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Avaliação – JAC T40 1.6 DVVT CVT 2021

Fotos Renato Pereira

Xiǎo lǎohǔ*. Deveria ser este o nome escolhido para batizar o Jac Refine S2 – T40 no Brasil – em seu país de origem. Nesta avaliação, o Pequeno Tigre* de Hefei mostra na prática o porque é uma das boas opções para o mercado brasileiro de hatchback compacto.

O nome JAC é uma abreviatura (à moda oriental) de Anhui Jianghuai Automobile Co., Ltd.; Anhui é uma província entre as bacias do Rio Yangtze e Rio Huai, cuja capital é Hefei – sede da montadora -, na região oriental da China. A palavra Jianghuai define, geográfica e culturalmente, um povoado com uma população de mais de 77 milhões de pessoas que habita esta região. Já Automobile se traduz sozinha, o mesmo para Co., (Company) e Ltd. (Limited). Pronto, sabemos agora o que é JAC!

A montadora JAC é uma empresa chinesa, fundada em 1964, inicialmente como fabricante de veículos comerciais leves, chassis de ônibus e caminhões que, posteriormente, dedicou-se também à produção de veículos de passeio, e conta atualmente com avançados centros de tecnologia em Hafei e em Xangai, para além do JAC Italy Design Center em Turim, Itália,  e o JAC Japan Design Center em Tóquio, Japão. Pronto, agora sabemos agora quem é a JAC!

O JAC T40 1.6 DVVT CVT 2021 foi criado para disputar uma fatia do tão desejado segmento dos SUVs que, como um tsunâmi, inundou as ruas de todo o mundo; uma tarefa árdua para a marca chinesa, uma vez que são dezenas de modelos disputando a preferência do consumidor, desde as montadoras mais antigas por aqui até as novatas, oriundas dos quatro cantos do globo no geral e da China em particular. Quem vai levar a melhor? Simples, quem oferecer o melhor produto pelo melhor preço!

Seguindo o exemplo amplo e largo errado das demais montadoras, o T40 1.6 DVVT CVT foi situado no mercado numa faixa onde não deveria estar: classificá-lo como SUV é uma manobra do pessoal do marketing, que não entende nada de engenharia, uma vez que, para começar, o modelo é montado em estrutura monobloco e não tem tração integral. O correto é alocá-lo em seu devido lugar, que é Hatchback Compacto Crossover (que nada mais é do que a mistura dos tipos de carroceria), 5 lugares, 5 portas, onde seus concorrentes diretos Citroën Aircross, Chery Tiggo 2, Hyundai Creta, Ford EcoSport e Lifan X60 também deveriam estar.

O primeiro e mais importante passo para a JAC é comprovar a qualidade de seus modelos de forma mais efetiva, para minimizar ou, até mesmo, eliminar a desconfiança generalizada que o brasileiro nutre por qualquer produto chinês. Parece bem difícil entender que, tanto na China quanto em qualquer lugar do mundo, existem os produtos excelentes, os muito bons, os bons, os médios, os mais ou menos, os ruins e os Deus-me-Livre.  Neste caso, para mostrar quem é quem é que existe a imprensa automotiva e, com base no que é revelado, compra quem quer o que quer, só que sem poder reclamar depois.

Interior

Inesperado! A qualidade do interior do T40 1.6 DVVT CVT é supreendente. Bancos em couro perfurado e, assim como o volante e demais apliques, com costura dupla chamam a atenção logo de cara. Painel completo, com fácil visualização dos mostradores, a atual e indefectível tela touchscreen com todas (e mais algumas) informações e navegabilidade, posicionamento do motorista e passageiro dianteiro excelente, conforto para dois coupantes no banco de trás – um terceiro, como sempre, vai sofrer um pouco -, ótimo espaço livre para as pernas – tanto na frente quanto atrás -, e os encaixes de todos os acabamentos não parecendo que alguém os colocou ali na pressa.

O design conseguiu embutir uma extensa lista de equipamentos de uma maneira incomum aos carros desta faixa de preço, que é a coisa do “coloca aqui e está bom”. Inclusive o JAC Connected Front Camera, um item que poucos carros – de todos os segmentos – oferecem:  trata-se de uma câmera que trabalha em conjunto com o aplicativo JAC View, que possibilita a gravação de fotos, vídeos ou áudio, registrando em cartões SD todo o percurso percorrido pelo o carro. A adoção deste equipamento vem de encontro ao que se faz em todo o mundo civilizado atualmente (só que na base da adaptação) de ter à mão o registro de um acidente, por exemplo, e poder comprovar o que realmente aconteceu.

Exterior

O design exterior é atraente. Ou seja, é bonito e moderno sem os exageros com que a indústria vem nos brindando e, supresa, é possível distinguir os T40 1.6 DVVT CVT entre os concorrentes sem ter de ver o emblema da montadora. Não há nenhum arroubo futurista, desses que enjoam depois do primeiro mês, tampouco voltamos no tempo ao bater os olhos no carro. Novamente, o que chama a atenção é a qualidade dos acabamentos, os encaixes das peças e a pintura da carroceria.

Mecânica.

