Olá amigos, assumi o desafio de tecer comentários sobre a temporada 2016 de F1 para os nossos queridos leitores. Estarei aqui todas as segundas-feiras pós-corrida para um resumo descontraído e detalhado sobre a corrida mais recente. Junto ao resumo, manterei um ranking que chamarei de “expectativa de sucesso na temporada” (na forma compacta EST) ao final de cada texto, e será atualizado de acordo com a performance das equipes ao longo do campeonato.
Como funciona o ranking “EST”? Farei esse material com base na performance da equipe na corrida anterior ao texto, e no caso do texto de hoje, irei preparar com base no desempenho de cada equipe em 2015, bem como atualizarei o material de acordo com a apresentação dos carros da nova temporada e também de acordo com os testes que ainda irão se iniciar. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
Equipe: Mercedes AMG Petronas F1 Team/ Carro: W07/ Propulsor: Mercedes/ Pilotos: Lewis Hamilton e Nico Rosberg/ EST: 9 de 10
A Mercedes dominou as últimas duas temporadas de F1 de forma espetacular, sofrendo apenas alguns problemas técnicos e outros deslizes que deram a vitória para a turma da Ferrari. Mas seu motor foi indiscutivelmente mais rápido e o acerto do carro acompanhava a cavalaria do propulsor. Para a temporada 2016, a fabricante Mercedes é obrigada por regulamento a entregar um motor idêntico a todas as equipes que utilizam esse propulsor, ou seja, Hamilton e sua equipe precisarão suar um pouco mais para defender o título conquistado no ano passado.
Na briga entre os pilotos, é de se esperar que Nico Rosberg venha um pouco mais motivado nesse início de temporada, depois de seus bons resultados no final de 2015, mas resta saber se Rosberg garantiu os bons resultados por mérito próprio ou se aproveitou de um Hamilton relaxado devido à sensação de dever cumprido.
Equipe: Scuderia Ferrari/ Carro: SF16-H/ Propulsor: Ferrari/ Pilotos: Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen/ EST: 8,5 de 10
Sebastian Vettel com sua Ferrari foi o único piloto capaz de estragar a festa da Mercedes na temporada anterior, e se não fosse por um rompante de motivação de Nico Rosberg na reta final da temporada, Vettel poderia até mesmo roubar de seu compatriota a camisa do Vasco da Gama e chegar ao vice-campeonato em 2015. A expectativa da montadora italiana para 2016 é grande, e isso começa na pintura do SF16-H, que utiliza elementos brancos contrastando com o vermelho, assim como no carro (312T) que Niki Lauda usou para trazer o título para o time do cavalinho.
Na briga entre os pilotos, é esperado outro passeio de Vettel em cima do desanimado Kimi “homem de gelo” Raikkonen. A menos que o sistema de hidratação do carro de nosso querido finlandês passe a entregar vodka ao invés de água, o alemão continuará sendo o responsável por alegrar o chefe Maurizio Arrivabene.
Equipe: Williams Martini Racing/ Carro: FW38/ Propulsor: Mercedes/ Pilotos: Valtteri Bottas e Felipe Massa/ EST: 8 de 10
A Williams mostrou nas últimas duas temporadas que sabe fazer carros rápidos, bem rápidos, mas como nos esportivos americanos de antigamente, fazer curva não era o ofício predileto do FW37. E mesmo sendo bem rápida, graças inclusive ao seu propulsor Mercedes, a equipe inglesa não contava com a nata da engenharia alemã em seu carro, pois a Mercedes não entregava em Grove o mesmo motor que empurrava o W06 da Mercedes F1. Para esse ano, com a mudança de regulamento, as coisas tendem a ficar mais interessantes, especialmente se o novo carro da Williams aprendeu que na F1 não há apenas retas.
Na briga de pilotos, o duelo da experiência contra o “sangue no olho” deve continuar, e se a nuvenzinha negra não voltar a atormentar nosso querido brazuca Felipe Massa como fez em 2014, aposto que ele leva a melhor para cima do rápido e voraz Valtteri Bottas. Quem sabe não voltamos a ver a bandeira brasileira lá no alto do pódio nessa temporada?
