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Avaliação – Honda CRF1100L Africa Twin 2021

Que tal ter na garagem uma moto com mais de 30 anos de história, concebida para competir no famoso Rally Paris-Dakar?

Por Arnaldo Bittencourt – Fotos: Marcus Lauria e Arnaldo Bittencourt

Maravilha, cá estamos nós escrevendo novamente sobre motos, essas máquinas incríveis que atraem uma legião de fãs ávidos por aventuras.  Nas linhas vocês descobrirão mais a respeito da histórica Honda CRF1100L Africa Twin (ou simplesmente AT, para os íntimos), criada há mais ou menos 30 anos na fábrica da Honda Racing Corporation (HRC) para correr o Rally Paris-Dakar, uma verdadeira lenda do deserto africano.

CONFIRA O VÍDEO: https://youtu.be/XuEkyFcvwiU

O foco da moto, inicialmente voltado totalmente para a competição, foi mudando ao longo dos anos, ela acabou ganhando peso e o acabamento não era mais o mesmo, até o momento em que a Honda resolveu tirar o modelo de linha em 2003. Em 2016, a Honda relançou a icônica Africa Twin como uma resposta à BMW GS1200, Ducati Multistrada e Triumph Tiger, voltando a oferecer uma moto de ótima relação peso-potência, tal como nas versões iniciais da AT.

A versão testada, lançada em 2020, está disponível em duas versões: CRF 1100L Africa Twin ou CRF 1100L Africa Twin Adventure Sports ES, sendo que a primeira parte dos R$73 mil e a segunda dos R$93 mil (sem incluir o frete). Em relação a versão de entrada, a AT Adventure Sports traz suspensão com ajuste eletrônico pelo painel, pneus sem câmara, mais possibilidades de ajuste do parabrisa, iluminação de curva nos faróis, 6 litros a mais no tanque de combustível, manoplas aquecidas, apresentando assim uma vocação mais “touring”.

A versão de entrada, por ser mais leve e esguia, tem uma proposta mais offroad. O motor que equipa todas as versões é o mesmo. Contando agora com 1084cc, o bicilíndrico paralelo refrigerado a água entrega uma potência máxima de 99,3cv a 7.500 rpm, enquanto que o torque máximo é de 10,5 kgf.m a 6.000 rpm. Esse propulsor possibilita uma pilotagem ágil e bastante rápida em baixas velocidades, devido ao seu ótimo torque.

A entrega de torque e potência é bastante precisa, graças à tecnologia aplicada pela Honda no acelerador eletrônico da AT, que faz uma leitura minuciosa da intensidade de aceleração aplicada pelo piloto, garantindo assim respostas imediatas do motor. Vale lembrar que as duas versões podem vir equipadas com a transmissão sequencial de 6 velocidades convencional ou com uma sofisticada transmissão de dupla embreagem (DCT) que é uma verdadeira maravilha da engenharia, oferecendo trocas de marcha super rápidas e permitindo ao piloto escolher entre três diferentes configurações (uma manual e duas automáticas). O DCT acrescenta R$ 6 mil ao preço da moto.

A versão disponibilizada para o teste foi a versão de entrada, com transmissão sequencial de 6 velocidades convencional (embreagem multidisco banhada a óleo). Muito ágil, segura e fácil de pilotar, a versão está disponível nas cores “Vermelho Grand Prix” e “ Preto Metálico”, todas duas casando perfeitamente com a moto. O modelo que testei era na cor Vermelho Grand Prix, que mistura harmoniosamente detalhes em vermelho e preto.

O design é muito elegante, principalmente na parte frontal. As linhas esportivas e aerodinâmicas frontais mostram que o modelo prioriza leveza e esportividade.Os faróis são duplos, em full led, acionados automaticamente, trazendo sistema de luzes diurnas (DRL). A visibilidade em qualquer hora do dia está, deste modo, garantida. Já as setas possuem aviso de parada de emergência e auto cancelamento (desligam sozinhas).

Ergonomicamente, a moto foi desenhada para maximizar a experiência em pilotagem, otimizando o conforto e a tecnologia, sem abrir mão da lendária capacidade off-road. Por essa razão, a estrutura da moto está mais leve e esguia. Tanto a balança quanto o quadro e o subchassi derivam das CRF 450 usadas no Rally Paris-Dakar, e foram desenvolvidas para reduzir a massa suspensa na parte traseira da moto. O pára-brisas da AT possui uma regulagem baixa para favorecer uma pilotagem de performance, principalmente no off-road.

A moto vem equipada com rodas raiadas aro 21” na dianteira e aro 18” na traseira, projetadas para a máxima performance em qualquer terreno. O sistema de freios ABS da AT funciona integrado a uma unidade eletrônica de medição inercial, podendo atuar com precisão graças aos sensores instalados nas rodas, mas também os sensores que monitoram os seis eixos da moto. O piloto pode desativar o ABS por completo, bem como escolher entre dois modos de funcionamento do sistema voltados para o uso on-road e off-road. Nas curvas, o ABS também faz uso dos sensores para aplicar a frenagem ideal em cada roda, considerando o ângulo de inclinação da moto, além da sua desaceleração e taxa de deslizamento das rodas dianteira e traseira. Toda essa tecnologia melhora a pilotagem e traz mais segurança para o piloto.

