Avaliações de motosMotosNotícias
Tendência

Avaliação – Honda XRE 300 Adventure 2022

A moto que te leva a qualquer lugar (paredes, muros e cercas serão os seus únicos limites

Por Arnaldo Bittencourt (texto e fotos)

A Honda XRE 300 começou a ser produzida no Brasil em 2009, tendo como missão substituir as lendárias Tornado 250 e NX-4 Falcon 400. Após 13 anos no mercado, a Honda XRE segue vendendo muito bem, merecendo o título de campeã de vendas.  Ao longo do período, o modelo recebeu algumas alterações mecânicas e reestilizações. A última mudança ocorreu em 2019, trazendo algumas mudanças importantes à moto. Apesar de ser campeã de vendas há mais de uma década, a XRE esteve envolvida em uma polêmica que até hoje rende comentários: a famosa história da trinca no cabeçote com baixa quilometragem.

De acordo com o levantamento que fiz sobre o tema, o problema ocorreu principalmente em unidades que eram submetidas a situações extremas de uso e não tinham a manutenção executada conforme o prazo definido no manual do proprietário (que pouca gente lê, vamos ser sinceros). Daí as trincas ocorriam e era necessário acionar a garantia da Honda. Após mudanças no motor executadas no modelo 2016, o problema foi sanado em definitivo.

Na reestilização de 2019, além da tradicional alteração nos grafismos, o para-lamas superior, que era grande e bicudo, foi redesenhado, ficando mais harmonioso e moderno. Outra modificação bastante relevante ocorreu no sistema de iluminação da moto, que passou a ser totalmente em LED. A moto também ganhou nova alça para a garupa e perdeu aproximadamente 5kg, aprimorando a sua maneabilidade durante a pilotagem. Além disso, deixou de existir a versão sem freios ABS.

A versão da XRE que testei é a Adventure, apresentada ao mercado em 2017. Além dessa versão, a Honda oferece outras duas opções: a XRE 300 ABS e a XRE 300 Rally. Os preços das versões são bastante parecidos, girando em torno de R$23 mil (março 2022). A proposta da XRE 300 é atender ao piloto tanto no ON quanto no OFF (“road”, ou estrada). Ou seja, a moto foi feita para rodar na cidade, encarando muito bem os pavimentos ruins que dominam as áreas urbanas brasileiras, podendo também ser usada em área rural. Consegue andar em rodovia, mantendo uma velocidade de cruzeiro em torno dos 110 km/h. Acima disso, o motor não funciona de forma macia.

O motor que equipa todas as versões da XRE 300 é o mesmo. Derivado do motor 249cc da Tornado, o motor OHC monocilíndrico arrefecido a ar da XRE dispõe de 291cc, entregando uma potência máxima de 25,4cv a 7.500 rpm na gasolina, ou 25,6cv a 7.500 rpm no etanol. O torque máximo é de 2,76 kgf.m a 6.000 rpm na gasolina, ou 2,80 kgf.m a 6000 rpm no etanol.

O câmbio da moto é de cinco velocidades e acionamento bastante macio e preciso, como toda moto Honda. A transmissão da potência do motor para a roda é por corrente. Seu peso é de 148kg (seco).  Considerando esses atributos, a XRE consegue acelerar de 0-100 km/h em aproximadamente 11 segundos. Sua velocidade final fica na casa dos 130 km/h. É por isso que digo e insisto… A XRE encara uma estrada, mas não é a praia dela. Em ultrapassagens pode faltar potência, principalmente se o piloto estiver trazendo garupa. Além disso, por só ter cinco marchas, fica aquela impressão de motor funcionando no limite, gerando no piloto aquela vontade de engrenar uma inexistente sexta marcha. Considerando que as lendárias Twister e Tornado tinham seis marchas, entendo que a Honda poderia ter equipado a XRE com o mesmo câmbio.

