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Avaliação – JAC J3 1.4 16V VVT Turin 2014

Fotos: Marcus Lauria

Lançado em 2011, o JAC J3 sacudiu o mercado, graças a uma combinação de visual atraente, pacote de equipamentos saboroso, preço abaixo da concorrência e uma pesada ação de marketing em torno do modelo. Destacava-se, ainda, os esforços da montadora em agregar qualidade ao seu produto, buscando diferenciá-lo dos outros modelos chineses à venda no mercado. E de fato conseguia, pois o J3 sempre esteve acima do nível de seus conterrâneos, e nunca deveu nada para alguns nacionais.

Desconsiderando questões tributárias e a reação da concorrência, fato é que o compacto da JAC caiu no gosto dos brasileiros, ainda que suas vendas hoje não sejam aquelas de tempos atrás. Como passou por um facelift recente na China, o J3 vendido no Brasil também recebeu as modificações a partir da linha 2014, ganhando um fôlego extra enquanto a planta da JAC em Camaçari (BA) não inicia suas operações.

No caso do J3 Turin, versão sedã do compacto, o facelift trouxe mudanças consideráveis na dianteira, com novos faróis, grade e para-choque. Fruto de alterações mais discretas, a traseira recebeu novas lanternas, além de um novo posicionamento da lanterna de neblina. Rodas de aro 15 com novo desenho completam as alterações visuais externas.

Ao abrir da porta, nota-se aonde os esforços foram mais concentrados, especialmente no painel, totalmente renovado. As saídas de ar redondas foram esquecidas, enquanto o rádio passou a ser integrado ao painel. Há novos comandos do ar-condicionado, cluster modificado, novo volante, revestido em couro e com controles do som, além de uma alavanca de câmbio mais apresentável. Entre outras mudanças menores, percebe-se também que o revestimento das portas está mais interessante, com novo posicionamento dos comandos dos vidros elétricos.

Ok, pode até parecer estranho o fato do volante ser exatamente a mesma peça vista em carros da Chevrolet. Também é de se estranhar o cluster bem similar ao visto em modelos VW, enquanto a alavanca de câmbio é a mesma peça vista em modelos Ford. Mas convenhamos que estes itens são bem superiores aos vistos no J3 anterior.

Como de costume, o J3 vem bem equipado de fábrica, com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, rádio, ABS e duplo airbag de série. Embora tenha melhorado neste facelift, alguns detalhes continuam sem explicação, como a falta de computador de bordo (embora apareçam indicadores de autonomia e km/l zerados no display), a inexplicável porta micro USB do rádio e os comandos do retrovisor elétrico com atuação invertida. Mas o carro compensa ao oferecer luz traseira de nevoeiro e regulagem elétrica do facho dos faróis.

Acomodar-se no banco do J3 Turin é tarefa fácil, com assento e encosto de tamanho correto. A regulagem de altura da coluna de direção deixa o volante de frente para o seu peito ou entre suas pernas, mas pelo menos a nova alavanca de regulagem tem acionamento suave. É imperdoável não haver regulagem de altura do assento ou do cinto de segurança, embora estejam próximos do ideal para meus 1.90m. Apenas meu joelho direito sofreu com a quina proeminente do painel, algo que não deve ocorrer com condutores mais baixos. O espaço no banco traseiro é apenas razoável para as pernas e cabeça, com o teto roçando em minha careca.

Não há problemas para manobrar o J3 Turin, pois os retrovisores são amplos e a visibilidade é boa para todos os lados. O diâmetro de giro de 10 m está na média da categoria e sua direção hidráulica tem peso correto em manobras. Apesar da carroceria do tipo sedã, são enxutos 4,15 m de comprimento e 1,65 m de largura, excelentes para quase todo tipo de garagem.

Suas dimensões compactas também facilitam o uso na cidade, seja para driblar as intempéries do trânsito, seja para caber nas cada vez mais escassas vagas de rua dos grandes centros. Também na cidade o motor 1.4 16V dotado de comando variável na admissão mostra uma força incomum acima das 3.800 rpm (o torque máximo de 14,1 kgfm chega em 4.500 rpm), embora também permita uma condução em baixos giros sem demonstrar falta de força. Seu câmbio possui engates apenas razoáveis, enquanto sua suspensão macia privilegia o conforto e filtra as imperfeições com louvor.

Ao jogar o sedã compacto na estrada, o motorista corre o risco de ficar viciado no comportamento deste motorzinho de 108 cv em altos giros. O J3 Turin chega fácil na velocidade limite da via e efetua retomadas com bastante agilidade. Seu motor é tão interessante que não precisaria de um câmbio tão curto, que faz o motor girar a quase 4.000 rpm quando estamos a 120 km/h, denunciando assim o fraco isolamento acústico do modelo. Acima de 100 km/h, os ruídos aerodinâmicos e o barulho do motor começam a incomodar. De qualquer maneira, o carro flui tão bem que compensa tais infortúnios. O cx é de baixos 0,29.

Em curvas nota-se que a carroceria rola bastante por conta da suspensão alta e macia, mas uma vez apoiado, o carro segue a trajetória sem sustos, fazendo os pneus GT Radial Champiro 128 de medida 185/60 R15 trabalharem sem dificuldade. A suspensão traseira independente dual link ajuda quando o asfalto na curva não é dos melhores, enquanto a tendência do carro é a neutralidade, um pouco dianteiro no limite. O pedal de freio poderia ser mais comunicativo e menos borrachudo, enquanto a atuação dos freios é boa para os 1.100 kg do carro, com o ABS bem permissivo e suave na trepidação do pedal.

Durante uma semana de teste e mais de 500 km rodados, tivemos de aferir o consumo de Gasolina “na bomba”, devido à falta de computador de bordo. O consumo combinado, com cerca de 60% de estrada, ficou em bons 12,6 km/l, ainda que este que vos escreve tenha sido contagiado pelo ótimo rendimento do pequeno motor em altos giros. O JAC J3 Turin custa R$ 37.990, sem opcionais, e oferece 6 anos de garantia e tem predicados suficientes para justificar sua compra.

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