Avaliação – JAC E-J7 2023
Ele ainda é o sedã elétrico mais barato do Brasil e também um dos sleepers cars que temos por aí, surpreendendo na aceleração e também na eficiência energética. Quem? JAC E-J7.

Por Redação (texto e fotos)
O nome curto esconde um sedã de porte médio e carroceria fastback, com direito a tampa traseira integral, bom espaço interno e bagageiro condizente, mas vacila em alguns detalhes importantes. Custando R$ 234.900, o JAC E-J7 teria tudo para vender bem em sua época, que não é assim tão distante em mercado nacional, mas sim em projeto, mesmo com ajuda da Volkswagen, como dizem na China.
De aparência agradável, o JAC E-J7 tem uma boa harmonização de elementos estéticos marcantes, como as colunas C bem inclinadas e alongadas, bem como teto e colunas em preto, criando assim um aspecto de “saia e blusa” invertido na pintura branca. A frente limpa com faróis full LED afilados e para-choque com elementos expressivos, dão ao JAC E-J7 um ar esportivo, assim como a traseira alongada com lanternas full LED até sobre a tampa.
As rodas de liga leve aro 17 polegadas até poderiam ser maiores, para encorpar o conjunto, mas ainda dão certo equilíbrio ao conjunto, cujas maçanetas das portas são bem pronunciadas e ajudam a engrossar o caldo. Dentro, porém, o ambiente não é tão atrativo quanto o exterior, com formas retilíneas que parecem remeter aos anos 80, dando até para imaginar um vistoso cluster analógico com mostradores grandes e um sistema de rádio toca-fitas com direito à equalizador… Isso seria, à época, ótimo, sem dúvidas.
Mas, de volta ao presente, o visual poderia bem mais trabalhado, com difusores pequenos e “tribais” iluminados que tentam realçar a proposta do JAC E-J7. Ainda assim, material soft touch na cobertura e na parte inferior do painel e em detalhes do acabamento, como com costura trançada nas portas, ajuda a vender.
O volante é antiquado e o cluster digital, apesar de funcional, ainda é da era pré-pandemia, com imitação do antigo cluster do Peugeot 3008, mas as cores dos temas agradam, menos o azul. Já a multimídia é intuitiva e dispõe de Android Auto e CarPlay, o que é uma benção. Câmera de ré e ar condicionado automático também estão nela.
Botão de marchas giratório, freio de estacionamento eletrônico e Auto Hold se apresentam no console, enquanto os bancos de desenho esportivo e acabamento em couro, sempre foram o principal destaque da JAC Motors em seus interiores. O assento do condutor tem aquecimento e ajuste elétrico só em distância.
Atrás, ótimo espaço para as pernas, tendo ainda difusores de ar e entradas USB, além de apoio de braço central com porta-copos e portas no mesmo padrão das dianteiras. Com o teto solar panorâmico, o ambiente fica bem iluminado e isso é ótimo. Já no bagageiro, são bons 520 litros com a tampa sendo acionada eletricamente.
Ao volante, o JAC E-J7 é um sedã médio agradável no dia a dia, porém, desde que se dose bem o pé no pedal, pois é fácil fazer as rodas girarem em falso mesmo em movimento. Com motor elétrico dianteiro de 193 cv e 34,7 kgfm, o sedã da JAC é um sleeper, já que tudo isso vem de uma vez.
Mesmo com os sistemas de assistência, como controle de tração e estabilidade, o E-J7 não se intimida em cantar se o motorista encher o pé no pedal, mesmo no modo Eco. É nesse momento que o chinês não parece ter 1.650 kg de peso e aí a coisa fica divertida.
Sem modo Sport (nem precisa), o JAC E-J7 pode até flutuar a frente, dependendo das condições, dada a disponibilidade imediata de força. Mas, é aí que você percebe que ele precisaria de mais controle dinâmico e isso vai desde rodas maiores, com pneus 225 até um acerto mais firme de suspensão e direção que, aliás, é leve demais.
