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Avaliação – Toyota Prius 1.8 VVT-I Aut. 2017

Fotos: Marcus Lauria

O futuro é híbrido. Na verdade o presente já é híbrido, pois até mesmo os carros de F1 da atualidade são híbridos, bem como os principais superesportivos da atualidade: Ferrari LaFerrari, Porsche 918 e Mclaren P1. Embora no Brasil a realidade dos carros híbridos seja outra, em países da Europa e nos EUA, os carros com propulsão híbrida ou totalmente elétrica são bem comuns nas ruas, e bastante viáveis para o consumidor, graças aos incentivos governamentais para que os preços desses carros sejam menos obscenos. Na contramão dos mercados desenvolvidos, aqui os híbridos custam (muito) caro, e são raridade em nossas ruas.

Este híbrido que testamos, o Toyota Prius, é o mais famoso híbrido à venda no mundo, com suas vendas próximas dos 6 milhões de carros, enquanto nem mesmo 1% dessas vendas ocorreram no Brasil. Na prática, estamos próximos dos 1.000 Prius vendidos por aqui, e parte desse fraco desempenho está no seu preço: R$ 126.600, em versão única de acabamento. Importado do Japão, o carro sofre com os impostos de importação e nenhum incentivo do governo, mas ainda assim é mais barato que seus “concorrentes” Lexus CT200h (praticamente o mesmo carro com visual mais descolado e mais caro: R$ 149.900) e Fusion Hybrid (R$ 163.700).

O grande barato da tecnologia híbrida está no uso de dois propulsores: um a gasolina, que no caso do Prius atua tanto para movimentar o carro quanto para recarregar as baterias, e um motor elétrico, que funciona em baixas velocidades e, principalmente, com o carro parado, situação que causa o maior desperdício de combustível nos motores tradicionais. Isso explica o consumo de 28 km/l que observamos com o Prius em trajeto urbano travado, sempre com ar ligado. Na estrada, como o motor a gasolina é mais presente, o consumo ficou em 20 km/l a uma média de 110 km/h, o que também é um grande número.

Seu visual futurista atrai olhares de admiração ou desgosto, mas é fato que todo o design de sua carroceria foi pensado de forma a reduzir ao máximo o arrasto aerodinâmico do carro. Seu Cx é de 0,24, bem inferior aos 0,30 de um Corolla por exemplo. Explicando de forma bem simples, quanto menor esse número, mais fácil o carro “fura” o ar, consumindo menos combustível para se manter em movimento na estrada. Pneus de baixa resistência ao rolamento, baixa altura de rodagem e defletores sob o carro completam o pacote aerodinâmico.

Por dentro, o Prius continua a oferecer um visual futurista, ainda mais evidenciado nessa nova geração. O cluster central concentra todas as informações úteis ao uso do carro, mostrando até mesmo detalhes da utilização de energia para mover o carro. A central multimídia é comum a outros Toyota mais caros, e traz até mesmo TV digital. Um detalhe que salta aos olhos é a alavanca do câmbio, que fica logo abaixo da central multimídia e tem formato (e utilização) diferente do usual. O espaço interno é bom para quatro adultos e os acabamentos possuem boa qualidade. No porta-malas viajam 412 litros, mesmo com as baterias e o estepe funcional abaixo do piso.

A posição de dirigir do Prius é baixa, típica de um sedã, e tanto o assento do motorista quanto a coluna de direção possuem boas regulagens. A visibilidade também agrada, mesmo com as linhas futuristas do carro, sendo que até mesmo a visão pelo duplo vidro traseiro é satisfatória. Em manobras, a câmera de ré ajuda a não arranhar o carro, mas faltam sensores de estacionamento para facilitar as coisas. Sua direção elétrica é levíssima e as rodas esterçam bastante, fazendo com que o carro pareça ter menos do que 4,54 m de comprimento e 1,76 m de largura.

Sob o capô residem os dois propulsores: um elétrico, que gera 72 cv de potência e 16,6 kgfm de torque, e um a gasolina, 1.8 16V com ciclo Atkinson, que rende 98 cv @ 5.200 rpm de potência e 14,2 kgfm @ 3.600 rpm de torque. Juntos, eles entregam uma potência combinada de 123 cv, que só dá as caras quando o acelerador é pressionado ao máximo. Podem parecer números tímidos para um carro de 1.400 kg, mas como o torque do motor elétrico é imediato, as acelerações e retomadas são bem satisfatórias, rendendo como se houvesse um pequeno turbo atrelado ao motor a gasolina, sem qualquer tipo de lag. O câmbio CVT também atua de forma positiva, orquestrando bem a forma como a força é entregue às rodas dianteiras. Em nosso teste, aceleramos de 0-100 km/h em 10,3 s, números que o colocam próximo do Corolla 1.8 em desempenho.

No uso urbano, as maiores qualidades do Prius se sobressaem. Para início de conversa, há um modo em que ele circula de forma totalmente elétrica, abaixo de 60 km/h e enquanto as baterias durarem (cerca de 2 km pelo que aferi). É bem interessante rodar sem consumir nenhuma gota de gasolina. Quando a bateria chega ao mínimo, o motor a gasolina liga apenas para recarregá-las, e volta a desligar. Em engarrafamentos, quase sempre o carro estará apenas no modo elétrico, a menos que fique parado por muito tempo. Mesmo quando ligado, o funcionamento do motor 1.8 é quase imperceptível, dada a sua suavidade de funcionamento e o bom isolamento acústico do carro.

A solidez da carroceria agrada, enquanto as suspensões macias fazem com que o Prius lide com o asfalto crocante sem dificuldade. Apenas sua baixa altura de rodagem requer cuidado com lombadas e outras aberrações mais agressivas em nossas vias. Seu desempenho é suficiente para a cidade e, na estrada, igualmente satisfatório. Em velocidade o carro flui suave e silencioso, com boas respostas da direção e dinâmica exemplar nas curvas. Suas suspensões multibraço na traseira equilibram bem o carro, enquanto os freios a disco regenerativos dão conta do peso do Prius, ainda que seu feeling de pedal seja meio borrachudo.

No geral, o Prius demonstra como serão os carros do futuro. Nem totalmente elétricos, nem totalmente a gasolina, mas uma combinação harmoniosa entre eles, que pode resultar em modelos mais voltados para a economia ou para o desempenho, dependendo da calibragem e do projeto feito pelo fabricante. Pena que, como sempre, tecnologias que beneficiam tanto o bolso quanto o meio ambiente sejam ignoradas pelos governantes ou pelo mercado brasileiro. Vida longa ao Prius, e vida curta à ignorância brasileira.

CONFIRA NOSSO VÍDEO: https://youtu.be/X1-fBle72B8

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