Equipe: Red Bull Racing F1 Team/ Carro: RB12/ Propulsor: Renault/ Pilotos: Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat/ EST: 5 de 10
Um pouco mais difícil do que escrever o nome do russo Daniil Kvyat ou esconder os dentes do Daniel Ricciardo é esperar que a Red Bull surpreenda esse ano. Claro que Adrian Newey pode ter sempre uma carta escondida na manga ou encontrar uma bela brecha no regulamento para fazer o RB12 andar mais que os outros nas curvas, mas fica difícil esperar algo muito positivo do casamento entre a Red Bull e o motor Renault, considerando as seções públicas de “lavagem de roupa suja” que Christian “Luciano Burti” Horner teve com a montadora francesa no final da temporada 2015. Mas coelhos não faltam na cartola de Newey, então vamos esperar para ver.
Na briga de pilotos, acredito que o sorridente e abusado Ricciardo continuará rindo por último, por mais rápido e talentoso que seja o russo de nome difícil. Não acho que eles tenham grandes chances de vitória esse ano, mas adorarei queimar a língua (ou os dedos) caso isso aconteça.
Equipe: Scuderia Toro Rosso/ Carro: STR11/ Propulsor: Ferrari/ Pilotos: Max Verstappen e Carlos Sainz Jr./ EST: 6 de 10
O touro italiano tem grandes chances de pisotear o touro austríaco nessa temporada 2016. Tida como uma genérica da Red Bull ou ainda uma academia de pilotos para a equipe austríaca, a julgar pelos resultados consistentes da Toro Rosso em 2015 e o propulsor Ferrari idêntico ao usado pelo time do cavalinho em 2016, é de se esperar que a equipe B termine a temporada na frente da equipe A este ano. É ver para crer.
Na briga de pilotos, o moleque Max Verstappen tem tudo para ficar à frente do consistente Carlos Sainz Jr nesta temporada, especialmente quando lembramos de suas manobras ousadas em 2015. A maturidade de Sainz pode fazer diferença, especialmente em momentos decisivos, mas eu apostaria minhas fichas no Verstappinho.
Equipe: Sahara Force India F1 Team/ Carro: VJM09/ Propulsor: Mercedes/ Pilotos: Nico Hulkenberg e Sergio Pérez/ EST: 5,5 de 10
Na temporada anterior, a equipe da vaca sagrada amargou resultados ruins no início, parte por sua falta de recursos e parte pelo carro VJM08 que não era dos melhores. Uma pena, pois sua dupla de pilotos talentosos poderia ter almejado resultados que só vieram em raras ocasiões, como o pódio de Pérez na Rússia. Para 2016, com motores Mercedes legítimos, pode ser que algo interessante apareça, mas a expectativa de ficar novamente entre as 5 melhores equipes pode ser considerada dever cumprido para o time indiano.
Na briga de pilotos, considero Hulk e Pérez igualmente talentosos, que tem grandes chances de alternar posições no campeonato e nas corridas até o final do ano e talvez um pódio possa voltar a aparecer como no ano passado.
Equipe: Renault Sport F1 Team/ Carro: RS16/ Propulsor: Renault/ Pilotos: Kevin Magnussen e Jolyon Palmer/ EST: 4 de 10
A Renault volta para a F1 utilizando o a estrutura que pertencia à (novamente) finada Lotus, e deve voltar a dar trabalho para as equipes principais da categoria, mas é provável que isso não aconteça em 2016. O propulsor Renault tinha muito a evoluir em relação aos seus principais concorrentes, e o legado deixado pela pouco-endinheirada Lotus não deve ter contribuído muito para o retorno triunfal da equipe francesa. Esta temporada deverá ser de experiência para a Renault, mas alguns pontinhos importantes devem ser creditados na conta da francesa ao longo da temporada.
Na briga de pilotos, a Renault reviveu Kevin Magnussen, que teve uma temporada irregular na McLaren em 2014 (mesmo com o segundo lugar na estréia) e amargou o posto de piloto reserva da horrenda McLaren de 2015. O rapaz é rápido, mas deve ter dificuldades para andar mais do que o algoz de Felipe Nasr na GP2 e ex-piloto de testes da Lotus, o britânico Jolyon Palmer.
