Coluna Mecânica Online | Os segredos mecânicos do Renault Kwid
Um dos carros mais badalado em 2017, o Renault Kwid chega oferecendo o que muitos prometeram e não fizeram: ser compacto, ágil, econômico, barato e ainda por cima, ter estilo. Ter o menor preço é o primeiro passo para se destacar no segmento de entrada. Depois o cliente procura um carro bonito. Você bem sabe como é o brasileiro na hora de escolher um produto: bom, bonito e barato.
Quais os segredos mecânicos que fizeram do Renault Kwid ser tão falado nos últimos dias? Acompanhamos de perto o lançamento e conversamos com o time de engenharia e desenvolvimento de produtos da Renault para descobrir os detalhes que fazem a diferença a favor e contra o SUV dos compactos.
Plataforma CMF-A – Primeiro Renault desenvolvido sobre a plataforma da aliança Renault-Nissan, foi totalmente refeito quando comparado com a versão vendida na Índia, contendo cerca de 80% de novas peças para o nosso mercado. A estrutura conta com 30% de aços reforçados. Considerando os adicionais de itens de isolamento acústico e os quatro airbags de série, o peso médio final entre as três versões ficou em 775 kg.
Custo de produção – Levou a melhor quem cobrou menos! Uma equipe independente da Renault do Brasil negociou diretamente com os fornecedores para evitar favorecimentos. Apesar de ser montado no Paraná 40% dos componentes são trazidos da Índia, onde o modelo é vendido desde o ano passado. Mesmo com o custo de transporte, logística, cotação do dólar desfavorável e imposto aduaneiro de 30%, é mais barato comprar lotes e mais lotes de componentes do país asiático.
Características de SUV? O Kwid se apresenta como o SUV dos compactos, apesar de ser 3 cm menor que o Volkswagen Up! (147 cm x 150 cm), mas ele possui ângulo de entrada de 24º, superior aos modelos Nissan Kicks (20º) e Jeep Renegade Sport (21º). Seu ângulo de saída é de 40º e supera o irmão mais velho Renault Duster (35º) e Hyundai Creta (28º). O vão livre de 18 cm aproxima-se de SUVs como p Ford EcoSport (19 cm) e Suzuki Vitara (18,5 cm). Apesar do tamanho reduzido, o pequeno realmente quer enfrentar os gigantes.
Comportamento dinâmico – Mesmo no intenso trânsito de São Paulo não sentimentos falta da relação entre potência e torque na dirigibilidade do Kwid. Seu motor 1.0 litro com 12 válvulas, produz 70/66 cavalos de potência a 5.500 rpm e 9,8/9,4 mkgf de torque a 4.250 rpm. É a mesma motorização aplicada no Sandero (82/79 cv e 10,2/10,5 mkgf), mas sem comando de válvulas variável, reduzindo os custos e a potência em 12/13 cavalos. No consumo alcançamos média de 14,6 km/l na cidade.
A Renault divulga como média na cidade, o consumo de 14,9 km/l com gasolina e 10,3 km/l com etanol. Na estrada, 15,6 km/l com gasolina e 10,8 km/l com etanol. E no uso misto, os números são 15,2 km/l com gasolina e 10,5 km/l com etanol.
O bom comportamento dinâmico do Kwid está na relação entre peso e potência. Considerando as melhores condições, temos 775 kg de peso e potência de 70 CV, ou seja, uma relação peso potência 11,1 kg/CV, o que passa a sensação de leveza na condução do veículo, combinando com a direção e sua assistência elétrica.
A corrente de distribuição no lugar da correia proporciona um baixo custo de manutenção.
Mesmo sendo o mais econômico do país, um item importante dá uma ajuda extra para o motorista conseguir ainda mais economia ao rodar. Além do indicador de troca de marchas (GSI) no quadro de instrumentos, de série em todas em as versões, o Kwid traz um indicador de estilo de condução, também no quadro de instrumentos abaixo do velocímetro, que por meio de uma barra com três cores (verde, amarelo e laranja) mostra se o motorista está tendo uma maior eficiência ou não.
Na versão Intense com o Pack Connect, existe ainda os programas Eco Scoring e Eco Coaching na central multimídia Media NAV e avalia por meio de pontuação, dando sugestões para uma forma de condução mais econômica.
Segurança – Com mais de 200 mil horas de desenvolvimento, 35 crash-tests e 1 milhão de quilômetros de rodagem de validação em diferentes condições de uso, o Kwid contou com uma equipe de 290 pessoas inteiramente dedicada ao seu desenvolvimento no Brasil.
Em todas as versões, o modelo traz de série dois airbags frontais e dois laterais, inéditos no segmento dos compactos, além de duas fixações Isofix para cadeirinhas infantis, item fundamental para a segurança das crianças. Também é de série os alertas visual e sonoro, além do pré-tensionador dos cintos de segurança dianteiros.
Os airbags laterais são embutidos dentro da estrutura dos bancos, item exclusivo no segmento (Mobi e Up! não oferecem nem como opcional) e ainda raro em modelos mais caros.
O Fiat Mobi, um dos principais rivais do Kwid, não oferece ISOFIX nem como opcional – apesar de disponibilizar o equipamento nas versões vendidas na Argentina. Outros carros de segmento superior, como Renault Sandero e Citroën Aircross, também não possuem esse tipo de fixação. A partir de 2018 os novos projetos deverão ter obrigatoriamente o ISOFIX – em 2020, ele passa a ser obrigatório para todos os carros à venda.
