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Avaliação – Honda Civic 2.0 i-VTEC EXL CVT 2017

Fotos: Marcus Lauria

Quando a oitava geração do Honda Civic foi lançada em 2006, com linhas que ainda hoje não envelheceram, foi difícil imaginar que a marca japonesa pudesse ousar ainda mais no desenho do seu carro mundialmente famoso. Isso ficou ainda mais claro depois da nona geração, que transformou o Civic em um carro visualmente mais sisudo, sem perder a dinâmica afiada, felizmente. Porém, eis que a décima geração surgiu, e fomos surpreendidos novamente.

O novo Civic veio para quebrar completamente os paradigmas a respeito de como deve ser um sedã. Seu estilo é tão ousado, que o Chevrolet Cruze já nasceu velho, embora tenha sido totalmente renovado. O mesmo pode ser dito sobre o Toyota Corolla e qualquer outro sedã do nosso mercado. Mas todo carro com visual que foge aos padrões costuma causar reações de amor e ódio nas mesmas proporções. Conheço poucas pessoas que detestaram o visual dessa décima geração, e elas são superadas numericamente pelos pescoços dobrados cada vez que o Civic passa na rua.

Parte do hype vem do fato do Civic ser novidade, mas o sedã encanta com a linha do teto diferenciada na parte traseira, lembrando um coupé. Encanta também na altura de rodagem bem baixa e nas rodas bem casadas com o carro. Suas lanternas em LED com formato de bumerangue roubam a cena durante a noite e, na frente, o desenho do capô visto lateralmente remete a carros bem mais caros.  De fato o novo Civic exala esportividade pelos poros, e pode ser esse o motivo pelo qual tanta mudança não tenha sido suficiente para superar o Corolla em vendas.

Explico: é um pouco embaraçoso andar com o Civic, devido ao nível de atenção que ele chama. Para alguns, isso é bom, mas para o consumidor típico de sedãs médios, um pouco de discrição vem a calhar. Claro que há aqueles que apreciam os bancos em posição baixa, o volante afiado com respostas rápidas e o estilo atraente do carro, mas na prática, quem tem esse montante de dinheiro para investir em um carro e ainda não se sente “tiozão”, tem nos hatches médios uma opção bem interessante em dinâmica e desempenho. Não é à toa que muitas pessoas me perguntaram se eu escolheria Civic ou Golf, mesmo sendo dois carros de categorias distintas, mas com preço semelhante.

Deixando o visual externo de lado e entrando no carro, nota-se um bom padrão de acabamento, com plásticos de boa qualidade, arremates corretos e um estilo moderno do painel. A ousadia do painel de dois andares deu lugar a um cluster mais simples e funcional. Seus bancos em couro apoiam bem o corpo em curvas e entregam conforto suficiente para longas horas de viagem. Há um bom espaço interno para todos os ocupantes, mesmo os mais altos, e o porta-malas agora carrega ótimos 519 litros.

Manobrar o Civic não é complicado, embora o diâmetro de giro de 11,9 m seja bem elevado. Mesmo com a posição de dirigir bem baixa, há boa visibilidade pelos retrovisores e pelos vidros laterais. Na traseira, apenas a câmera de ré serve de auxílio, visto que o carro não conta com sensores de estacionamento.  Devido à rapidez da direção, é necessário tomar cuidado em curvas para não subir o meio-fio ou agredir pilastras, visto que a direção bem direta do Civic requer menos voltas no volante do que estamos acostumados em outros carros.

Nessa versão testada, o motor 2.0 16V é um velho conhecido, rende 150/155 cv @ 6.300 rpm (G/E) de potência e 19,3/19,5 kgfm @ 4.800 rpm (G/E) de torque, e agora vem casado a uma transmissão CVT com opção de trocas sequenciais simuladas. Fato é que o casamento do powertrain merece aplausos, tamanha a suavidade de funcionamento do motor e, especialmente, sua economia de combustível: fez 11,8 km/l na cidade e 16,6 km/l na estrada, com gasolina e ar-condicionado ligado. O desempenho também é convincente, como demonstram os 10 s gastos para acelerar de 0-100 km/h.

Rodando com o Civic na cidade, nota-se que a veia esportiva do carro não afeta muito sua aptidão para lidar com buracos e lombadas. O carro, embora seja bem baixo, tem altura de rodagem compatível com a maioria dos quebra-molas que encarei. Sua suspensão filtra as irregularidades com valentia, mas deixa escapar algumas pancadas secas quando o asfalto é crocante demais. Já o câmbio CVT garante um rodar tranquilo, entregando desempenho coerente em qualquer situação.

Já na estrada o Civic extrai um belo sorriso do motorista, com um comportamento impecável em curvas e respostas rápidas da direção. Fica aquela impressão que os limites do carro são maiores do que os seus limites e, se algo sair do controle, há recursos eletrônicos para manter o Civic na linha. Seus freios são ótimos, o isolamento acústico é de qualidade e a suavidade de rodagem é exemplar. Uma pena que o motor 2.0 seja apenas cumpridor, pois falta torque para uma puxada mais vigorosa como a oferecida por concorrentes como o Cruze, com motor 1.4 turbo.

A versão EXL testada é a top de linha com motor 2.0, e sai por R$ 105.900. Vem bem equipada, com ar-condicionado dual zone, central multimídia com tela de 7″, 6 airbags e controles de tração/estabilidade, entre outros itens. Porém, são deixados de fora itens triviais na concorrência, como sensor de chuva, retrovisor eletrocrômico e chave presencial, itens disponíveis apenas na versão Touring, R$ 19.000 mais cara e equipada com motor 1.5 Turbo. Na prática, o preço é um pouco elevado, mesmo se tratando de um carro com refinamento dinâmico tão evidente. Itens comuns na concorrência fazem falta no Civic, e esse acaba sendo o seu maior defeito.

CONFIRA NOSSO VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=Q-24Qs94c7E

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