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Entrevista com Shinichiro Irie, Diretor de Design de Programas do Z Proto

Na abertura da série “A Essência do Z”, conversamos com Hiroshi Tamura, Especialista-Chefe de Produto, sobre o que significa o “Z-ness” para ele e o legado do Z no mundo. Neste segundo capítulo, conversamos com Shinichiro Irie, Diretor de Design de Programas do Z Proto. Perguntamos a ele quais são as qualidades que definem o Z Proto, o que esperar do próximo Z, bem como seus insights sobre como exatamente transcorreu o processo de design do Z, do papel e caneta à realidade.

Irie entrou para o departamento de design da Nissan em 1993, após se formar na Universidade de Artes de Tóquio. Em 1997, ele se tornou designer sênior e, em 2001, passou a fazer parte da equipe do Creative Box da Nissan, um estúdio satélite localizado em Harajuku, um bairro muito frequentado por jovens fashionistas em Tóquio. Nessa função, ele se concentrou no desenvolvimento de projetos de design de carros-conceito inovadores. Em 2013, tornou-se Diretor de Design das marcas Nissan e Infiniti no estúdio Nissan Design América e, em 2016, passou a ser Diretor de Programas de Design no Centro Global de Design da empresa, no Japão.

P: Gostaríamos de começar com uma pergunta básica: O que é o “Z-ness” significa para você?

Irie: Acho que o estilo do Z é um símbolo para a Nissan, que personifica a filosofia da empresa. Queríamos que todos se sentissem atraídos por ele e se apaixonassem por ele à primeira vista. O “Z-ness” é algo que, assim que você entra no carro, proporciona um prazer de dirigir com sua excelente dirigibilidade e potência. E, logicamente, o Z é um carro que combina toda a sua tradição e tecnologias modernas, em uma fusão equilibrada, que tem um ar de modernidade mas continua carregando o DNA do Z em sua alma. Isso, para mim, é a essência do “Z-ness”.

P: Em termos de design, o que confere o “Z-ness” ao Z Proto?

Irie: O Z tem um passado rico e possui vários elementos icônicos. Veja, por exemplo, os faróis. No 240Z original (S30), quando os faróis iluminam através das lentes externas, elas criam um reflexo externo único. Empregamos esta fórmula e a fusionamos a tecnologias modernas, para criar o novo farol que é a assinatura do Z, com uma pegada tanto moderna como familiar.

Outro exemplo é o estilo do conjunto ótico traseiro. Apesar de muitos o associarem ao Z32, na verdade era o Fairlady Z original e outros Zs anteriores que tinham um design semelhante. Assim como no caso dos faróis dianteiros, desenhamos as lanternas traseiras tendo nosso legado histórico em mente, mas usamos uma nova abordagem que resultou nesta padronagem icônica e poderosa.

Um terceiro elemento exclusivo é o detalhe prateado que destaca a linha do teto do carro. No estúdio, nos referimos a este item como catana, pois ele tem um formato semelhante à espada tradicional japonesa. O Z Proto exibe uma carroceria com duas cores e um teto na cor preta, e este detalhe chama a atenção, criando uma silhueta bastante específica do Z, que é recurvada da frente para a trás. Este detalhe não perderá o efeito se for aplicada em uma carroceria monocromática ou pintada com cores claras.

P: Qual é o papel do Z na linha de modelos da Nissan?

Irie: É claro que o Z é um ícone para os apaixonados por carros em todo o mundo, mas acho que uma de suas principais funções é despertar a paixão de todos nós pela Nissan. A paixão que vem de dentro faz do Z uma entidade única, servindo de inspiração.

Neste momento em que estamos criando veículos para a era da eletrificação – principalmente o nosso veículo elétrico de ponta, o Ariya –, acho que é importante ter veículos posicionados em toda nossa linha de modelos. Por isso, acredito que é fundamental que o Z tenha suas especificações exclusivas e valorizadas, como uma transmissão manual, algo que nossos clientes esperam e apreciam muito. Por isso, em nosso plano de transformação Nissan NEXT, a letra “A” simboliza o Ariya, e o “Z” representa de forma apropriada nosso icônico Z.

