 Ricardo Zonta Shell Racing / Chevrolet
#51 Atila Abreu Shell Racing / Chevrolet
#12 Lucas Foresti Full Time ProGp / Chevrolet
#66 Felipe Guimarães Full Time ProGp / Chevrolet
#18 Allam Khodair Full Time Sports / Chevrolet
#111 Rubens Barrichello Full Time Sports / Chevrolet
#21 Thiago Camilo Ipiranga RCM / Chevrolet
#28 Galid Osman Ipiranga RCM / Chevrolet
#26 Raphael Abbate Hot Car Competições / Chevrolet
#110 Felipe Lapenna Hot Car Competições / Chevrolet
#46 Victor Genz Eisenbahn Racing / Peugeot
#63 Nestor Girolami Eisenbahn Racing / Peugeot
#65 Max Wilson Eurofarma RC / Chevrolet
#90 Ricardo Maurício Eurofarma RC / Chevrolet
#73 Sérgio Jimenez Cavaleiro Sports
#74 Popó Bueno Cavaleiro Sports
#80 Marcos Gomes Voxx Racing
#88 Felipe Fraga Voxx Racing
Para esta prova diferenciada, as duplas estão assim formadas:
Nº Piloto Equipe
#0 Cacá Bueno / Ricardo Sperafico Red Bull Racing / Chevrolet
#29 Daniel Serra / Danilo Dirani Red Bull Racing / Chevrolet
#3 Bia Figueiredo / Beto Monteiro União Quimica Racing / Peugeot
#70 Diego Nunes / Dennis Dirani União Quimica Racing / Peugeot
#4 Julio Campos / Alan Hellmeister C2 Axalta Team / Chevrolet
#83 Gabriel Casagrande / Márcio Campos C2 Axalta Team / Chevrolet
#5 Denis Navarro / Felipe Maluhy Geolab Racing / Chevrolet
#8 Rafael Suzuki / Franco Vivian Geolab Racing / Chevrolet
#6 Alceu Feldmann / Tarso Marques Mico´s Racing / Peugeot
#45 Fábio Carbone / Vicente Orige Mico´s Racing / Peugeot
#7 Thiago Marques / César Ramos RZ Motorsport / Chevrolet
#14 Luciano Burti / Felipe Giaffone RZ Motorsport / Chevrolet
#9 Guga Lima / Tuka Rocha TMG Motorsport / Chevrolet
#77 Valdeno Brito / Maxime Martin TMG Motorsport / Chevrolet
#10 Ricardo Zonta / Laurens Vanthoor Shell Racing / Chevrolet
#51 Atila Abreu / Nelson Piquet Jr Shell Racing / Chevrolet
#12 Lucas Foresti / Luiz Razia Full Time ProGp / Chevrolet
#66 Felipe Guimarães / Duda Pamplona Full Time ProGp / Chevrolet
#18 Allam Khodair / Félix da Costa Full Time Sports / Chevrolet
#111 Rubens Barrichello / Augusto Farfus Jr Full Time Sports / Chevrolet
#21 Thiago Camilo / Lucas diGrassi Ipiranga RCM / Chevrolet
#28 Galid Osman / Damian Fineschi Ipiranga RCM / Chevrolet
#26 Raphael Abbate / Nicolas Costa Hot Car Competições / Chevrolet
#110 Felipe Lapenna / Marco Cozzi Hot Car Competições / Chevrolet
#46 Victor Genz / David Muffato Eisenbahn Racing / Peugeot
#63 Nestor Girolami / Franco Girolami Eisenbahn Racing / Peugeot
#65 Max Wilson / Vítor Meira Eurofarma RC / Chevrolet
#90 Ricardo Maurício / Guilherme Salas Eurofarma RC / Chevrolet
#73 Sérgio Jimenez / Beto Cavaleiro Cavaleiro Sports
#74 Popó Bueno / Norberto Gresse Cavaleiro Sports
#80 Marcos Gomes / Antônio Pizzônia Voxx Racing
#88 Felipe Fraga / Rodrigo Sperafico Voxx Racing
A Stock Car, por sua dinâmica, não costuma apresentar grandes surpresas em termos de resultados após os treinos classificatórios; o fato de os carros serem muito parecidos em termos de ajustes é um dos fatores que contribuem para que já se espere uma vida duríssima para quem largar da terceira ou quarta fila para trás, que terá de contar com fazer uma largada espetacular, quebras ou acidentes à frente e uma dose de sorte e estratégia da equipe quando do abastecimento etc. Nenhum carro construído as pressas ou de forma indevida é rápido o suficiente para quem quer que seja seu piloto fazê-lo acompanhar os carros bem nascidos e, obviamente, mais caros. Em uma corrida de duplas, onde a maioria dos convidados tem pouca ou nenhuma intimidade com esses carros, as coisas são ainda mais difíceis.
