Muito Além de Rodas e Motores | José Carlos Pace recebe homenagem em Interlagos
No último dia 23 de agosto, o ex-piloto brasileiro, José Carlos Pace, foi homenageado, desta vez em solenidade com a importante participação do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que se uniu a familiares, dirigentes de entidades automobilísticas, outros pilotos, amigos e fãs do esporte das corridas de automóveis.
A homenagem ocorreu pela ideia do esportista Paulo ‘Loco” Figueiredo, amante de carros, amigo de pilotos e dono de um invejável dinamismo e brilhante personagem, muito querido e respeitado pela comunidade automobilística. Ricardo Caruso jornalista especializado em automobilismo trabalhou junto a Paulo Figueiredo.
Durante a solenidade, o prefeito Ricardo Nunes e o diretor do autódromo, Marcelo Pinto, além de autorizarem a transferência dos restos mortais de José Carlos Pace para o autódromo prestaram apoio fundamental, assim como o presidente da CBA, Giovanni Guerra, e Dener Pires, CEO do Porsche Club. Todos cumprimentaram Elda, ex-esposa de Pace, a filha Patrícia e o filho Rodrigo.
Na cerimônia, organizada pela Comissão Nacional de Carros Clássicos, da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), o Ricardo Nunes declarou que, agora, o Brasil conta com o único autódromo do mundo onde um piloto está sepultado no jardim e também é homenageado com um busto, o que torna o lugar ainda mais simbólico para a história do automobilismo nacional.
Um dos mais emocionantes momentos do evento foi a carreata com automóveis com uma volta pela pista, com muitos pilotos e diretores da CBA, como Fábio Greco e Sérgio Berti, diretor do CTDN (Conselho Técnico Desportivo Nacional), além de fãs de corridas e liderada por Rodrigo, filho de José Carlos Pace.
Famosos pilotos, entre os quais, Alex Dias Ribeiro, Paulo Gomes, Francisco Lameirão e outros colegas e fãs de José Carlos Pace, participaram do desfile, e, no final, Rodrigo carregou a urna de seu pai até o busto, construído num jardim do autódromo.
José Carlos Pace teve atuações brilhantes, no Brasil e em vários países onde competiu, com vitórias e desempenho vibrante, sempre reconhecidas pelos mestres de corridas.
Foi um dos integrantes da fase de ouro do automobilismo brasileiro, defensor da equipe Willys, que reuniu alguns dos melhores pilotos brasileiros e no início dos anos de 1970 seguiu o caminho de Emerson Fittipaldi, em busca das corridas internacionais.
Depois de vencer o Grande Prêmio de Ímola, na Itália e ganhar o título europeu da categoria, foi convidado pela Ferrari para defender a marca no Campeonato Mundial da carros Esporte-Protótipo e foi o primeiro brasileiro a ser o vice-campeão da famosa corrida 24 Horas de Le Mans, ao lado do italiano Arturo Merzario, pilotando uma Ferrari 312 PB.
José Carlos Pace era um guerreiro nas pistas, mas fora delas tinha momentos tranquilos e apreciava se divertir com os amigos. Na época em que era piloto da Ferrari na categoria Esporte-Protótipo viajamos para a Europa com o propósito de acompanhá-lo no Grande Prêmio da Espanha, em Barcelona, com passagem pela Itália para uma reunião com a equipe da Ferrari. Para mim, foi motivo de comemoração. Imaginem visitar o ninho da Ferrari com seus tradicionais carros na cor vermelha e a grande história que construiu no mundo.
Dois dias depois, o nosso destino era Barcelona, onde José Carlos Pace disputaria o Grande Prêmio da Espanha. Mas na hora de sairmos para o aeroporto, o José Carlos Pace não apareceu.
E nos dirigimos para o aeroporto preocupados. Mas quando a tripulação trabalhava para fechar a porta de embarque, o Pace apareceu acompanhado de uma aeromoça e, ao se acomodar na poltrona, fez uma gozação com os amigos: “Vocês são afobados. Não estamos todos juntos e tranquilos?”
No final da temporada, ao regressar ao Brasil me deu como presente um dos macacões que usou na temporada e que está guardado com muito carinho por meu filho, José Carlos.
Ao ser contratado pela Ferrari e comentar a alegria de participar da corrida 24 Horas de Le Mans, escrevi no Jornal da Tarde que ele estava feliz. Nesse mesmo dia ele ligou pada mim e disse: “Você já imaginou pilotar uma Ferrari a 300 quilômetros por hora e ter que desviar de carros mais lentos na pista”.
Na Fórmula 1, não teve a sorte de defender equipes com carros vencedores porque as que o convidaram estavam sem recursos financeiros necessários, estrutura ou organização para lhe dar o apoio que o fizesse campeão. Assim mesmo, foi considerado um dos quatro melhores do mundo, junto com Emerson Fittipaldi, o escocês Jackie Stewart e o sueco Ronnie Peterson.
Na equipe Williams pela qual estreou na Fórmula 1, em 1972, que na época utilizava carros March da temporada anterior, Pace pontuou duas vezes. No ano seguinte, pilotando um Surtees-Ford, superou por cinco vezes a volta mais rápida do Grande Prêmio da Alemanha, no difícil e longo circuito de Nurburgring, e no ano em que morreu era considerado um dos favoritos ao título, mas a equipe que o contratou, a Brabham, não tinha carro de ponta, apesar de uma forte tradição histórica.
Entre as suas principais vitórias no Brasil, destaca-se na prova 25 horas de Interlagos, em 1975, com Ford Maverick, ao lado de Paulo Gomes e Bob Sharp.
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Crédito das demais imagens: Divulgação Esportes Motor/Divulgação Getty Images/Divulgação f1templo.com – [email protected]