P: A linha lateral do Z parece ter uma função importante no design do carro. Como isso acontece?

Irie: Posicionar esta linha lateral foi o mesmo que enfiar uma linha na agulha. Estamos falando de determinar com precisão a sua localização em um espaço inferior a 1 mm. Como o novo Z tem uma configuração dianteira (motor dianteiro com tração traseira), a linha lateral transmite a transferência de potência do motor para a pista, movendo a energia do design da frente da carroceria para os pneus, rodas e para-choques traseiros. Se você observar de perto, essa linha desaparece em torno da maçaneta da porta. A razão para isso é que, assim como em uma balestra, a linha faz uma pausa para captar a potência antes de dispersá-la na traseira do carro. Para mim, esta linha lateral representa, sozinha, toda a alma do Z.

P: Por que você acha que o Z tem uma base de fãs tão forte há mais de 50 anos?

Irie: Acho que é porque o Z, que na Nissan algumas pessoas comparam a um parceiro de dança, sempre foi um carro esportivo que aguça os sentidos, mas se mantém familiar e ao alcance de muitas pessoas. Com isso, independentemente do modelo ou geração, o Z sempre foi um carro adorado. Outro dia recebi uma mensagem em minha conta no Instagram de um pai e filho que têm duas gerações diferentes do Z. Quando eles disseram que estavam ansiosos pelo próximo Z, eu pensei: “Estamos criando um carro que vai dar início a um novo capítulo na família Z, tanto nas gerações do veículo como para os fãs do Z”.

P: Fale sobre sua história com o Z. Alguma recordação ou experiência em especial?

Irie: Para ser honesto, eu cresci na era dos supercarros e não tinha muito interesse por carros japoneses. Mas o que me fez trabalhar na Nissan como designer foi principalmente o Z32 (300ZX). Quando eu ainda era estudante, vi um desses passando pela cidade. Ainda me lembro de ter ficado totalmente maravilhado quando pus o olho nele. Foi algo que eu nunca tinha vivenciado ao ver um carro pela primeira vez. E quando descobri que o carro era produzido por uma empresa nacional, fui surpreendido mais uma vez! O Z32 tinha uma carroceria baixa, mais baixa que a dos carros esportivos atuais, e eu nunca imaginei que uma empresa japonesa poderia criar algo com um estilo tão icônico. Na verdade, eu já rabiscava desenhos de carros esportivos por diversão desde quando era criança. Mesmo antes de pôr o olho no Z32, eu desenhava carros que se pareciam com o Fairlady Z original (240Z). Eu adorava desenhar carros com um visual diferente como o Z. Na escola, minha professora sempre me repreendia por isso na sala de aula. Acho que posso dizer que eu estava apenas me preparando para o futuro!

P: O que você mais deseja em relação ao próximo Z?

Irie: Espero vê-lo se dando bem no universo dos carros com design incrível. Por exemplo, no Concours d’Élégance de Pebble Beach – grande evento de carros clássicos realizado na Califórnia, EUA – sempre há vários carros notáveis em exposição, mas os carros que os participantes dirigem na cidade durante os dias do evento também são muito impressionantes. Para mim, passar o dia circulando pelos estacionamentos é tão bacana como o próprio evento. Quando olho para estes veículos, sinto que ainda não criei um carro com o qual me sentiria totalmente à vontade. Mas agora, com o novo Z, acho que finalmente consegui isso.

P: Como você gostaria que o Z fosse recebido?

Irie: A inspiração para o design do novo Z é a fusão de tecnologias modernas e tradicionais. Meu desejo é que o Z satisfaça todos os fãs e que eles continuem a amar o Z. Como o Z conta com o legado do espírito dos carros esportivos da Nissan, espero que todos cuidem bem do novo Z nos próximos anos.

Fonte: Nissan Comunicação

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