Graças a essa unidade de medição inercial instalada na AT, a moto também oferece controle de “wheelie”, que é quando a roda dianteira perde o contato com o solo. O sistema apresenta 3 níveis de atuação e pode ser desligado. É claro que a AT também oferece um sistema para controlar o deslizamento da roda traseira, sendo capaz de proporcionar a tração ideal em qualquer tipo de terreno. A Honda denomina esse sistema de “Honda Selectable Torque Control”, ou HSTC, que atua limitando eletronicamente o torque da moto para manter a tração sob controle.

A suspensão da AT é invertida na dianteira e tem um diâmetro de 45mm, mantendo 230mm de curso. Já a suspensão traseira conta com 220mm de curso, sendo que ambas oferecem ajuste de pré-carga. Durante o teste percebi que a suspensão oferece ótima sensibilidade, sendo compatível com um estilo de pilotagem mais esportivo, mas sem abrir mão do conforto. O painel de instrumentos da AT é composto por um display TFT colorido touchscreen de 6,5 polegadas, além de um pequeno e útil painel digital auxiliar. O objetivo do painel auxiliar é manter as principais informações necessárias à pilotagem sempre à vista, permitindo assim que a tela principal de 6.5 polegadas seja totalmente dedicada a outras funções. Nesse painel auxiliar é possível visualizar, portanto, informações como velocidade, marcha engatada e uma série de luzes-espia.

Já o painel principal possui uma visualização excelente, mesmo sob luz solar direta. Não achei a interface, entretanto, muito intuitiva. Tive de apelar para o manual da moto para entender o funcionamento de algumas funções. Não encontrei com facilidade, por exemplo, onde se aciona o menu de configurações do painel. Só lendo o manual consegui descobri como fazer. Também percebi uma certa lentidão no uso do painel, principalmente logo após ligar a moto, como se o sistema precisasse de um tempo para carregar suas funções. Imagino que o problema possa ser resolvido com atualizações de software.

Através desse painel o piloto seleciona diferentes modos pré-definidos que otimizam o comportamento da moto de acordo com o estilo de condução individual e as condições da estrada. Refiro-me a seis modos de pilotagem: Tour (mais esportivo, oferecendo estabilidade máxima), Urban (próprio para a cidade), Gravel (mais segurança em estradas escorregadias), Off-Road e User 1 e User 2 (esses dois últimos inteiramente personalizáveis).

O painel principal ainda oferece conectividade com o celular e comunicadores via bluetooth, além de possibilitar o uso de Apple CarPlay e Android Auto via cabo (seria nota 10 se os dois pudessem funcionar sem a necessidade de cabo). A versão testada possuía uma chave convencional, portanto nada de sistema keyless.

A AT oferece ao piloto, entretanto, piloto automático, facilmente acionado através de comandos no guidão. O tanque de combustível tem 18,8 litros de capacidade, conferindo boa autonomia à moto. Durante o teste, a moto apresentou um consumo médio de 18km/l, ficando dentro do padrão da categoria. Pilotando de modo mais suave, consegui médias na casa dos 21km/l, um número que considero excelente para uma moto dessa categoria e proposta.

Me diverti muito com a AT durante o teste, aproveitei cada momento com a moto. Graças ao excelente torque, a moto é muito ágil no trânsito urbano. É esguia, então manobra bem entre os carros e não é excessivamente pesada nas manobras em locais apertados. Também não é exageradamente alta. Como é bonita e traz o logo da Honda, chama muita atenção na rua. Durante a gravação do vídeo na região do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, mais de uma pessoa perguntou informações sobre a moto, perguntando se eu estava me preparando para fazer uma viagem ao redor do mundo com ela. Um dos curiosos, mais ousado, pediu para sentar na moto e experimentar a sensação proporcionada pelo cockpit da AT. Na estrada a moto mostrou-se uma ótima companheira, com as carenagens e o parabrisa oferecendo uma proteção aerodinâmica bastante adequada.

Ao final do teste, fiquei com vontade de comprar uma Africa Twin para mim. Acho que não preciso escrever mais nada, certo?

*FICHA TÉCNICA:

Motor:

Refrigeração Líquida

Qtde cilindros 2

Capacidade 1.084 cm³

Potência 99,3 CV

Torque 10,5 kgf.m

Câmbio 6 marchas, manual ou automatizado DCT

Geral:

Tanque Combustível 18,8 litros

Velocidade Máx. 220 km/h

Consumo Médio 20 km/L

Dimensões:

Comprimento 2.328 mm

Largura 958 mm

Altura 1.396 mm

Entre-eixos 1.574 mm

Distância do solo 250 mm

Altura do assento 870 mm (com ajuste para 850 mm)

Peso Seco 206 kg (versão MT), 216 kg (DCT)

Chassi:

Freio dianteiro Disco Duplo 310 mm

Freio traseiro Disco 256 mm

Pneu dianteiro 90/90-21

Pneu traseiro 150/70-18

ABS Sim

Controle de Tração Sim

Outros:

Painel totalmente digital Sim

Painel Digital em LCD ou TFT TFT colorido 6,5″

Iluminação Full-LED Sim

*Dados do fabricante

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