Porém, antes mesmo das tomadas de tempos oficiais, momento em que estou escrevendo esta matéria, é possível, sim, apontar alguns favoritos à vitória, evidentemente descontando fatores como furos de pneus, serem envolvidos em algum acidente ou quebras mecânicas.
Em minha modesta opinião, as duplas favoritas a levar o caneco para casa são (em ordem aleatória):
#4 – Julio Campos / Alan Hellmeister; #10 – Ricardo Zonta / Laurens Vanthoor; #51 – Atila Abreu / Nelson Piquet Jr; #111 – Rubens Barrichello / Augusto Farfus Jr; #21 – Thiago Camilo / Lucas diGrassi; #90 – Ricardo Maurício / Guilherme Salas e #80 – Marcos Gomes / Antônio Pizzônia. Não se trata de desmerecer tampouco desacreditar ninguém, é apenas uma questão de análise simples: os pilotos titulares são extremamente rápidos e contabilizam pole-positions e vitórias na categoria, e seus convidados são extremamente rápidos e disputam, em seus países ou categorias de origem, campeonatos em carros de Turismo, muito diferente dos carros de Fórmula ou dos Trucks. E o Autódromo de Curitiba tem a conhecidíssima e “seletora” chicane no final da reta principal, onde todos desafiam as leis da física e a maioria descobre que sim, elas existem!
O grid de largada para a corrida deste domingo ficou assim:
1º – Ricardo Mauricio / Guilherme Salas – Eurofarma RC
2º – Rubens Barrichello / Augusto Farfus – Full Time Sports
3º – Thiago Camilo / Lucas di Grassi – Ipiranga-RCM
4º – Max Wilson / Vitor Meira – Eurofarma RC
5º – Marcos Gomes / Antonio Pizzonia – Voxx Racing Team
6º – Allam Khodair / Antonio Felix da Costa – Full Time Sports
7º – Daniel Serra / Danilo Dirani – Red Bull Racing
8º – Diego Nunes / Dennis Dirani – União Química Racing
9º – Ricardo Zonta / Laurens Vanthoor – Shell Racing
10º – Felipe Fraga / Rodrigo Sperafico – Voxx Racing Team
11º – Valdeno Brito / Maxime Martin – TMG Motorsport
12º – Cacá Bueno / Ricardo Sperafico – Red Bull Racing
13º – Bia Figueiredo / Beto Monteiro – União Química Racing
14º – Bebu Girolami / Franco Girolami – Eisenbahn Racing Team
15º – Lucas Foresti / Luiz Razia – Full Time ProGP
16º – Galid Osman / Damián Fineschi – Ipiranga-RCM
17º – Guga Lima / Tuka Rocha – TMG Motorsport
18º – Vitor Genz / David Muffato – Eisenbahn Racing Team
19º – Denis Navarro / Felipe Maluhy – Geolab Racing
20º – Rafael Suzuki / Franco Vivian – Geolab Racing
21º – Thiago Marques / Cesar Ramos – Klar RZ Motorsport
22º – Gabriel Casagrande / Márcio Campos – C2 Team
23º – Júlio Campos / Alan Hellmeister – C2 Team
24º – Felipe Guimarães / Duda Pamplona – Full Time ProGP
25º – Popó Bueno / Betinho Gresse – Cavaleiro Sports
26º – Felipe Lapenna / Marco Cozzi – Hot Car Competições
27º – Alceu Feldmann / Tarso Marques – Mico´s Racing
28º – Fabio Carbone / Vicente Orige – Mico´s Racing
29º – Raphael Abbate / Nicolas Costa – Hot Car Competições
30º – Luciano Burti / Felipe Giaffone – Klar RZ Motorsport
31º – Beto Cavaleiro / Sergio Jimenez – Cavaleiro Sports
32º – Átila Abreu / Nelsinho Piquet – Shell Racing
A prova terá sua largada as 12:20 deste domingo, com a duração de 65 minutos + 1 volta e transmissão ao vivo pelos canais SporTv.