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O que as líderes dizem sobre a mobilidade elétrica?

Foto: Divulgação / Mitisubishi i-Miev

Apesar dos esforços de vários países para o desenvolvimento da mobilidade elétrica, o seu progresso tem sido lento. A crise financeira na Europa, por exemplo, foi uma ducha de água fria nas pretensões do bloco europeu em expandir a participação dos veículos elétricos rapidamente na região.

Portugal, que há dois anos atrás investiu enormemente para transformar Lisboa em uma cidade avançada em termos de mobilidade elétrica, recuou e os investimentos minguaram. O governo português em seu novo mandato, muito embora tenha acabado de divulgar incentivos aos veículos elétricos no Diário da República do dia 01/08/2012, parece não tratar mais o assunto como prioritário e ninguém arrisca um palpite sobre o que deve acontecer com os projetos de VEs no futuro.

A Inglaterra por sua vez, continua investindo para fazer da mobilidade elétrica uma opção para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e reduzir a emissão de poluentes no centro de Londres. Porém, para quem pretende se tornar a capital europeia dos veículos elétricos, mostrou muito pouco em termos de VEs diante de um mega evento, como é o caso dos Jogos Olímpicos de 2012.

A indústria automobilística, especialmente na Europa, Estados Unidos, Israel, Austrália entre outros, continua investindo e dando sinais de que pretendem fazer da mobilidade elétrica um caminho próspero. Prova disso, é acrescente presença dos modelos de VEs expostos nos principais salões internacionais de automóveis.

Na ausência de uma visão cristalina do futuro dos VEs, há quem aposte que sua evolução virá por etapas. Paulo da Luz Costa, gerente de tecnologia da Petrobrás, com quem eu conversei na última semana, prevê que os motores à combustão irão desenvolver enormemente e, antes dos carros elétricos, os híbridos entrarão em cena e garantirão por mais algumas décadas o sucesso do motor à combustão.

Uma nova tecnologia tem tempo de maturação de cinco anos em média. Levando-se em conta que no Brasil os híbridos estão em fase incipiente, eles ganharão ou não a preferência do consumidor em 2017. Depois disso, seria a vez dos elétricos, que por volta de 2025alcancarão o seu ponto de maturação”, prevê Costa.

A Petrobrás mantém um posto de carregamento para veículos elétricos na Av. das Américas, 2757, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Como a cidade não possui carros elétricos em circulação, o posto atende basicamente scooters e motonetas que são comuns nos condomínios da redondeza, afirma Costa.

O consumidor dos dias atuais valoriza muito o tempo, de forma que ficar horas em um posto aguardando enquanto o carro carrega as baterias seria inviável. Só o tempo dirá, mas pelo que estamos notando o consumidor deverá recarregar as baterias do carro a noite em casa e os postos atenderão casos de emergência”, diz Costa.

Para ele,investir em tecnologia de carregamento rápido, os chamados “Quick Charge” ainda é muito caro para os padrões brasileiros. Portanto, ter postos em locais estratégicos como aeroportos e algumas outras áreas, poderia até ser viável para atender, por exemplo, as cooperativas de taxi, mas pensar em instalá-los em vários pontos da cidade seria inviável economicamente, garante Costa que está testando o modelo elétrico i-Miev da Mitsubishi.

Para Philipp Walser,presidente da associação de mobilidade elétrica (e’mobile) da suíça, que gentilmente conversou conosco, os veículos elétricos atualmente são adequados para atender a demanda das frotas das empresas ou para servir como segundo ou terceiro carro das famílias.Ele considera a tecnologia das baterias, a eletricidade produzida por fontes renováveis e aceitação das pessoas, os maiores desafios da mobilidade elétrica.

Walser considera que o desenvolvimento tecnológico do veículo elétrico requer volumosos suportes financeiros. Neste contexto, o agravamento da crise financeira europeia poderá desviar o foco para solucionar problemas emergenciais e atrasar a produção e massa dos VEs. No entanto, passamos do “point of no return”, ou seja, o mundo entendeu que precisamos ter alternativas para combustíveis fósseis, conclui Walser.

Conversando com outras lideranças envolvidas com a mobilidade elétrica, como é o caso do presidente da BMW Brasil, Henning Dornbusch e do assessor de Mobilidade Elétrica e Sustentável da Itaipu Binacional, Celso Novais, uma coisa parece unânime: atualmente, há muito mais consciência ecológica do que há algumas décadas atrás. Neste contexto, os produtos “verdes” com preços competitivos, pelo que tudo indica, irão a cada dia mais, mobilizar o interesse do consumidor, especialmente daqueles que vivem nos países desenvolvidos.

Pense nisso e ótima semana,

Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
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