Coluna Fernando Calmon | QUEM OCUPARÁ O ESPAÇO DA FORD
Os modelos da Ford no ano passado, incluídos automóveis e comerciais leves, responderam por cerca de 7% do mercado brasileiro. As projeções indicam que a marca americana com os modelos importados dos EUA (Mustang), México (Bronco Sport e picape Maverick), China (Territory), Uruguai (Transit) e Argentina (Ranger) mantenha entre 1% e 2% de participação, a partir de 2022.
Todas as fabricantes estão se movimentando para conquistar ex-compradores de Ka (hatch e sedã) e EcoSport. Volkswagen tem Gol e Voyage, se o critério fosse apenas de preço (improvável). Nivus é um crossover e o T-Cross, SUV, mais caro. Fiat oferece o Argo (com boa perspectiva) e, no próximo semestre, seu primeiro SUV compacto. Dependendo do preço, seria opção ao EcoSport. Onix Joy (geração anterior) tem chance, enquanto novo Onix e Tracker ficam acima dos três modelos da Ford em preço. Mas o peso da liderança de mercado da GM por cinco anos ajuda.
Até o início do ano passado, a Renault ficaria bem posicionada, mas a marca francesa partiu para a estratégia de menos volume e mais rentabilidade. Essa orientação é mundial. Aqui, em 2020, as vendas diretas foram achatadas e a marca perdeu participação. Esta semana a Renault anunciou que investirá, numa primeira etapa, R$ 1,1 bilhão no País e terá cinco novidades até o primeiro semestre de 2022.
Dois serão elétricos importados: nova geração do Zoe (confirmado) e, tudo indica, o novo Kangoo. Picape Duster Oroch receberá revitalização. Terá também o motor turbo de 1,3 litro (flex) ainda importado e depois nacionalizado. Na Colômbia e na Argentina o turbo (gasolina) está no Duster. No Brasil estrearia no Captur. Furgão grande Master deve ser a terceira novidade.
Hyundai ficará com parte dos compradores do Ka. HB20 até o ano passado foi o adversário mais tenaz dos compactos da Ford na vice-liderança do mercado nacional. Já o Creta, que será atualizado no próximo semestre, está numa faixa de preço superior à do EcoSport.
Cruzando todas as possibilidades: Fiat, Chevrolet, Renault, VW, Hyundai e Jeep, nessa ordem, são as principais marcas que devem dividir o lugar da Ford em curto prazo. Esse movimento não alteraria a liderança da marca americana, mas vai atiçar a briga entre Fiat e VW pelo segundo lugar, enquanto Hyundai deve se manter em quarto, ameaçada por Toyota e Jeep. Isso a partir de 2022, pois 2021 será bem conturbado (ler abaixo). Fiat, menos dependente de peças importadas, lidera este ano pelo alto desempenho da Strada.
SOBE A MÉDIA DIÁRIA DE VENDAS
Fevereiro indicou dificuldades para a indústria aumentar o ritmo de produção e vendas pela escassez de componentes, principalmente de semicondutores (fundamentais na eletrônica de bordo). O problema não afeta todas as fabricantes da mesma forma.
A falta de insumos importados e até dos produzidos aqui mesmo viraram um pesadelo. GM e Honda foram as mais prejudicadas com interrupções das linhas de produção. As paralisações podem durar algumas horas, mas quando atingem dias o prejuízo é certo. Navios enfrentam congestionamentos nos portos. O transporte aéreo emergencial também está prejudicado: menos voos de passageiros significam menos porões disponíveis para cargas urgentes.
Já se detectou um fluxo menor de clientes nas concessionárias. O comprador sabe que o tempo de espera será longo e adia a visita. Ainda assim, a média diária de vendas em fevereiro chegou a 9.700 unidades, volume razoável em razão de todos os problemas. Quando comparado ao primeiro bimestre de 2020 (quando ainda havia pouca influência da pandemia) houve um queda de 18%, mas a trajetória de redução é menor que os 26% registrados em todo o ano passado. Março será um mês ainda difícil em razão de novos períodos de isolamento social e falta de peças. Apenas em abril o crescimento de 2021 poderá ser mais bem estimado.
KICKS SOBE O TOM NO MERCADO
A revitalização de meia geração do SUV compacto da Nissan vai além do sistema de áudio da Bose, que inclui dois alto falantes no encosto de cabeça do motorista, uma novidade entre os modelos nacionais, porém restrito à versão topo de linha. A nova frente, de fato, se destaca, assim como as rodas de 17 pol. e as lanternas traseiras. O interior, além de um sistema multimídia com tela de 8 pol., recebeu para-brisa com isolamento acústico que melhora o conforto a bordo.
O conteúdo para aumentar a segurança também foi ampliado. O Kicks foi pioneiro, neste segmento, ao oferecer a frenagem autônoma de emergência, porém sem detectar pedestres e ciclistas. Contudo, segundo a fabricante, há duas exclusividades no segmento: alerta inteligente de mudança de faixa e controle automático dos faróis baixo e alto (de LED, nas versões com câmbio CVT). O radar, que atua em conjunto com a câmera frontal, agora fica mais protegido atrás do logotipo na grade.
Preços (R$ 90.390 a 116.390) não mudaram como incentivo para as primeiras vendas.
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