Equipe: Sauber F1 Team/ Carro: C35/ Propulsor: Ferrari/ Pilotos: Felipe Nasr e Marcus Ericsson/ EST: 2,5 de 10
A equipe comandada pela exótica (e bela) Monisha Kaltenborn começou 2015 dando pintas que poderia surpreender no campeonato e colocar o Sauber C34 em posição de destaque nas corridas. Só que o carro acabou se mostrando um cavalo paraguaio e seu crescimento ao longo da temporada não foi tão eficaz quanto o das outras equipes, e na maioria das provas o C34 se arrastou pelos circuitos de forma lamentável, muitas vezes superando apenas a Manor e a triste McLaren. No páreo desde 1993, parece que não será esse ano que a primeira vitória da equipe (sem o nome BMW) virá, mesmo recebendo motores Ferrari legítimos.
Na briga de pilotos, vamos torcer para que o brazuca Felipe Nasr reforce o passeio dado sobre Marcus Ericsson na temporada 2015 e possa dirigir algo melhor em 2017.
Equipe: McLaren Honda/ Carro: MP4-31/ Propulsor: Honda/ Pilotos: Fernando Alonso e Jenson Button/ EST: 3,5 de 10
Dinheiro não falta, capacidade técnica também não, e seus pilotos são ambos campeões mundiais, sendo que um deles é tido por muitos (espanhóis) como o melhor da atualidade. Então o que fez a McLaren ser tão ruim em 2015? O motor. Fato é que quando a parceria McLaren-Honda teve seu retorno anunciado, muitos imaginaram que seria o fim da hegemonia alemã da Mercedes na F1, mas na prática o resultado foi muito pior do que o esperado e os pocotós japoneses do propulsor Honda fizeram o MP4-30 se arrastar de forma vergonhosa ao longo de toda a temporada. Quando pontos vieram, ou foi por sorte ou por mérito individual de seus ótimos pilotos. Para 2016, dizem que os japoneses abriram os olhos e cavalinhos brotaram do novo propulsor. Será? Veremos em Melbourne.
Na briga de pilotos, caso o carro passe a render de forma decente, é esperado um passeio de Alonso para cima do competente e quase aposentado Jenson Button. Mas caso o carro continue ruim, não duvido que o rápido piloto de testes Stoffel Vandoorne possa ocupar o lugar deixado por um estressado Alonso na metade da temporada.
Equipe: Manor Racing/ Carro: MRT05/ Propulsor: Mercedes/ Pilotos: Pascal Werlein e Rio Haryanto/ EST: 0,5 de 10
Ao contrário do que ocorre na McLaren, aqui faltou dinheiro, faltou capacidade técnica e faltou uma dupla de pilotos experientes, mas sobrou motor. Para esse ano, com motores Mercedes legítimos, podemos esperar carros da Manor batendo recordes de velocidade em retas com arrasto aerodinâmico próximo de zero, e só. Talvez em algum dia iluminado, com algum milagre dos deuses do automobilismo, pode ser que um pontinho volte a aparecer (que descanse em paz o talentoso Jules Bianchi, que trouxe aquele ponto para a Marussia).
Na briga de pilotos, é provável que veremos o indonésio Rio Haryanto (que teve 4 anos completos de GP2 e 3 vitórias) disputar com o alemão Pascal Werlein (oriundo da DTM e ex-piloto de testes da Mercedes F1 e da Force India) o penúltimo lugar no grid. Aposto minhas fichas no alemão.
Equipe: Haas F1 Team/ Carro: VF16/ Propulsor: Ferrari/ Pilotos: Romain Grosjean e Esteban Gutierrez/ EST: 3 de 10
É sabido que os norte-americanos preferem circuitos ovais, e só recentemente seus carros aprenderam a fazer curvas, mas a expectativa sobre a chegada da Haas na F1 é boa, especialmente pelo fato de que dinheiro não falta para Gene Haas. Não há circuitos ovais na F1, mas dentro do VF16 irá gritar um motor Ferrari, e a equipe tratou de incluir um chassi Dallara em seus carros, além de contratar Guenter Steiner para chefe de equipe. Não espero da Haas um início brutal como o da Brawn GP, mas alguns pontos poderão vir ainda em 2016.
Na briga de pilotos, creio que o talentoso Romain Grosjean possa ter sérias dificuldades para terminar a temporada à frente de Esteban Gutierrez, mas ambos saberão aproveitar bem as qualidades do novo carro.
Lembrando que a temporada 2016 de F1 começa no dia 20/03, em Melbourne.