Avaliação – Fiat Strada Adventure Extreme 1.8 16V Flex Cab. Dupla 2016
Estar novamente ao volante da Fiat Strada Adventure foi como rever uma velha amizade. “Velha” mesmo, em todos os sentidos da palavra, embora não há como negar que o visual da Strada Cabine Dupla é bem resolvido, especialmente quando comparada à sua rival, Saveiro, que acabou de ganhar nova roupagem. Mas, apesar de interessante, a Strada carrega o peso dos anos em sua caçamba, e esse não seria um grande problema, não fosse pelo preço cobrado pela picape.
Essa Fiat Strada que avaliamos é representante da nova linha Extreme, que traz rodas escurecidas, alguns apliques na carroceria e novos acessórios. Todos os carros “Adventure” da Fiat contam com o kit Extreme e, no caso da picape, adiciona até R$ 3.289 em relação ao carro básico que, por sua vez, custa R$ 69.940. Razoável? Não, e as coisas ficam mais complicadas quando adicionamos os opcionais da versão testada (teto solar elétrico, sistema Locker, bancos em couro, etc) e o preço vai a R$ 84.528, incluindo também os R$ 1.576 da cor Vermelho Oppulence. É preço de Toro, pago por um novilho.
Deixando o preço de lado, podemos até nos cativar pela robustez da pequena, que é um dos pontos positivos da picapinha da Fiat. Prova disso está em sua suspensão elevada e no sistema Locker (opcional) de bloqueio do diferencial dianteiro que permite à picape escapar de situações off-road mais complexas do que o esperado. Com os pneus Pirelli Scorpion 205/60 R16 de uso misto, brincar em uma estradinha de terra ou até mesmo com um pouco de lama não é tarefa impossivel. Sua altura livre do solo de 19,4 cm também ajuda a transpor obstáculos aonde um carro comum rasparia o assoalho.
No tocante ao transporte de carga, a caçamba desta versão é reduzida, com 680 litros, mas a boa capacidade de carga de 650 kg está lá, e há também acessórios da Mopar para aumentar o comprimento da caçamba, liberando espaço até mesmo para motos. Em comparação com a VW Saveiro e até com a Renault Oroch, os acessórios disponibilizados pela Fiat dão mais versatilidade ao uso da Strada como picape propriamente dita.
O ajuste de suspensão da Fiat Strada também faz bonito em uso urbano ou rodoviário, mesmo com a picape vazia. Sacoleja-se pouco ao rodar em ruas mais esburacadas, e as mais selvagens lombadas são vencidas com facilidade pela picape. Já na estrada, o carro flui confortável em estradas lisas e entrega ótima estabilidade nas curvas, prova de que houve um bom empenho da Fiat na dinâmica deste carro. Seus freios também estão bem dimensionados, e seguram o carro sem dificuldade em qualquer situação, com ação suave do ABS. Infelizmente não há controles de tração ou estabilidade.
Debaixo do capô está o mesmo 1.8 16V de antes, com sua potência de 130/132 cv @ 5.250 rpm e seu torque de 18,4/18,9 kgfm @ 4.500 rpm com gasolina/etanol. São bons números, mas o propulsor carece de torque em baixa e, diante disso, é necessário pisar fundo e trabalhar bem o (impreciso) câmbio para extrair desempenho da picape. Acima de 3.500 rpm o carro desenvolve bem mas, em contrapartida, o preço do desempenho é cobrado no consumo: 6,5 km/l na cidade e 8,7 km/l na estrada, com etanol no tanque.
O carro tem boa manobrabilidade, graças aos grandes retrovisores e à câmera de ré acompanhada de sensor de estacionamento na traseira. Apenas a direção hidráulica abusa no peso, mas os 4,47 m de comprimento e 1,74 m de largura da picape são pouco sentidos na hora de manobrar, graças ao diâmetro de giro razoável.
Mas na vida a bordo a Strada volta a desapontar. O visual do painel é datado, e remete aos primeiros Palio que surgiram no Brasil em 1996. Sua coluna de direção regulável apenas em altura deixa a posição de dirigir ruim para motoristas altos e, até mesmo aquela que deveria ser a estrela maior do interior, a central multimídia da Mopar, tem respostas lentas e visual de central aftermarket, embora seja bem completa em nível de conectividade, com direito a TV digital.
Quanto ao espaço interno, os bancos em couro são macios e confortáveis, e dois adultos viajam com espaço suficiente na dianteira mas, na traseira, é difícil levar duas pessoas acima de 1.70 m com alguma dignidade, especialmente se os ocupantes da frente forem altos. A terceira porta oferecida pela Strada ajuda muito na tarefa de colocar alguém no banco traseiro, e esse é um ponto positivo da picape.
No geral, a picape Strada é honesta, mas cobra caro por essa honestidade. Totalmente equipada (R$ 84.528), ela é tão cara que ultrapassa o preço da Toro Freedom com câmbio automático (R$ 77.800), que por sua vez é maior, mais moderna e leva tanto mais pessoas quanto mais carga. Até mesmo sua concorrente direta, a VW Saveiro, sai bem mais em conta quanto está totalmente equipada (R$ 75.220), embora também seja cara. E, por fim, a Renault Oroch Dynamique, com motor 2.0 16V e mais espaço, sai por R$ 75.590, mostrando que a Fiat Strada não tem motivo para custar tanto, mesmo com os preços loucos que são praticados hoje em dia.
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