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Avaliação – Jeep Commander 1.3 T270 Overland 2022

Desenvolvido com exclusividade pela Jeep do Brasil, o modelo lançado ano passado já é líder de vendas no segmento dos SUVs médios

Fotos: Marcus Lauria 

A Jeep lançou o Commander no Brasil no segundo semestre de 2021, visando a assumir a liderança no segmento de D-SUVs (SUVs médios). Vale ressaltar que a marca já ocupa tal posição no segmento dos C-SUVs (SUVs compactos-médios) com o Jeep Compass. O modelo foi desenvolvido com exclusividade pela Jeep do Brasil, com autorização da Jeep americana. É o primeiro modelo da marca desenvolvido fora dos Estados Unidos. O modelo foi desenvolvido e é produzido na moderna planta da Jeep localizada na cidade de Goiana, Estado de Pernambuco.

O foco do modelo é atender ao público premium. Por esse motivo, a versão de entrada do Commander é a Limited, que é topo de linha nos demais modelos da marca. Acima da Limited existe a Overland, que agrega ainda mais equipamentos de conforto (teto solar panorâmico, por exemplo). As duas versões tem opção flex (motor 1.3 GSE – T270 com sistema MultiAir 3 e outros recursos tecnológicos bem interessantes) e diesel (2.0 turbodiesel derivado de um projeto da Alfa Romeo, uma maravilha da engenharia italiana). As versões flex são 4×2 e são equipadas com câmbio automático convencional de 6 marchas. Já as versões diesel são 4×4 e são equipadas com câmbio automático convencional de 9 marchas.

A plataforma sob a qual o Commander é construída denomina-se “Global Small-Wide”, a mesma utilizada pelo Renegade e Compass, bem como pela Fiat Toro. Flexível e modular, apresenta uma estrutura reforçada monobloco, composta por materiais nobres, como aço de alta resistência. Graças ao projeto caprichado, essa plataforma confere ao Commander alta rigidez torcional e durabilidade, além de excelente capacidade de absorção de impactos.

É sabido que, em matéria de design de SUVs, a marca Jeep é a referência. Tanto é que a palavra “jipe” virou sinônimo de carro fora de estrada, assim como a marca Gilette é sinônimo de lâmina de barbear. Assim, recorrendo à sua grande expertise na matéria, a Jeep entregou ao mercado um produto com visual moderno que está agradando bastante os consumidores, inspirado no Grand Cherookee.

Aproveito para fazer um parêntese sobre o nome “Jeep”. Há uma teoria bastante aceita e difundida sobre a origem do nome da marca. De acordo com essa teoria, o nome “Jeep” vem da sigla utilizada pelos militares americanos “GP”, que significa “government purpose vehicle” ou “general purpose vehicle”, ou seja, um veículo para uso militar ou uso em qualquer tipo de condição.

Pois bem, a versão testada é a topo de linha Overland T-270, que adiciona itens exclusivos como teto solar panorâmico em duas folhas (com possibilidade de abertura da primeira folha), rodas aro 19, acabamento dos bancos diferenciado, bancos elétricos para os passageiros, sistema de som premium Harman-Kardon de 450W (9 alto falantes + subwoofer) e tecnologia Fresh Air (ou seja, graves reforçados no interior do carro, sem vazamentos para o exterior, o que pode não agradar a quem curte rodar apavorando a vizinhança com um som grave saindo do carro!) .

O capô apresenta vincos bastante agressivos e marcantes, dando um aspecto de maior robustez para o carro. A grade da entrada de apresenta as sete fendas tradicionais da Jeep, mas é integrada ao conjunto óptico, de modo a diferenciar o modelo do Compass. Os faróis principais, lanternas traseiras, luzes de freio, setas, DRL (luz diurna de condução) e faróis de neblina são em led. Vale destacar que as setas são dinâmicas, ou seja, elas apresentam aquele efeito bacana de iniciar a iluminação gradualmente de dentro para fora, passando uma ideia de movimento para o lado que se pretende convergir. Coisa chique de carro premium!

No interior, o Commander lembra muito o novo Compass. O volante é o mesmo, assim como o painel digital com tela de 10”. Os dois modelos também compartilham a tela flutuante de 10” do multimídia, que permite espelhamento sem fio do celular através dos sistemas Apple CarPlay (iPhone) e Android Auto (disponível nos celulares android). Há também suporte no multimídia para a Alexa, a assistente virtual da Amazon.

Abaixo da tela do multimídia, o Commander apresenta um teclado que permite desativar o controle de tração (sistema traction control+, capaz de conferir alguma capacidade off-road para as versões 4×2), assistente de manutenção em faixa e os sensores de estacionamento (dianteiros e traseiros). Também é possível ativar e desativar o “Alerta” e o sistema de  estacionamento semi autônomo (park assist).  O sistema de som com 9 alto falantes e subwoofer desenvolvido pela Harman-Kardon é muito possante e entrega uma qualidade sonora muito boa. Pena só estar disponível na versão Overland, deveria ser item de série no Commander, considerando que é voltado para o público premium.