Com um tanque de 13.8 litros de capacidade, o consumo da XRE gira em torno de 25-28 km/l. Isso proporciona uma autonomia de aproximadamente 350 km com um tanque de combustível. A moto vem equipada com rodas raiadas aro 21” na dianteira e aro 18” na traseira, projetadas para a máxima performance em qualquer terreno. As suspensões possuem uma calibragem muito boa, absorvendo bem os buracos sem ser molenga no asfalto liso. A dianteira conta com um garfo telescópico com curso de 245mm. Já na traseira a moto usa o tradicional sistema pro-link, com ajuste de pré-carga, garantindo conforto e segurança para o piloto e eventual garupa.O sistema de freios ABS da XRE atua nas rodas dianteira e traseira da XRE, trazendo mais segurança para o piloto.

O painel de instrumentos da XRE 300 Adventure é do tipo black-out (visor escurecido com caracteres na cor ambar) e 100% digital. Conta com velocímetro, hodômetro parcial e total, marcador de nível de combustível, conta-giros, relógio e luzes-espia (neutro, farol alto, ABS, etc). A visualização é muito boa, mesmo com o sol batendo diretamente no painel. Nunca confie no nível do combustível indicado no painel quando a moto estiver apoiada no descanso lateral. Nessa situação, o marcador pode indicar tanque cheio, mas ao montar na moto, o nível cai pela metade. Pode parecer óbvio, mas às vezes a gente se distrai e checa o combustível com a moto no descanso. No caso da XRE, isso pode efetivamente causar problemas.

A chave é convencional, portanto nada de sistema keyless. Isso é esperado, considerando a faixa de mercado que a moto está situada. Me diverti muito com a XRE Adventure durante o teste, aproveitei cada momento com a moto. Graças ao bom torque do motor, a altura da moto e ao tamanho do guidão, a moto é muito ágil no trânsito urbano. É esguia, então manobra bem entre os carros e é bem leve nas manobras em locais apertados. Também não é exageradamente alta.

Como é bonita e traz o logo da Honda, chama muita atenção na rua, atraindo muitos olhares. Algumas pessoas chegaram a comentar comigo: “nossa, que moto legal, penso em comprar uma, queria muito ter uma XRE, mas fico com receio de comprar por conta dos assaltos. Lá na minha rua, um vizinho tinha e foi roubado na porta de casa…” Essa é uma triste realidade dos centros urbanos brasileiros que atrapalha consideravelmente a venda das motos. Os fabricantes deveriam se unir e lançar um sistema de bloqueio e localização da moto muito seguro, inviolável, capaz de desestimular em definitivo os roubos.

Na cidade e na estrada a moto mostrou-se uma ótima companheira durante o teste. A posição de pilotagem é bastante ereta e a carenagem frontal desvia parte do vento que empurra o corpo do piloto para trás. Para a cidade é adequada, já na estrada não é o ideal. Instalando uma dessas “bolhas” (para-brisa frontal) disponíveis no mercado de acessórios, a proteção aerodinâmica melhora bastante.

Ao final do teste, fiquei com vontade de comprar uma XRE para mim. Comparei com a BMW G310GS que tenho para uso pessoal e confesso que tive dificuldade para justificar a significativa diferença de preço entre os dois modelos (R$14 mil). Imagino que não preciso escrever mais nada, concorda?

*FICHA TÉCNICA:

Motor:

Refrigeração Ar

Qtde cilindros 1

Capacidade 291,6 cm³

Potência 25,6 CV

Torque 2,8 kgf.m

Câmbio 5 marchas

Geral:

Tanque Combustível 13,8 litros

Velocidade Máx. 145 km/h

Consumo Médio 28 km/L

Dimensões:

Comprimento 2.195 mm

Largura 838 mm

Altura 1.215 mm

Entre-eixos 1.417 mm

Distância do solo 259 mm

Altura do assento 860 mm

Peso Seco 148 kg

Chassi:

Freio dianteiro Disco 256 mm

Freio traseiro Disco 220 mm

Pneu dianteiro 90/90-21

Pneu traseiro 120/80-18

ABS Sim

Controle de Tração Não

Outros:

Painel totalmente digital Sim

Painel Digital em LCD ou TFT LCD

Iluminação Full-LED Sim

*Dados do fabricante

Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo