Avaliação – Subaru Forester XT 2.0 16V Turbo CVT 4WD 2015
Simetria é quando algo pode ser dividido em duas partes e ambas as partes coincidirão quando sobrepostas. E é assim que a Subaru define o seu sistema de tração integral: Symmetrical AWD. De fato, o que a Subaru quer dizer é que todas as quatro rodas trabalham de forma idêntica para garantir a estabilidade do veículo em qualquer condição, e é isso que faz com que o Forester XT se comporte como um hatch ou sedã, mesmo com dimensões de SUV.
A configuração Symmetrical AWD vai além do sistema de tração pura e simplesmente, pois compreende também o motor em posição boxer, com cilindros contrapostos, o que contribui para baixar o centro de gravidade do carro. No carro em questão, o motor é um 2.0 de quatro cilindros com injeção direta e turbo, resultando em 240 cv @ 5.600 rpm e 35,7 kgfm @ 3.600 rpm. Tal força é orquestrada por uma transmissão CVT que merece um parágrafo exclusivo.
O câmbio Lineartronic CVT é tão rápido que não parece um CVT. Ele possui três modos de uso, o modo I (Intelligent) que preza pela eficiência, mantendo o giro do motor na faixa ideal de rendimento. O modo S (Sport), que simula seis marchas e entrega desempenho esportivo, com possibilidade de troca nas borboletas. E o modo S# (Sport Sharp), que entrega o máximo de desempenho e trocas bem rápidas das oito marchas simuladas, que também podem ser chamadas pelas borboletas atrás do volante.
A tração é distribuída na razão 60-40, ou seja, 60% da força nas rodas dianteiras e 40% nas rodas traseiras. Caso necessário, o sistema pode distribuir 50% da força para cada um dos eixos, e essa distribuição pode ser acompanhada por uma telinha de LCD no topo do painel. Essa versão do Forester conta ainda com o X-Mode, um auxílio de subida/descida em pisos escorregadios que atua em cada roda de forma independente, seja freando ou acelerando, garantindo que o carro tenha aptidão para encarar aquela estradinha para o sítio depois de uma chuva mais forte.
Seu interior é tão confortável quanto seu tamanho sugere, e cinco passageiros viajam acomodados em bancos de couro macio, e aconchegados em um acabamento sóbrio e bem montado, sem luxos ou exageros. São 4,59 m de comprimento, 1,79 m de largura, 1,73 de altura e 2,64 m de entre-eixos, sendo que no porta-malas vão 505 litros, embora este seja um pouco raso por causa da tração integral. O motorista dispõe de amplas regulagens de banco e volante, e não encontra dificuldade para manobrar o carro, graças aos bons retrovisores e à câmera de ré. Seu diâmetro de giro é de bons 10,6 m.
Em uso urbano o carro se mostra sólido e ágil, com direção leve e absorção exemplar de buracos e lombadas, mérito da boa calibragem de suspensão. Deixando o câmbio CVT no modo de maior economia de combustível, o trabalho da transmissão quase não é sentido, e o carro flui bem, com respostas prontas caso se pressione o acelerador com mais ímpeto. Tendo apenas gasolina em seu cardápio, o Subaru Forester XT faz cerca de 8 km/l no circuito urbano com ar-condicionado ligado.
Para o uso rodoviário o carro entrega tudo que se espera dele: acelerações vigorosas, comportamento dinâmico irrepreensível, conforto de rodagem, freios seguros (disco ventilado nas quatro rodas) e bom isolamento acústico. Seu motor é tão forte que a massa de 1.502 kg sequer é sentida nas acelerações e retomadas. Por sinal, tal massa também não se faz presente nas curvas, sejam elas curvas de raio aberto ou fechado, curvas rápidas ou lentas, o carro simplesmente ignora a Física e parece imune a rolagens de carroceria ou à ação da força G. Na prática, em um track day o Forester XT não seria um dos carros mais rápidos do dia, mas em uso civilizado este crossover é difícil de ser acompanhado em uma subida de serra. E por falar em uso civilizado, caso o motorista não abusar do acelerador, não terá problemas em fazer 14 km/l na estrada.
Seu grande ponto negativo é o preço em torno de R$ 136.000, que embora não seja dos mais absurdos perante a concorrência menos servida em termos de comportamento dinâmico, é um valor elevado demais para o mercado brasileiro. Some-se esse detalhe à pequena presença da Subaru em nosso mercado e isso explica o fato do Forester ser figura difícil em nossas ruas, mesmo sendo um carro bom por demais.
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