Manutenção – O Kwid oferece os mesmos três anos de garantia de toda a linha Renault.
O Kwid tem três versões de acabamento: Life, Zen e Intense, nas opções de cores Orange Ocre, Branco Marfim, Vermelho Fogo, Branco Neige, Prata Étoile e Preto Nacré.
Diferença entre as versões – Além dos equipamentos, a diferença para as demais versões está nos padrões dos revestimentos. O acabamento de painel e laterais das portas é sempre de plástico duro. Na versão Intense temos detalhes como o preto brilhante no painel.
Versão Life – R$ 29.990 – Principais itens de série: rodas 14”, dois airbags laterais, dois airbags frontais, dois Isofix, predisposição para rádio e indicadores de troca de marcha e de condução.
Versão Zen + rádio – R$ 35.390 – Principais itens de série: direção elétrica, ar-condicionado, travas e vidros dianteiros elétricos, rádio com Bluetooth e entradas USB e AUX
Versão Intense + Pack Connect – R$ 39.990 – Principais itens de série: retrovisores elétricos, faróis de neblina cromados, Media NAV 2.0 com câmera de ré, abertura elétrica do porta-malas, rodas Flexwheel e chave dobrável. Além de diferentes detalhes de acabamento externo e interno.
Economia de componentes e materiais
Limpador de para-brisa único – Possui mecanismo pantográfico que amplia a área de cobertura da palheta e reduz a velocidade da sua extremidade – evitando a onda de água para o exterior do veículo. Essa mesma característica também está presente no Toyota Etios.
Sem ajuste de altura para o banco do motorista – Regulagem única que pode influenciar na ergonomia.
Sem luz interna no porta-malas – Fator de economia. Ainda assim, disponibiliza preparação para o som.
Nada de limpador e lavador do vidro traseiro – Pelo menos vem de série com desembaçador elétrico, item essencial em dias de chuva.
Rotação – Conta-giros (tacômetro) apenas na versão Intense.
Abertura interna do porta-malas e câmera de ré – Mais facilidade na condução e também em dias de chuva.
Cinto de segurança com regulagem de altura – A regulagem de altura do cinto não existe em nenhuma versão do rival Up! (Divulgação/Renault)
Bancos dianteiros são inteiriços – Os encostos dos bancos dianteiros são inteiriços – ou seja, o encosto de cabeça faz parte do encosto do banco. Com a quantidade menor de peças, o custo de produção também diminui. Fiat Mobi e Volkswagen Up!, também utilizam a mesma estratégia.
Indicador do modo de condução – Sinalização em cores – verde, amarela e vermelha – sinalizando como o motorista está dirigindo.
Central Multimídia – Chamada de MediaNAV, possui tela resistiva, mas está longe de ser a mais moderna do mercado. É uma alternativa atraente no segmento. Quando observamos um modelo de segmento superior, como é o caso do Ford Ka e Ka+, nenhuma versão do modelo oferece esse equipamento cada vez mais requisitado.
Direção com assistência elétrica só a partir da versão intermediária ZEN – Leve e precisa, a direção passa a sensação de mobilidade e facilidade na condução do Kwid, característica esperada para modelos com esse propósito.
Fixação da roda com apenas três parafusos – Não há qualquer impedimento legal ou mesmo técnico com esta utilização, apenas redução de custos. São quatro parafusos a menos em cada carro. Lembra do Ford Corcel? Depois dele, mais recentemente, o Smart ForTwo também aplicava essa solução.
Espaçoso – Com o banco do motorista ajustado para uma pessoa com altura de 1,70 m, outra pessoa com a mesma altura consegue se acomodar de forma confortável no banco traseiro. 290 litros de capacidade no porta-malas é excelente para as dimensões do Kwid. No Fiat Mobi temos apenas 235 litros, com distribuição mais vertical. No Volkswagen Up! São 285 litros. Com banco rebatível chega até 1.100 litros.
O Renault Kwid tem 3,68 m de comprimento, 1,59 m de largura, 1,47 m de altura e 2,42 m de entre-eixos, com porta-malas de 290 l. Em comparação com o VW Up!, é 1 cm mais curto, 5 cm mais estreito, 3 cm mais baixo e tem o mesmo entre-eixos, com porta-malas 5 l maior. O Kwid tem altura livre do solo de 18 cm, contra 16 cm do Volkswagen. Para comparação dentro de casa, o Sandero Stepway tem 18,5 cm e o Duster, 21 cm de vão livre.
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Tarcisio Dias é profissional e técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecânico com habilitação em Mecatrônica e Radialista, desenvolve o site Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) que apresenta o único centro de treinamento online sobre mecânica na internet (www.cursosmecanicaonline.com.br), uma oportunidade para entender como as novas tecnologias são úteis para os automóveis cada vez mais eficientes.
Coluna Mecânica Online® – Aborda aspectos de manutenção, tecnologias e inovações mecânicas nos transportes em geral. Menção honrosa na categoria internet do 7º Prêmio SAE Brasil de Jornalismo, promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Distribuída gratuitamente todos os dias 10, 20 e 30 do mês.
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