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Avaliação – Renault Duster 2.0 16V Dynamique 4wd Flex 2016

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Todos hão de concordar que é bem mais fácil encontrar um SUV compacto escalando uma rampa de Shopping Center do que encarando uma pirambeira enlameada. Porém, exceto o Jeep Renegade Diesel e sua força bruta, este Renault Duster 4WD é a melhor escolha para encarar caminhos complicados, ainda que seja ocasionalmente.

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Seu visual não difere em nada de qualquer outro Duster Dynamique, seja 1.6, 2.0, automático ou manual. Aliás, quase nada, pois um adesivo “4WD” abaixo do vidro traseiro deixa claro que esse romeno é casca grossa. Do lado de dentro as similaridades continuam, e apenas o “4WD” gravado no volante e o seletor do modo de tração tornam esse Duster único em sua linha.

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Debaixo do capô reside o 2.0 16V F4R, motor parrudo, bloco de ferro, duplo comando sem variadores de fase na admissão ou no escape. Rende bons 142/148 cv de potência @ 5.750 rpm e 20,2/20,9 kgfm de torque @ 4.000 rpm (gasolina/etanol nos números). Na versão 4WD, este motor é casado apenas ao câmbio manual de seis velocidades, mesma caixa também disponível no Duster 2.0 4×2, mas com algumas particularidades, como veremos abaixo.

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Enquanto a 1ª marcha do Duster 2.0 4×2 tem relação de 3,73:1, no Duster 4WD essa relação é de 4,45:1. E o diferencial (dianteiro) tem relação de 4,13:1 no 4×2 e 4,86:1 no 4WD. Além disso, no 4WD, a 2ª, 3ª, 4ª e ré são mais curtas que no 4×2, enquanto a 5ª e 6ª são um pouco mais longas, para compensar o diferencial mais curto e não deixar o motor ficar gritando em velocidades de cruzeiro. Na prática, o Duster 4WD tem bastante vigor nas acelerações e retomadas, e em uso urbano pode-se esquecer a 1ª marcha, pois o giro sobe muito rápido sem que o carro ganhe velocidade na mesma proporção.

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Deixando a ficha técnica de lado e entrando no carro, percebe-se que a Renault perdeu a chance de melhorar o interior do carro com esse facelift. Infelizmente, o encosto dos bancos dianteiros continua apoiando mal as costas, enquanto a central multimídia e os botões do ar-condicionado estão localizados em uma posição muito baixa. O volante também continua grotesco, mas pelo menos ganhou os comandos do cruise control e speed limiter, muito úteis para evitar multas. No geral o acabamento é bom, mesmo sem firulas.

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Manobrar o Duster é uma grata surpresa, pois seu diâmetro de giro de 10,7 m permite entrar em vagas ousadas sem dificuldades. Ajudam no processo os retrovisores bem grandes e a câmera de ré, enquanto a direção hidráulica pesada joga contra. Seu espaço interno é pra lá de generoso, levando 5 adultos sem dificuldades, e o grande vilão da ergonomia é o volante que não possui regulagem em profundidade, então fica complicado dirigir em uma boa posição. Suas dimensões são maiores ao vivo do que no papel: 4,32 m de comprimento, 1,82 m de largura, 2,67 m de entre-eixos e 1,69 m de altura. O porta-malas perde 75 litros em relação à versão 4×2, totalizando 400 litros, com o estepe dormindo dentro de casa apenas nesta versão.

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Rodar na cidade com o Duster é agradável, independente da versão, mas o Duster 4WD é ainda mais apto a ignorar lombadas e buracos sem qualquer sacolejo ou desconforto. É praticamente impossível ouvir uma batida seca de suspensão na cidade em velocidades civilizadas. Seu motor com bom torque puxa os 1.353 kg com facilidade suficiente para se impor no trânsito com o Duster 4WD. A direção hidráulica pesada volta a cobrar seu preço e exigir dos seus bíceps, bem como a alavanca de câmbio que carece de maior suavidade nos engates. Seu isolamento acústico está na média e o ar-condicionado fez bonito no calor intenso, mas é lamentável o fato do Sandero/Logan contarem com regulagem automática de temperatura e o Duster não.

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Mas é na estrada que o Duster 4WD se mostra bem superior ao modelo 4×2. Enquanto o Duster convencional já entrega bom comportamento dinâmico, o 4WD é ainda melhor, graças à bela suspensão independente na traseira, que copia bem o solo e permite que o Duster esteja sempre à mão (dentro dos limites para um SUV) em qualquer situação. Seu comportamento é bem neutro no limite, embora eu tenha experimentado uma leve tendência ao sobresterço em uma situação muito específica, mas de forma alguma sua dinâmica é insegura para motoristas menos experientes. Os freios (disco na dianteira e tambor na traseira) são cumpridores, esteja o carro cheio ou vazio.

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Seu motor 2.0 16V garante força para qualquer situação, e as ultrapassagens são feitas com facilidade. Com o diferencial curto, é possível manter o câmbio em sexta marcha durante toda a viagem, algo interessante para motoristas preguiçosos. A contrapartida desta força sempre disponível é o consumo apenas regular, que ficou em 8,5 km/l na cidade com gasolina e 10,8 km/l na estrada. Com o modo ECO acionado, o carro perde um pouco do ímpeto e retribui no consumo, fazendo até 11,5 km/l de gasolina na estrada, enquanto na cidade não notei diferença.

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Fora da estrada o Duster 4WD se garante com louvor, mérito de sua tração integral que possui três modos de uso: 2WD que mantém a força apenas nas rodas dianteiras, AUTO, que joga a força para as rodas traseiras sob demanda (até 50% da força) e 4WD LOCK, que divide a força entre os eixos e se desliga sozinho acima de 80 km/h. Com o modo LOCK ativado, o Duster 4WD vence areia e lama com facilidade, enquanto sua suspensão permite boa transposição de buracos mais profundos. Seu pedigree off-road se traduz em: 21 cm de altura do solo, 30o de ângulo de entrada e 35o de ângulo de saída.

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Assim como é a dura realidade do mercado brasileiro, no quesito preço o Renault Duster 4WD desaponta, custando a partir de R$ 80.990. Esse valor é R$ 3.000 a mais do que custa o Duster 4×2 e, sinceramente, vale a pena, mesmo que sua ideia de off-road seja aquela rua esburacada aonde mora a sua sogra. Mesmo o Duster 4×2 sendo ótimo, o modelo 4WD é bem superior, especialmente em condições adversas, como chuva ou desníveis na estrada. Portanto, se a grana para um Renegade Diesel está curta, não pense duas vezes em assinar o cheque na Renault.
CONFIRA O VÍDEO:

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