Internamente, o Commander chama a atenção pela boa qualidade dos materiais.O belo cluster digital (painel de instrumentos digital) é de fácil visualização e operação. Apesar de recomendável, não é necessário ler o manual para descobrir todas as suas funções. O computador de bordo conta com todas as funções que devem obrigatoriamente constar nos carros premium: distância percorrida, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso, dentre outras informações sobre o status do carro (temperatura do óleo do câmbio, tempo até a próxima revisão, sistema de arrefecimento, etc).

A versão Overland contém diversos detalhes em couro camurçado, com destaque especial para a faixa que reveste o painel, dando um toque elegante e diferenciado à peça. Um ponto que merece destaque no Commander é o fato dos controles da climatização estarem disponíveis tanto pelo multimídia, quanto por botões físicos logo abaixo da tela. Ou seja, nada de complicação na hora de configurar o funcionamento do ar condicionado!

O freio de mão do Commander é de acionamento eletro-mecânico, estando portanto alinhado com a tendência atual do mercado no tocante a esse componente. Nada de alavanca ou daquele arcaico pedal que ainda equipa alguns carros queridinhos do mercado nos dias de hoje! O porta-malas do Commander oferece bons 661 litros de capacidade quando configurado para 5 passageiros. A capacidade reduz para 223 litros se o carro for configurado para 7 passageiros. Com a 2a e 3a fileiras de bancos abaixadas, a capacidade do porta-malas sobe para impressionantes 1.760 litros!

A tampa do porta-malas é automática, contando com aquele interessante sistema de acionamento na parte inferior do parachoque traseiro. Basta aproximar o pé da região central inferior do parachoque traseiro para o porta-malas se abrir. Também é possível abrir a tampa do porta-malas pela chave, à distância. Ou através de um botão dentro do habitáculo. Ou através de um botão na tampa do porta-malas.

A versão testada vem equipada com o novo motor GSE 1.3 16v Turbo Flex da Fiat/Stellantis. Quando configurado com esse motor, o carro traz também uma caixa automática convencional de 6 marchas e tração 4×2. A opção 4×4 está disponível apenas para a versão diesel, infelizmente. Produzido no polo automotivo de Betim (MG), esse propulsor é considerado o motor turbo flex mais moderno produzido no país, oferecendo potência e torque capazes de deixar muito motor 2.0 com inveja! São 185 cavalos de potência máxima a 5.750 rpm e 270 Nm de torque máximo com etanol, a incríveis 1.750 rpm. Nada mal para um motor 1.3!!

O motor oferece variador de fase na admissão e escape, injeção direta de combustível e sobrealimentação. Com esse motor o Commander não apresenta vibrações excessivas e é bastante silencioso no uso diário. O bom isolamento acústico da cabine contribui bastante para esse resultado. Quando abastecido com etanol, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos (9.9s), o que pode desagradar quem espera mais de um carro premium. A velocidade final é de 202 km/h.

Vale ressaltar que a versão a diesel é ainda mais lenta, então se você quer agilidade considere adquirir o Commander flex. Quando o assunto é consumo, o Commander na cidade consegue fazer quase 10 km/l na gasolina… Andando calmamente, sem acelerações repentinas, atesto que é possível alcançar essa marca. No etanol a média cai para 7km/l. Na estrada o dono deve esperar médias próximas a 12km/l na gasolina e 8,5km/l no etanol. Não está ruim, considerando que o Commander pesa 1.715kg.

O câmbio 6 marchas acoplado ao motor funciona muito bem, permitindo trocas de marcha rápidas, tanto no modo automático, quanto no modo manual (através de aletas no volante, ou através da alavanca localizada no console central). Há o modo SPORT, que deixa as trocas de marcha ainda mais rápidas quando acionado.

Faço questão de registrar que a alavanca do câmbio permite a passagem de marchas da forma que considero a mais intuitiva, ou seja: puxando a alavanca na sua direção a marcha “sobe” e empurrando para frente a marcha “desce” ou “reduz”. Destaco o ponto porque a maioria das montadoras configura o sistema da forma inversa, o que para mim não é a melhor alternativa.  Próximo à alavanca do câmbio está o botão da função auto-hold, que permite ao motorista retirar o pé do freio nos sinais vermelhos, mesmo com o câmbio em “D” (Drive). A função start-stop, disponível no Commander, ainda desliga o motor do carro para economizar combustível e reduzir a emissão de poluentes na atmosfera. Bem legal!!

O Commander conta ainda com piloto automático adaptativo e sistema de leitura de placas de trânsito. O carro pode, portanto, manter-se sempre no limite de velocidade da estrada, de forma semi autônoma, devendo o motorista preocupar-se tão somente com o volante. O sistema permite ao Commander parar completamente, caso o carro da frente pare em função de um sinal vermelho, por exemplo. O sistema aumenta demais o conforto na estrada, devo reconhecer. Em movimento, o Commander se mostra agradável de guiar, o motorista não se sente ao volante de um carro pesado, com mais de 1.700kg. A suspensão é independente nas quatro rodas, apresentando um funcionamento macio e capaz de absorver bem as imperfeições do asfalto, sem transmitir para a cabine pancadas secas desagradáveis, mesmo com as rodas esportivas e pneus de perfil reduzido aro 19 da versão Overland.