É sabido que, nos dias atuais, praticamente basta dizer que o carro tem wi-fi e pronto, a nova geração não dá muita bola para o que move – e como move – um carro. Porém, como se pode perceber até aqui, explicar é preciso. Afinal, como dito anteriormente, a função do jornalismo é informar.

O motor é um 4 cilindros em linda, 1.590cm3, 16 válvulas, comando duplo no cabeçote, aspirado, injeção multiponto, com taxa de compressão 10,5:1; o torque máximo é de 17,1 kgfm a 4.000 Rpm, e o torque específico 10,8 kgfm/litro. A potência máxima é de 138 Cv a 6.000 Rpm, e a potência específica 86,8 Cv/litro, o que dá uma relação peso-potência de 8,8Kg/Cv, uma vez que o T40 1.6 DVVT CVT pesa 1.220 kg em ordem de marcha. Ou seja, tudo bastante bem equilibrado. A sigla DVVT significa Double Variable Valve Timing, ou duplo comando de válvulas variável.

Acoplado ao motor está o câmbio CVT com 6 marchas. O termo CVT vem do inglês Continuously Variable Transmission, um sistema de transmissão continuamente variável, que permite criar relações de marchas virtualmente infinitas, sem degraus entre as trocas como acontece nos sistemas manuais, automatizados e automáticos. As principais vantagens do câmbio CVT é que, ao manter o carro sempre na faixa ideal de rotação do motor, reduz-se o consumo de combustível e as trocas são quase imperceptíveis, sem trancos.

A direção tem assistência elétrica e diâmetro de giro de 10,9m, o que ajuda muito em manobras em locais estreitos, e é “esperta” no trânsito conturbado.

As dimensões do JAC T40 1.6 DVVT CVT são de 2.490mm de distância entre-eixos, 4.135m de comprimento, 1.750mm de largura e 1.568mm de altura; seu porta-malas comporta até 450 litros e o tanque de combustível é para 42 litros, o que possibilita uma autonomia média de 485 km na cidade e 508 km na estrada a cada tanque, uma vez que seu consumo fica na casa dos 11,5 km/l na cidade, 12 km/l na estrada – mas não acelerando de 0 a 100 km/h em 11,1s tampouco atingindo a velocidade máxima de 190 km/h. Nenhuma das duas últimas ideias são boas para nenhum carro, diga-se.

Andando

Pelas ruas e estradas, o JAC T40 1.6 DVVT CVT entrega conforto e agilidade. Retomadas rápidas, sem solavancos, o motor quando exigido responde de pronto, porém um tanto áspero, característica dos motores multiválvulas. Os comandos estão facilmente à mão, e a visibilidade é um ponto alto na condução do carro. No entanto, o nível de ruído interno não é dos mais baixos, e isso resolve-se facilmente com a adição de painéis anti-ruído mais eficientes.

Quando se entra em um carro atual, onde tudo é feito em plástico, espera-se uma sinfonia de ruídos estranhos; nesse caso, a qualidade do material empregado nas peças que os designers criaram é essencial para uma ausência total dos irritantes barulhos que o contato plástico-com-plástico proporcionam.

A manobrabilidade é outro ponto alto: o diâmetro de giro, aliado ao entre-eixos bem calculado, fazem do JAC T40 1.6 DVVT CVT um carro bastante agradável para o conturbado trânsito urbano, “cabendo” em vagas apertadas sem esforços (tem câmera de ré no multi-mídia) e, na estrada, não é propenso a se desestabilizar com as passagens de grandes carretas – existem leis de trânsito que, aparentemente, só funcionam para veículos de passeio. As placas sinalizam as velocidades máximas para os tipos de veículos, mas as carretas bi-trem e rodo-trem devem ter uma licença especial para rodarem em velocidades absurdas, que se refletem também na onda de choque do deslocamento do ar que esses edifícios sobre rodas produzem e te jogam para outras faixas.

Subidas e descidas de serras, de forma civilizada, são feitas com tranquilidade, e as buraqueiras típicas de nossas cidades e estradas são superadas sem a sensação de que o carro vai se desmontar.

Resumindo, em minha avaliação o JAC T40 1.6 DVVT CVT é um carro sem deméritos para o dia-a-dia – sem as ufanistas pretensões SUV do marketing -, que supre com louvor as expectativas em um carro compacto, 1.6, automático e moderno. A garantia de 6 anos oferecida pela marca no Brasil é um excelente argumento de venda e o coloca num patamar elevado frente à concorrência.

*FICHA TÉCNICA:

Mecânica

Motorização 1.6

Combustível             Gasolina

Potência (cv)            138

Torque (kgf.m)         17,1

Velocidade Máxima (km/h)           190

Tempo 0-100 (s)      11,1

Consumo cidade (km/l)      11,6

Consumo estrada (km/l)    12,1

Câmbio          CVT com modo manual

Tração           dianteira

Direção          elétrica

Suspensão dianteira          Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira            Suspensão tipo eixo de torção e traseira com barra estabilizadora, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm)   1.568

Largura (mm)           1.750

Comprimento (mm)             4.135

Peso (Kg)      1.220

Tanque (L)    42

Entre-eixos (mm)     2.490

Porta-Malas (L)        450

Ocupantes    5

*Dados do fabricante

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