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Avaliação – Honda Civic 2.0 EXL CVT 2020

Geração 10 merece nota 10?

Fotos: Marcus Lauria

 Caro leitor, nas linhas a seguir estão as minhas percepções acerca do Honda Civic EXL 2020, gentilmente cedido pela Honda do Brasil. Então vamos lá, gostaria de iniciar apresentando as minhas conclusões. Isso mesmo, vamos começar pelo final, daí caso o nobre leitor não possa seguir o texto até o final pelo menos saberá o que penso desse Civic.

Sinto-me seguro em afirmar que o Civic é um carro muito bem construído, tem ótimo acabamento e visualmente arrojado, tanto interna quanto externamente. Suspensão firme, sem comprometer o conforto. Apesar de defasado em relação à concorrência, o motor 2.0 do Civic dá conta do recado. O câmbio CVT que simula 7 velocidades, com possibilidade de troca de marchas por aletas no volante, permite uma condução esportiva, com trocas rápidas, capaz de agradar os gearheads que buscam um maior controle sobre o carro. O acerto de suspensão, direção e posição de dirigir são evidências de que a Honda, felizmente, manteve o tradicional tempero esportivo na receita que deu origem à 10ª geração do Civic.

Os pontos positivos a destacar são: (i) painel digital completo, de fácil visualização, que dispensa cliques em botões para acessar as principais funções do  carro; (ii) funcionamento exemplar do câmbio automático, com troca de marchas por borboleta (acabou com meu preconceito em relação aos CVTs); (iii) Acabamento interno esmerado, digno de carros de categorias superiores; (iv) função “brake hold”, que faz desaparecer aquela sensação comum nos automáticos de “carro que anda sozinho” (deveras interessante para quem não está habituado com câmbios automáticos); (iv) possibilidade de configurar a altura do banco e do volante de uma forma bastante esportiva (sentado lá embaixo, com as pernas esticadas… Mas calma, dá para dirigir com o banco lá em cima também, estilo SUV); (v) Design arrojado do carro, difícil desagradar alguém.

Há pontos negativos nesse campeão de vendas da Honda? Sim, é claro que há, senão vejamos: (i) pescoço de ganso no porta-malas (as alças da tampa do porta-malas roubam espaço das bagagens); (ii) motor defasado em relação à concorrência, o que prejudica o consumo e o desempenho (nem injeção direta tem) (iii) senti falta de mola a gás para manter o capô aberto (deveria ter essa comodidade, considerando o preço); (iii) o sensor de estacionamento dianteiro é muito sensível (você vai ter vontade de desligar o sensor porque ele aciona toda hora com o carro em movimento, daí na hora de manobrar você esquece que ele está desativado, encaixa aquela marcha a “ré nervosa” e aí…).

Está gostando do texto? Pois bem, continue aqui comigo se tem interesse em saber mais, vamos juntos esmiuçar os detalhes dessa versão EXL que custa, aproximadamente, R$112 mil. Externamente o Civic parece um carro de categoria superior. Com uma distância entre eixos de 2.700mm, 1.433mm de altura, 4,641mm de comprimento e 1.799mm, o Civic é um sedan de respeito. Cinco passageiros cabem com conforto, sendo que atrás é possível colocar cadeirinhas de criança tradicionais ou Isofix sem que a criança fique chutando o banco da frente (fico tenso com isso, confesso).

Os faróis com projetor apresentam um visual atraente, pena não serem em LED na versão EXL (full led só na Touring, a versão mais cara). No EXL, a grade do radiador e os acabamentos em torno dos faróis de neblina são cromados, dando ao carro um visual mais requintado.  Olhado o carro de lado dá para perceber as linhas da traseira, em estilo “fastback”, além das belas rodas aro 17. Na versão EXL, as rodas levam uma tinta escura, em linha com as últimas tendências da indústria.

Já na traseira, as vistosas lanternas em LED em forma de bumerangue, avançam pela tampa do porta-malas formando um conjunto harmonioso. E dentro do carro, como é? O acabamento interno é muito bom para categoria. Há muita textura macia ao toque (“soft touch”) e no painel há aquele acabamento que imita costura em couro. No console central há materiais em black piano e peças plásticas imitando metal. O visual é bonito e as peças transmitem qualidade ao toque.

O teto do carro recebeu uma forração em preto, assim como a coluna A (aquela parte do carro que atrapalha a visão quando você entra numa rua e fica sem saber se tem pedestre atravessando). Um detalhe interessante é o espaço vazado na base do painel, coisa que antes era exclusividade da Volvo. Nesse local estão as saídas do sistema multimídia, dentre elas a entrada USB que permite ativar o Apple Car Play e Android Auto através de conexão com o celular, bem como uma entrada HDMI que permite expor vídeos no multimídia (apenas com o veículo parado).

A instrumentação digital, agora disponível a partir da versão EXL é muito funcional e dá um toque de modernidade. Quando aceso, em conjunto com a tela de 7” do sistema multimidia da versão EXL (completo, movido pelo sistema Android da Google), passam aquela sensação de estar dentro de uma nave espacial.