O sistema de frenagem de emergência se faz presente e é bastante atuante. Dependendo do estilo de ultrapassagem do motorista, o sistema entra em ação e alerta que há um obstáculo à frente e que o motorista deve considerar frear para evitar acidentes. Se o sistema entender que o risco de acidente é real, ele aciona os freios de modo a minimizar o impacto, ou até evitá-lo, se possível.

O pacote completo de de itens de série do Jeep Commander Overland (lembrando que não há opcionais, é tudo de série) inclui, além dos itens já mencionados na matéria: sete airbags (frontais, laterais, cortina e joelho do motorista); retrovisores externos elétricos, com rebatimento automático; câmera de estacionamento traseira; sensor de chuva; HSA (assistente de partida em rampa); freio a disco nas 4 rodas; detector de fadiga do motorista; tomada auxiliar de 127V; abertura elétrica do porta-malas com sensor de presença (ou seja, dá para abrir o porta-malas passando o pé por debaixo do parachoque); sistema de monitoramento de pressão dos pneus; controle eletrônico anticapotamento; chave presencial com possibilidade de ligar o Commander à distância (remote start); 3a fileira de assentos (sim, o carro tem capacidade para sete adultos… a 3a fileira comporta com algum conforto dois adultos, sendo adequada para trajetos pequenos e médios); portas USB para as três fileiras de assentos; retrovisor interno eletrocrômico; sistema de monitoramento de pontos cegos.

Partindo dos R$224 mil (versão Limited T270), o Commander já é lider do segmento dos D-SUVs (SUVs médios). Há quem defenda que o modelo, na verdade, ocupa uma faixa de mercado sem concorrentes. A versão testada (Overland T270) parte dos R$252 mil, sendo que não há opcionais, é tudo de série. Se o comprador quiser tração 4×4, precisa migrar para uma das versões diesel (Limited – R$277mil ou Overland – R$306mil). A menos que o sistema 4×4 seja essencial, eu optaria por uma das versões T270, considerando que com esse motor o Jeep Commander é mais ágil.

É comum a comparação do Commander com o Toyota SW4, mas acho que a comparação não faz muito sentido. O SW4 é mais bruto, mais “picape”, montado em cima de chassi… É menos confortável que o Commander no asfalto liso. No preço também não são tão comparáveis: o SW4 parte de R$385 mil, enquanto que o Commander oferece versões a partir de R$224 mil, conforme mencionado acima.

O VW Tiguan poderia ser um concorrente, mas está temporariamente fora de linha… O Mitsubishi Outlander não é comparável, além de estar defasado em termos de tecnologia. Chevrolet Trailblazer? Também não dá para comparar, pelos mesmos motivos do Toyota SW4. A Trailblazer é mais bruta, picapona, um SUV raiz, coisa que o Jeep Commander não é. Talvez o modelo que mais se aproxime da proposta do Commander seja o Caoa Chery Tiggo 8, o modelo mais requintado da marca. Custando um pouco menos, o Tiggo 8 também é fabricado no Brasil (Anápolis, Estado de Goiás) e comporta 7 passageiros. O Tiggo 8 é ligeiramente mais ágil que o Jeep, mas perde em conforto e equipamentos. O Jeep é, nitidamente, um carro mais refinado. Talvez o Tiggo 8 seja capaz de “capturar” alguns compradores da versão Limited T270 do Jeep Commander, a versão de “entrada” do Jeep. Do ponto de vista financeiro, talvez o Tiggo 8 faça mais sentido quando comparado a essa versão de entrada do Commander.

O fato é que o mercado já escolheu o campeão do segmento: o Jeep Commander. Tendo gerado uma grande fila de espera logo após o seu lançamento, o carro vem, a meses, liderando as vendas do segmento, vendendo praticamente o dobro de seus concorrentes diretos. Dado que o modelo segue sendo muito procurado e desejado pelos consumidores, a tendência é que o desempenho do Commander nas vendas continue bastante positivo.

*FICHA TÉCNICA:

Mecânica

Motorização 1.3

Combustível             Álcool            Gasolina

Potência (cv)            185     180

Torque (kgf.m)         27,5    27,5

Velocidade Máxima (km/h)           202     200

Tempo 0-100 (s)      9,5

Consumo cidade (km/l)      6,9      9,8

Consumo estrada (km/l)    8,3      11,8

Câmbio          automática com modo manual de 6 marchas

Tração           dianteira

Direção          elétrica

Suspensão dianteira          Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira            Suspensão tipo McPherson e traseira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm)   1.682

Largura (mm)           1.859

Comprimento (mm)             4.769

Peso (Kg)      1.685

Tanque (L)    61

Entre-eixos (mm)     2.794

Porta-Malas (L)        233

Ocupantes    7 

*Dados do fabricante

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