Desde que começou a produzir motocicletas no Brasil, em 1976, a Honda buscou conciliar de forma inflexível os preceitos de qualidade máxima e emprego de alta tecnologia que estão embrenhados em seu DNA. Não seria possível seguir tais premissas no produto final produzido na fábrica de Manaus, AM, sem que as instalações industriais adotassem o padrão das fábricas Honda instaladas mundo afora, seja na América do Norte, Europa e Ásia, Japão incluso.
Pioneira da indústria motociclística manauara, a Honda sabia que produzir ali significaria não poder contar com uma rede de fornecedores locais estruturada, capaz de atendê-la. A solução foi verticalizar fortemente a produção, ou seja, fazer dentro das próprias instalações a maioria dos componentes necessários à produção. Tal decisão exigiu um grande investimento e empenho industrial, grandioso esforço que, em contrapartida, garantiu controle absoluto no processo de produção e qualidade final do produto. O tradicional rigor aplicado ao controle de componentes fornecidos por terceiros se somou ao padrão de excelência da engenharia Honda, e desta maneira a qualidade final dos componentes atingiu a excelência. A verticalização é, até hoje, mais do que uma característica, um diferencial exclusivo da fábrica da Honda em Manaus.
Adotar como premissa a total adequação do produto às condições locais foi outra decisão imediata da Honda brasileira, o que explica boa parte do imediato sucesso da Honda CG 125, o modelo pioneiro que desde seu lançamento conquistou a preferência dos brasileiros. Assim que chegou às revendas, a CG 125 “made in Manaus” suscitou surpresa por superar as especificações da Honda CB 125S “made in Japan” vendida no Brasil antes da fabricação da CG 125. De fato, às qualidades dinâmicas do modelo japonês foi acrescida uma robustez que daria à pequena Honda nacional uma fama de solidez incomparável.
Um termo define o padrão das motos fabricadas na Honda em Manaus entre os homens de “chão de fábrica” da empresa: “overquality”, o que significa que os produtos feitos na planta situada na região norte do Brasil tem especificações que, em muitos itens, supera o já altíssimo padrão da Honda mundial. Habituados ao esquema de “job rotation”, o que os faz ciclicamente serem transferidos de uma unidade fabril da Honda para outra, muitas vezes em continentes distantes, tal experiência expõe engenheiros, técnicos e gestores à comprovação da qualidade superior das motocicletas que saem das linhas de montagem de Manaus.
As características do Brasil, país de dimensões continentais e onde em algumas regiões as rodovias tem um padrão europeu de qualidade enquanto em outras nem rodovias existem, é a razão deste cuidado com a alta qualidade do que é produzido em Manaus. Outra razão é o modo de pilotar dos brasileiros, que tende a exigir do equipamento o máximo, seja em performance como em durabilidade, o que é resumido em outra frase muito ouvida entre os profissionais da Honda para definir as condições específicas do Brasil: “a velocidade da Europa nas estradas da Índia…”.
A opção obrigada de produzir com qualidade acima das especificações para um mercado em formação, e com condições difíceis – tanto no que diz respeito ao aspecto produtivo como quanto ao modo de utilização – não desviou o foco da Honda de sua vocação tecnológica. A comprovação veio em 1981, quando a Honda brasileira apresentou a primeira moto movida a álcool do mundo, uma CG 125, cujo desenvolvimento premiou mudanças de caráter técnico para que o uso do combustível vegetal não afetasse durabilidade ou eficiência.
No final da década de 1980, surgia outra exclusividade criada pela engenharia da Honda especificamente para o Brasil, a CBR 450SR. A esportiva de beleza atemporal, com design que impressiona até hoje e atributos técnicos de destaque, foi concebida em um momento no qual a importação de veículos estava proibida no Brasil. Seu motor derivava daquela que é considerada a primeira moto de grande cilindrada construída no Brasil, a Honda CB 400, lançada em 1979, e que foi levado a 450 em 1983. Porém, o destaque da CBR 450SR era seu comportamento dinâmico excepcional, obtido através de uma parte ciclística inovadora, na qual o moderno chassi tipo Diamond realizado em tubos de perfil retangular e quadrado era destaque.
No entanto entre todas as Honda projetadas pensando nas preferências dos brasileiros, a de maior sucesso foi de fato a Biz. Lançada em 1998 e em produção até hoje, a Biz foi fruto da genialidade de um grupo de técnicos do HRB – Honda Research Brasil – que resultou em um modelo que conseguiu algo até então impensável: dotar um clássico modelo da categoria CUB de um compartimento sob o banco para abrigar capacete ou pequenos objetos como bolsa, mochila ou pequenas compras.
Esta “reinvenção” do conceito CUB pode ser considerada como a mais perfeita adequação de um produto a necessidades locais, sucesso confirmado pela produção contínua com mínimas alterações técnicas e estéticas há mais de duas décadas e excelentes vendas: 3,44 milhões de exemplares vendidos de abril de 1998 até junho de 2020.
Em 2009, outra inovação tecnológica com a assinatura da Honda brasileira foi apresentada, a Honda CG 150 Mix, a primeira moto bicombustível do planeta, capaz de rodar tanto com etanol quanto com gasolina, em qualquer proporção.
Tais inovações técnicas são apenas alguns exemplos do trabalho desenvolvido pela Honda nestas mais de quatro décadas de atividade industrial no Brasil, nos quais alcançou a incrível marca de 25 milhões de motocicletas produzidas na fábrica de Manaus, onde a qualidade e alta tecnologia seguem fielmente as premissas que tornaram a empresa a líder brasileira e mundial na fabricação de motocicletas.
Fonte: Honda do Brasil