Ao volante é possível ajustar o banco de maneira a alcançar uma posição de dirigir bem baixa, de caráter mais esportivo. É possível dirigir “no alto” também, em estilo SUV. Por falar em volante, a pegada é excelente. Forrado em couro de boa qualidade, há borboletas fixadas na parte de trás, que acompanham a mão do motorista nas curvas. A assistência elétrica disponível em todas as versões facilita a arte de virar o volante em manobras.

Vale destacar que as principais novidades da linha 2020 do Civic podem ser vistas no interior do carro. No caso da versão avaliada (EXL), o carro recebeu o já mencionado cluster digital, ar condicional digital dual zone com saída para o banco traseiro, sensor de chuva, chave presencial e partida por botão. Quando colocado em movimento, o carro revela mais atributos positivos.

O carro acelera bem, a suspensão filtra perfeitamente as imperfeições do asfalto sem ser molenga.  O câmbio CVT, na posição “D” cumpre a sua função com competência. Dá para beliscar as borboletas para descer ou subir marchas. Andando normalmente, em “D”, usei as borboletas para descer marchas e obter freio motor nas descidas.

Se o motorista desejar andar mais forte, vale a pena colocar a alavanca do câmbio na posição “S”… Pois é, o comportamento do carro muda bastante. Usando o câmbio no “S”, em modo automático, o carro estica mais as marchas, mantendo o motor “cheio” a maior parte do tempo, deixando o carro pronto para responder ao menor toque no acelerador. Agora, se o motorista quiser assumir de verdade o controle do Civic, basta beliscar uma das borboletas. Pronto, agora “a nave” está em suas mãos! O câmbio simula 7 marchas deliciosas de serem usadas. Basta acelerar e trocar de marcha com um clique na borboleta, estilo F1! As trocas são rápidas, sem “lag”. Nas reduções é a mesma coisa… Basta um clique na borboleta para descer uma marcha e o carro grudar no asfalto.

O câmbio CVT desse carro colocou em xeque o preconceito que eu tinha com as caixas CVTs. É verdade que, no modo automático, a sensação não mudou muito, mesmo com a simulação das 7 marchas… Andando em ritmo normal, o câmbio responde como qualquer automático, não se nota muita diferença. Quando você afunda o pé surge a diferença que eu não curto. O giro do motor sobe e fica estático em alta rotação. O carro acelera, mas a impressão é de que a transmissão  está patinando. A mudança de paradigma está, com efeito, no divino modo “S” manual. Aqueles que curtem câmbio manual deveriam experimentar esse carro e ver o prazer que um CVT bem configurado pode entregar ao motorista que busca um toque de esportividade.

O Civic 2020 está cheio de cartas na manga para enfrentar o seu arquirrival (o Corolla). A questão é que o Corolla também foi reformulado recentemente, e vem recheado de tecnologia. No mês de novembro, o Corolla vendeu praticamente o dobro de unidades do Civic. O que justifica essa expressiva diferença? Será que é o motor inovador do Corolla, que adota o ciclo Atkinson, mais eficiente do que o ciclo Otto (tecnologia mais tradicional, presente no motor do Civic)? Será que é o câmbio CVT do Corolla, que oferece como diferencial 10 marchas (ao invés da 7 do Civic) e uma engrenagem de partida, que torna as arrancadas mais ágeis? É verdade que os números de desempenho e consumo do Corolla são melhores… A Toyota oferece 5 anos de garantia no Corolla, enquanto que a Honda oferece 3 anos de garantia no Civic… Em termos de custo de manutenção, o proprietário vai gastar menos com o Corolla. Ou será que é a fama de “tanque de guerra” que os modelos da Toyota conseguiram conquistar no mercado nacional?

Em termos de preço, o Civic EXL, custando iniciais R$112 mil, equipara-se ao Corolla XEi, que custa R$110 mil. Vale lembrar que persiste a já conhecida diferença de caráter entre os dois modelos: o Corolla privilegia o conforto, enquanto que o Civic apresenta um comportamento mais firme e esportivo. Uma coisa é certa: os dois modelos são excelentes escolhas, sendo altamente recomendável a quem estiver indeciso sobre qual modelo comprar, fazer um “test-drive” antes de tomar uma decisão. Seja ela qual for, o leitor estará levando um ótimo carro para a sua garagem. Ô dúvida boa!

*FICHA TÉCNICA:

Motorização 2.0

Combustível             Álcool            Gasolina

Potência (cv)            155     150

Torque (kgf.m)         19,5    19,3

Velocidade Máxima (km/h)           N/D     N/D

Tempo 0-100 (s)      N/D     N/D

Consumo cidade (km/l)      7,2      10,5

Consumo estrada (km/l)    8,9      13

Câmbio          CVT

Tração           dianteira

Direção          elétrica

Suspensão dianteira          Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira            Suspensão tipo multibraço e traseira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm)   1.433

Largura (mm)           1.799

Comprimento (mm)             4.641

Peso (Kg)      1.291

Tanque (L)    56

Entre-eixos (mm)     2.700

Porta-Malas (L)        519

Ocupantes    5

*Dados do fabricante

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