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Avaliação – Nissan March 1.6 16V SV (Flex) 2014

Fotos: Marcus Lauria

Ao longo da vida de um carro, há um momento em que um facelift faz-se necessário, seja para reforçar as vendas ou mesmo para manter os clientes fiéis. Duro é que o facelift pode ser o céu ou o inferno para um modelo, visto que, na iminência de ousar para conquistar, os designers podem errar a mão e estragar um visual de boa qualidade. Para o March, felizmente, a Nissan caprichou.

Em primeiro lugar, o modelo agora é montado na nova fábrica da Nissan em Resende (RJ), e com isso não corre mais o risco de sumir das revendas devido às oscilações das regras de importação do México. Quanto ao novo visual, as alterações se concentraram especialmente na dianteira e no painel, enterrando o aspecto Pokémon do seu antepassado e trazendo um visual mais maduro, com linhas bem resolvidas.

Ao entrar no New March, saltam aos olhos as novas saídas retangulares no centro do painel, bem como o novo volante, com comandos do rádio. Nessa versão SV (intermediária), o equipamento de som também é novo, e se equipara aos rivais ao trazer conexão bluetooth para celular e controle do iPod por meio de conexão através da porta USB. A qualidade de montagem no interior é agradável, bem como os revestimentos e texturas são de bom nível.

Quanto à posição de dirigir, o único revés está relacionado ao volante sem regulagem de profundidade, embora seja regulável em altura. O banco do motorista possui regulagem em altura, mas sempre variando do “alto” ao “muito alto”. Os cintos de segurança não possuem regulagem de altura, e podem incomodar motoristas de menor estatura que deixarem o banco em uma posição mais baixa. Uma vez encontrada a posição ideal de dirigir, encontram-se facilmente os comandos necessários à condução, exceto o botão de regulagem dos espelhos elétricos, que continua (mal) localizado no painel, à esquerda do volante.

Será inevitável não surgir um sorriso no rosto de quem manobrar este carro. As dimensões compactas (3,83 m de comprimento, 1,67 m de largura e 2,45 m de entre eixos) já são suficientes para tornar o March bem manobrável. Imagine então quão manobrável pode ser um compacto que combina tais medidas com um diâmetro de giro de apenas 9 m, retrovisores enormes e uma direção elétrica levíssima.

Outro sorriso virá à tona ao se colocar o compacto em movimento: são 111 cv @ 5.600 rpm de potência do motor 1.6 16V para lidar com 979 kg de massa, nada menos do que 8,82 kg para cada cavalo carregar, uma relação peso/potência de respeito. O rendimento é igual com etanol e gasolina, fruto de uma taxa de compressão conservadora de 10,7:1, abaixo da taxa 12:1 que é encontrada em alguns rivais. Por sinal, o motor da Nissan tem concepção simples, sem variadores de fase, embora tenha o cabeçote de alumínio. Seu torque de 15,1 kgfm @ 4000 rpm é suficiente para o baixo peso do March.

Qualquer acelerada é vigorosa no March, e no trânsito urbano o carro flui com uma desenvoltura invejável. Sua embreagem é macia e os engates do câmbio são corretos, enquanto a suspensão está bem calibrada para o asfalto crocante. Novamente a direção elétrica levíssima mostra seu valor, especialmente considerando-se que a relação de direção é pouco direta, exigindo 3,4 voltas de batente a batente (o que se traduz em virar o volante um pouco mais que o comum para virar em esquinas, nada alarmante).

A vida a bordo é agradável, com isolamento acústico suficiente, rádio com boa qualidade sonora e ar-condicionado eficiente no calor carioca. O único ponto negativo fica para o banco do motorista, que fornece apoio insuficiente para motoristas altos e causa até mesmo uma dor lombar mediante longa utilização. Em compensação, sobra espaço para a cabeça e pernas em todos os bancos, enquanto o porta-malas de 265 litros é apenas cumpridor.

Em condições de uso rodoviário o motor volta a brilhar, sobrando em desempenho em todas as situações. As retomadas são eficientes e ultrapassagens são feitas sem o menor susto. Uma mudança benvinda no novo March foram os pneus Dunlop de medida 185/60 R15, que deram maior estabilidade ao carro (sai bem menos de frente do que o anterior) e melhorou a resposta dos freios. Por sinal, seus freios (disco ventilado na dianteira e tambor na traseira) apresentam tendência zero ao fading, enquanto o pedal está bem calibrado e o ABS tem respostas suaves.

Quanto aos hábitos alimentares, o March agrada. Seu consumo é baixo, conforme os números observados no nosso teste: com etanol, 8,5 km/l na cidade e 11,6 km/l na estrada, enquanto com gasolina foram 10,9 km/l na cidade e 14,8 km/l na estrada, sempre com ar-condicionado ligado e trânsito bem pesado nos circuitos urbanos. Seu calcanhar-de-aquiles é o tanque de apenas 41 litros, que proporciona baixa autonomia para viagens.

E já que estamos falando em custos, felizmente a Nissan adota a prática de oferecer versões com conteúdo fechado, ou seja, nada de vender o carro “pelado” e cobrar absurdos pelos opcionais. A versão SV, testada por nós, traz de série os triviais ar-condicionado, trio elétrico e direção elétrica, além de faróis de neblina e rádio completo com comandos no volante, custando R$ 39.990. A única forma de encarecer o carro é com a pintura metálica, ao preço de R$ 990. Custando pouco e andando muito, não há rivais para o March quando o assunto é custo x diversão.

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