Para um carro que vai de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos e com final de 150 km/h, poderia estar “mais no chão”, mas sabemos que é assim que o chinês gosta de andar e nem todas as mudanças que a SHC (grupo que representa a JAC no país) fez, deram certo. Ele ainda tem o comportamento de um carro “morno”.
Por isso, em situações onde é preciso dar pé, mesmo em movimento, o JAC E-J7 pode passar a impressão de que o condutor está “tirando uma” fazendo cantar os pneus. A culpa é do carro, viu gente? Bem, com essa maciez toda, a estabilidade não surpreende e a tendência de sair de frente fica bem nítida, quando se tem que tirar o pé e corrigir, mas nada que um motorista comum não execute com segurança. Apesar do desempenho, frisamos que não se trata de um esportivo. Fica a dica.
Na eficiência, a resposta é boa com 12 kWh/100 km na cidade e 16 kWh/100 km na estrada, o que é ótimo, com autonomia no computador de 400 km, embora o Inmetro diga é que 249 km. Realmente, é mais que isso pois sua bateria de 50,1 kWh responde bem no armazenamento de energia, assim como o i-Pedal, o freio-motor regenerativo que poupa também os freios.
Ele atua mais no modo Eco e você pode ajustar a intensidade também, garantindo assim mais recuperação energética em declives, desacelerações e mesmo diante de frenagens inevitáveis. Ao longo prazo, essa funcionalidade será benéfica para o bolso. Na hora de carregar, a portinhola frontal se ergue automaticamente e expõe dois plugues, mas ambos são de um padrão não usado normalmente no Brasil, que é o Tipo 2 de cinco pinos. Para resolver a questão, a JAC disponibiliza um adaptador, que só é bom por ampliar o alcance do cabo do carregador público.
O JAC E-J7 oferece ainda um cabo de carregamento doméstico com plugue de 20 amperes, o que necessita de uma tomada específica. Já o tempo de recarga é bom, com 7 horas direto num carregador público ou mais de 12 horas no carregador doméstico. Todavia, com este último a repor toda a energia gasta no dia a dia urbano e acrescentando mais em umas 8 horas puglado, não se precisará deixa-lo com 100% de carga todo o dia, o que também não é recomendável.
Assim, com os 402 km com a bateria cheia, pode-se trabalhar bem diariamente e com segurança, sem medo da tal ansiedade de alcance, que acomete alguns donos de certos modelos elétricos. Viagem? Precisa ser, infelizmente, bem planejada, dependendo do destino. Alguns lugares do país e mesmo regiões próximas aos grandes centros, ainda estão “longe” de ter infraestrutura adequada.
De qualquer forma, com o custo baixo da recarga, especialmente se for público, embora recomendemos a doméstica por praticidade, o JAC E-J7 manda bem. Pena que falte a ele um pacote ADAS com ACC, assistente de faixa e coisas que a concorrência já oferece. Para infelicidade dele, seu preço fica bem onde players de peso, igualmente chineses, estão mandando no mercado. Assim, fica difícil escolher o JAC, exceto se você quiser um sedã de perfil esportivo. Então, nesse caso, manda ver!
*FICHA TÉCNICA:
Motor – elétrico
Potência – 193 cv a 0 rpm
Torque – 34,7 kgfm a 0 rpm
Transmissão – 1 marcha
Bateria – 50,1 kWh
Direção – elétrica
Freios – disco nas quatro rodas
Suspensão dianteira – McPherson
Suspensão traseira – Multilink
Rodas – Liga leve aro 17 polegadas com pneus 215/55 R17
Comprimento – 4770 mm
Largura – 1820 mm
Altura – 1510 mm
Entre eixos – 2760 mm
Porta-malas – 520 litros
Peso – 1.650 kg
*Dados do fabricante