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FSO Syrena o Polonês que deu certo

Fotos: Divulgação

Um pequeno país, com pouco mais de 300 mil quilômetros quadrados de extensão (cabe, com folga, dentro do estado de Rondônia), uma população atual de aproximadamente 38 milhões de pessoas (bem menos do que no estado de São Paulo), encravado entre a República Tcheca, Eslováquia, Ucrânia, Belarus, Kaliningrad, Lituânia e Alemanha, banhado pelo temido Mar Báltico. Hoje, dividido em 16 subdivisões administrativas, é o 71° maior país do mundo, o 9° da Europa, e o 34° mais populoso do mundo, e tornou-se recentemente o 6° membro da União Européia, assim que conseguiu livrar-se definitivamente do jugo comunista soviético.

Esta é a República da Polônia, oficialmente Rzeczpospolita Polska, que desde sua fundação em 1025 escreveu uma das mais duras, sangrentas e sofridas histórias da humanidade. Seu território foi tomado pela Prússia, Áustria e Império Russo e posteriormente recuperado, a um custo de milhares de vidas. Duas décadas mais tarde, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas de Josef Stálin não estava nada contente com o fato de a Polônia não pertencer aos seus territórios dominados, e os russos começaram a movimentar sistematicamente seus pogroms contra judeus, protestantes, eslavos e outras minorias étnicas da Europa, principalmente contra a Polônia. Em 1939, como parte do pacto Molotov-Ribbentrop, a Rússia entregou o país inteiro de presente para a Alemanha Nazista, que se encarregou de exterminar mais de seis milhões de poloneses. Finda a 2ª Guerra, um fraudulento governo provisório elevou o país a República Popular da Polônia, um estado-satélite da União Soviética.

O programa iniciado por Leszek Balcerowicz, no início de 1990, permitiu ao país transformar sua economia  socialista em uma economia de mercado, com o sofrendo uma queda social e econômica temporária em normas sociais e econômicas, sendo o primeiro país pós-comunista a atingir altosníveis de PIB graças a expansão da sua economia. Com a conquista dos direitos humanos, liberdade de expressão, liberdades civis e direitos políticos, em 1999, o país juntou-se a aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aderiram à União Europeia em 2003 e hoje é conhecida como a Fortaleza da Europa, impossibilitando inclusive entrada na União Européia dos cidadãos da antiga União Soviética.

Mas… se este site fala de carros, motos, motores, automobilismo e tecnologia, porque esta resumida história sobre um povo que vive tão longe e em nada – ou quase nada – tem a ver com a indústria automobilística que conhecemos no Brasil? Simples: Porque é um povo que se reinventou inúmeras vezes e, dentro de todas as absurdas, arbitrárias e ridículas imposições soviéticas, conseguiu criar sua própria  indústria automobilística, parte considerável de sua  economia, representando cerca de 11% de sua produção industrial e é um dos maiores produtores de automóveis de passageiros na Europa Central e Oriental.

O CWS – Centralne Warsztaty Samodochodowe, Fábrica Central de Automóveis – foi o primeiro fabricante polonês de automóveis e motocicletas. Entre os projetos mais notáveis figuam o CWS T-1 (o primeiro carro polonês a ser construído em série), o T-2 e o T-8 limousines, bem como a série de motocicleta extremamente bem sucedido Sokół. Em 1928 a empresa foi parcialmente nacionalizado, mas continuou a usar o nome CWS.

Em 1980, a República Popular da Polônia produziu cerca de 400 mil veículos, sendo os mais conhecidos o Warszawa, o Syrena e o Polski Fiat 126p. Atualmente, gigantes do setor mantém presença significativa no país, como a Fiat, Opel, Toyota, Volkswagen, MAN Nutzfahrzeuge, Solaris, Volvo e Scania. Suas linhas de montagem produzem os modelos Opel Astra III e IV, Fiat Panda e Fiat 500, Lancia Ypsilon, o Ford Ka e Focus, Chevrolet Aveo, Skoda Octavia e Rapid, Volkswagen Passat e Volkswagen Tiguan.

O mais emblemático, forte, resistente e praticamente indestrutível automóvel totalmente projetado e construído pela indústria polonesa é o simpático FSO Syrena. Eu disse simpático, não disse bonito, embora suas linhas, para a época e região da Europa, eram bastante atraentes. Inicialmente produzido pela FSO – Fabryka Samochodów Osobowych na capital Varsóvia, o Syrena teve sua planta transferida para as instalações da FSM – Fabryka Samochodów Małolitrażowych para o sul, em Bielsko-Biala, na Silésia. Um volume de 177.234 automóveis foram produzidos pela FSO, enquanto a FSM foi a responsável pela construção de 344.077 unidades, resultando em um total de 521.311 Syrena nos modelos 100,101, 102, 103, 104 e 105, o mais popular, todos aparentemente idênticos: sedans de 2 portas com motores de dois cilindros e dois tempos até 1965, quando o Syrena recebeu um motor de 3 cilindros. Uma station-wagon Syrena Bosto e uma pick-up R20 também foram produzidas, sem nenhum sucesso, assim como um modelo coupé esportivo, e o hatchback Syrena 110 não saíram da prancheta.

A princípio, os engenheiros poloneses projetaram o Syrena com um motor 4 tempos, refrigerado a ar, chassi resistente e carroceria metálica. Devido à falta de metal para estampar e reduções de custo, os primeiros Syrena 100 foram construídos por Stanislaw Panczakiewicz com uma carroceria de madeira coberta com couro artificial, movidos por motores de 2 tempos projetados pelo engenheiro Fryderyk Bluemke. Por seu lado, Stanislaw Lukaszewicz construiu sua versão do Syrena 100 com estrutura em aço estampado. A FSO juntou os dois e lançou o carro com a lataria em aço e o teto em madeira, sendo esta parte também substituída por metal. Em 20 de março de 1957 a produção em massa de Syrena 100 teve início.

Syrena 100 – Projetado pelos engenheiros Stanislaw Lukasiewicz, Stanislaw Panczakiewicz e Fryderyk Bluemke, foi apresentado ao público em Junho de 1955 na XXIV Poznań Trade Fair. O carro de 3 cilindros e 700cc, 2 portas, com 4,030mm de comprimento, 1,530mm de largura e 1,520mm de altura despertou muito interesse, o que levou o governo a colocá-lo em produção, numa taxa de produção de 10 mil carros por ano. Devido a razões financeiras, isso não aconteceu.

Syrena 101 – Em 1960 o Syrena passou por uma primeira e pequena modernização. O carro melhorou, tinha uma bomba de combustível pneumático e um tipo diferente de carburador, além de suspensões melhores e receber limpadores de pára-brisas!

Syrena 102 – Produzido entre 1962 e 1963, o modelo teve algumas mudanças na carroceria. A versão S utilizava um motor alemão Wartburg 312, dois tempos com 3 cilindros, 800cc e apenas sete peças móveis. Cerca de 150 Syrena 102S foram produzidos.
Syrena 103 – Entre 1963 e 1966, o modelo teve a frente reestilizada e um motor diferente com 900cc.
Syrena 104 – A próxima versão do modelo durou de 1966 a 1972. Tinha um novo motor de três cilindros, uma caixa de velocidades sincronizadas e luzes traseiras reestilizadas.

Syrena 105 – O 105 foi montado em duas fábricas – na FSO em 1972), e no FSM de 1972 a 1983, com a diferença que estes tinham as portas dianteiras regulares em vez das portas suicídas das versões anteriores. A versão Lux, produzida a partir de 1974, tinha a alavanca de velocidades e o freio de mão instalados entre os bancos dianteiros!

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