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Avaliação – Renault Duster Oroch 2.0 16V Dynamique Aut. Flex 2017

Fotos: Marcus Lauria

Atualmente temos duas picapes em nosso mercado que não são pequenas nem médias, Renault Oroch e Fiat Toro. Entre as duas, a Oroch foi pioneira, tomou emprestada a carroceria e o visual do Duster, ganhou uma caçamba generosa e acertou ao oferecer mais espaço do que as picapes pequenas, sem sacrificar a capacidade de carga. Já a Toro, nem pode ser considerada concorrente direta da Oroch, devido às suas proporções mais generosas mas, se há alguma Oroch no cardápio que possa competir com a Toro de entrada, essa é a Oroch Dynamique com transmissão automática.

Do Duster, a Oroch traz a robustez tão apreciada pelos fãs do SUV, embora não conte com nenhuma opção 4×4. Seu conjunto de motor e câmbio é conhecido, o longevo F4R 2.0 16V Aspirado, que passou por melhorias na linha 2017 visando mais suavidade e economia de combustível. Tem bons números: 143/148 cv @ 5.750 rpm de potência e 20,2/20,9 kgfm @ 4.000 rpm de torque, ambos suficientes para lidar com os 1.375 kg da picape. Seu calcanhar de aquiles continua sendo o câmbio automático de 4 marchas, seu inseparável parceiro na linha Renault.

Na prática o câmbio de 4 velocidades não é ruim, mas hoje em dia sabemos que mais marchas exploram melhor o desempenho do motor, por exemplo as caixas ZF de 9 velocidades usadas pela FCA ou ainda as transmissões de 6 velocidades amplamente difundidas entre os carros nacionais. Há ainda as caixas CVT, com infinitas relações de marchas e um ótimo compromisso entre consumo e desempenho. Caixas de 4 velocidades não costumam incomodar tanto na cidade ou em ritmo de cruzeiro, mas basta uma pequena subida para o câmbio ficar indeciso entre gritar na segunda marcha ou perder força na terceira.

Por mérito do motor, a Oroch conseguiu acelerar de 0-100 km/h em 11,1 s no nosso teste, um bom número, especialmente se comparado aos 11,6 s da Toro Freedom que testamos no passado. Mas embora a linha 2017 tenha trazido melhorias para amenizar o apetite por Etanol da Oroch, observamos apenas 5,6 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada, e parte da culpa pode ser debitada na conta do câmbio automático. De qualquer forma, a evolução foi bem interessante, pois a Oroch que testamos em 2015, sem as melhorias no motor e com câmbio manual, fez 6,5 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada, mas estava abastecida com Gasolina.

Internamente não houve grande evolução na linha 2017, aonde continua o acabamento apenas honesto e algumas falhas de ergonomia de antes. O comando dos retrovisores elétricos saiu daquela péssima posição abaixo do freio de mão e foi para a porta, mas a central multimídia continua posicionada muito baixa e os comandos do ar-condicionado são atrapalhados pela alavanca de câmbio. Não dá para entender o motivo da Renault não atualizar Duster/Oroch com as ótimas melhorias de painel que existem no Sandero/Logan. Os bancos são outro ponto que poderiam melhorar, pois apoiam pouco a coluna de motoristas mais altos, enquanto a falta de regulagem em profundidade do volante não ajuda.

O espaço interno é bom nos bancos dianteiros e satisfatório nos bancos traseiros, e nesse ponto a Oroch não copiou o Duster. Enquanto no SUV viajam três Marcelos de 1,90 m no banco traseiro, na Oroch passageiros com mais de 1,80 m começam a sofrer com a falta de espaço para as pernas. Em compensação, a largura é boa e há bom espaço para a cabeça, embora o encosto do banco traseiro bem que poderia ser menos vertical. Seu nível de equipamentos continua igual, e isso é ruim, pois faltam itens como ar-condicionado digital, sensores de chuva e crepuscular, apoios de braço e outros mimos que cairiam bem em um carro que supera os R$ 80.000.

Rodando na cidade a Oroch deixa clara a sua maior qualidade: a suspensão. O ajuste de suspensão feito pela Renault é digno de aplausos. A aptidão do carro para ignorar buracos e lombadas na cidade é algo notável, e sem ser macio demais a ponto de passar insegurança. Com o asfalto do Rio de Janeiro pior a cada dia, rodar com a Oroch é sinônimo de tranquilidade. E mesmo com o câmbio preguiçoso, o carro anda bem na cidade. Seu diâmetro de giro de 10,7 m facilita as manobras e suas dimensões não tão exageradas tornam o dia a dia mais amigável, fazendo falta apenas uma câmera de ré na traseira.

Já na estrada, novamente a Oroch arranca sorrisos com o seu ajuste dinâmico. A suspensão traseira é independente e, com a caçamba vazia, pula pouco e se apoia corretamente nas curvas, dando à Oroch uma invejável capacidade de contornar curvas. Ainda assim, é imperdoável a falta de ESP. Seu rodar é tranquilo e seus freios são honestos, e o isolamento acústico só deixa a desejar quando passa de 120 km/h e os ruídos aerodinâmicos se tornam mais presentes. Seu câmbio abusa de indecisão, mas na necessidade de um kick down ele responde bem e a Oroch permite ultrapassagens seguras, dignas de um carro com motor 2.0.

No geral, a Oroch agrada bastante pela sua rodagem sólida na estrada e seu conforto na cidade, embora esse conforto seja prejudicado por um excesso de peso na caçamba, por exemplo. Quanto aos itens de conforto e acabamento, a Oroch traz apenas os triviais, e fica devendo um pouco para um carro que parte de R$ 80.590 e chega a R$ 83.890 com bancos de couro e pintura metálica. Na prática, se você não precisa tanto assim de câmbio automático, vá com uma Oroch manual para casa e seja feliz.

Confira nosso vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xzdULM_vfmw

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