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Avaliação – Fiat Uno Attractive 1.0 Flex 4p 2015

Fotos: Marcus Lauria

O Fiat Uno tem um espaço na memória de grande parte dos brasileiros. Quase tão presente em nossa história quanto o VW Fusca, o pequeno Fiat lançado em 1984 ganhou uma nova geração apenas em 2010, aonde as formas quadradas da carroceria foram homenageadas pelo conceito “rounded square” ou “quadrado-redondo”. O resultado foi satisfatório, a ponto do Uno superar o VW Gol em vendas no primeiro trimestre de 2012 e se tornar o carro mais vendido no Brasil à época.

Mas o tempo passou e novos compactos surgiram no mercado nacional, esbanjando modernidade e visual descolado, o que acabou deixando o quadrado-redondo meio defasado, impactando diretamente as vendas do carro, ultrapassado pelo irmão mais velho Fiat Palio nas vendas. Para reagir, no final do ano passado a Fiat lançou o modelo 2015 do Uno, com discretas mudanças no visual externo e profundas alterações no interior, de forma a dar novo fôlego ao pequeno.

Logo que a porta do carro se abre, é impossível não se impressionar com o belo trabalho da Fiat em agregar valor ao interior do carro, que antes sofria com a falta derequinte. Nota-se o uso de materiais bonitos e bem acabados, insert molding no painel ao estilo do Fiat Punto, novos revestimento de porta e bancos, além de um novo rádio e um vistoso display de 3,5” no cluster, com informações do computador de bordo. O volante também é novo e conta com uma série de comandos, enquanto os botões dos vidros e retrovisores elétricos estão todos reunidos na porta, ao alcance do motorista.

A posição de dirigir não mudou muito, afinal o carro continua trazendo apenas ajuste de altura da coluna de direção, enquanto os novos bancos parecem descer um pouco menos que os antigos, mas continua bem posicionado. A versão testada trazia apoio de braço central como opcional, um luxo que até mesmo modelos bem mais caros de outras marcas não oferecem. Seu espaço interno continua bom para pessoas de qualquer estatura na frente e razoável para dois adultos e uma criança na traseira, enquanto o porta-malas leva suficientes 280 litros.

O compacto sempre teve vida fácil em garagens, afinal são 3,81 m de comprimento, 1,64 m de largura e 2,38 m de distância entre-eixos. Com diâmetro de giro de 9,8 m, retrovisores de tamanho excelente, boa área envidraçada e ainda sensor de estacionamento com indicação gráfica na traseira, o Uno só precisava de uma direção mais leve (elétrica, talvez) para tornar ainda mais suave a tarefa de estacioná-lo.

Seu uso urbano é agradável, a suspensão macia e bem calibrada filtra as imperfeições com ótima suavidade. Os pedais possuem acionamento leve, assim como o câmbio, embora este último fique devendo um pouco em precisão. O bom isolamento acústico, a maciez dos bancos e o ótimo funcionamento do ar-condicionado deixam a vida à bordo muito agradável, convidando o condutor a colocar uma música lenta e doce no rádio, para combinar com o ritmo da marcha, que não será das mais aceleradas. Vejamos mais adiante o motivo.

Ao contrário de concorrentes como VW up!, Ford Ka e Nissan March, o Uno continua trazendo o motor 1.0 de 4 cilindros nesta versão Attractive que testamos e também na versão Way. O propulsor Fire Evo 1.0 de duas válvulas por cilindro e comando simples é desenvolvido pela FPT e conta inclusive com variador de fase, sendo capaz de entregar 73/75 cv @ 6.250 rpm de potência e 9,5/9,9 kgfm @ 3.850 rpm de torque (Gasolina/Etanol nos dois casos).

Não que o propulsor sofra para carregar os 920 kg do compacto, mas em baixas rotações seu rendimento é pouco animador, começando a acordar assim que o ponteiro do conta-giros rompe a casa dos 3.500 giros. Para que isso ocorra, é preciso trabalhar bastante o câmbio, não apenas em situações de ladeira ou com o carro cheio e ar-condicionado ligado, mas também em retomadas de velocidade aonde apenas o motorista está à bordo. Não é ruim para um 1.0, mas nós estamos mal-acostumados com a força dos novos motores 1.0 de 3 cilindros, detalhe que a Fiat logo resolverá, visto que seu propulsor de proposta semelhante já está em desenvolvimento.

Em uso rodoviário, a suavidade continua, novamente com bom isolamento acústico e suspensão com bom compromisso entre conforto e estabilidade. A direção hidráulica tem boa progressividade e suas respostas são suaves. Os freios estão bem calibrados e não apresentaram fading, mesmo com os discos sólidos na dianteira. Seu comportamento dinâmico é seguro, com tendência considerável ao subesterço, embora seja controlado com facilidade. Não há controles de estabilidade e tração, nem como opcional. No geral, é um carro feito para viajar tranquilo, curtindo a estrada, a paisagem e o conforto, não se importando com aqueles carros que teimam em acelerar demais e aproveitar de menos os detalhes do percurso.

Quanto ao seu bolso, o Fiat Uno Attractive 1.0 fez boas médias de consumo com Etanol. Marcamos 8,9 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada, e essa pouca difereça pode ser explicada pelo giro um pouco elevado em velocidades de cruzeiro na quinta marcha. Já para levar um desses para casa, é necessário desembolsar R$ 36.800 pelo Uno Attractive básico, que já traz ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros, direção hidráulica e travas elétricas. Já para levar pra casa um Uno Attractive igual ao nosso, é necessário desembolsar R$ 5.752 de opcionais e R$ 1.018 da pintura, totalizando R$ 43.750.

O Uno está caro? Sim, assim como os concorrentes também estão. Mas é inegável que seu acabamento interno (pelo menos na versão com todos os opcionais) é superior ao visto em outros modelos, inclusive no próprio Palio. De qualquer forma, o Uno 1.0 tem como sua principal fraqueza perante os concorrentes o seu motor, defasado tecnologicamente perante os motores de 3 cilindros, especialmente da VW e Ford. Qual a sugestão se o Uno é o seu preferido? Investir cerca de R$ 4.000 a mais e levar para casa o modelo com motor 1.4, forte e econômico o suficiente para casar com a proposta de suavidade e conforto do Fiat Uno.

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