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Avaliação – Fiat Argo 1.3 Trekking 2021

Fotos: Marcus Lauria

Denorex, um shampoo anticaspa lançado na década de 80, ganhou fama com o bordão “tão bom, que parece remédio, mas não é”. O bordão “pegou”, e logo o termo “denorex” passou a representar tudo o que parecia, mas não era. E assim é o Argo Trekking, em sua versão 1.3, um verdadeiro “denorex”, em vários aspectos.

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Vamos começar pelo aspecto mais evidente: o seu visual aventureiro. Se os pneus Pirelli Scorpion ATR 205/60 R15 já deixam esse visual evidente, o carro vai além, com o seu conjunto de suspensão 5,5 cm mais alto do que um Argo paisano. São molas, amortecedores, batentes e pneus reforçados, que deixam as intimidades do Argo Trekking distantes 21 cm do asfalto crocante ou daquelas estradinhas de terra que nos transformam em aspirantes a Tommi Mäkkinen.

Isso significa que ele passa bem por um asfalto crocante ou por aquelas famosas ondulações também conhecidas como lombadas ou quebra-molas? Não. Denorex. Com a calibragem recomendada dos Pirelli Scorpion, o Argo salta por ondulações tão selvagem quanto um Mobi ou Argo comum, apenas de forma mais íntegra. Se o seu conjunto não parece sofrer com isso, a lombar dos passageiros sofre. Porém, basta tirar duas libras dos pneus, e a suavidade se faz presente. Não se transforma em um Duster, mas melhora.

Suspensão alta, pneus de uso misto… isso denota um carro ruim de curva, certo? Errado. Denorex outra vez. Lembra do finado CrossFox? Para compensar a altura de rodagem e os pneus de uso misto, a VW endureceu a suspensão e fez o CrossFox tão estável quanto um Fox normal. Aqui, no Argo Trekking, a Fiat calibrou as suspensões à moda VW, e isso é um baita elogio. O carro tem rolagem controlada de carroceria, agarra bem nas curvas e faz tudo de forma bem previsível, mesmo em situações extremas. E, se algo sair do controle, há controle de tração/estabilidade.

Quanto ao visual, o Argo Trekking traz rodas exclusivas (liga leve opcionais), apliques de plástico e adesivos inerentes à sua proposta e, tudo isso combinado à cor Cinza Silverstone (opcional de R$ 1.800) se mostra um conjunto bem interessante, e atrai alguns olhares nas ruas, mesmo o Argo já acumulando alguns anos de mercado brasileiro. No visual externo, o único porém vai para as luzes de posição em LED na dianteira, que parecem DRLs, mas não são. Denorex!

Do lado de dentro, os bancos em couro (opcionais) saltam aos olhos, e combinam bem com a cor preta predominante no ambiente. A central multimídia vistosa é de série, porém o ar-condicionado digital e a partida sem chave são opcionais, dentro de um pacote que soma R$ 6.690 ao preço do carro. Se o visual é bom, a ergonomia nem tanto, pois faz falta uma regulagem em profundidade da coluna de direção, obrigando pessoas de 1,90 m a ter braços mais compridos ou pernas mais curtas do que a média. O espaço interno é bom, até mesmo no banco traseiro, e o porta-malas de 300 litros está acima da média.

Ao volante, as manobras são facilitadas por uma direção elétrica levíssima. Por sinal, ela continua leve em movimento, sem trazer qualquer insegurança. A dinâmica do carro é boa, como já mencionei, e os freios estão bem calibrados, com um pedal progressivo e adequado. Já os pedais tanto da embreagem quanto do acelerador possuem curso mais longo do que a média do mercado, e o câmbio traz engates longos porém precisos.

Debaixo do capô, o motor Firefly 1.3 8V já perdeu o ar de novidade, mas continua surpreendendo. Se por um lado os 101/109 cv de potência e 13,7/14,2 kgfm de torque não brilham, eles são suficientes para o uso urbano ou rodoviário. Merecia uma sexta marcha, para baixar o giro em velocidade de cruzeiro. Ou seja, pneus de uso misto e largos, aerodinâmica prejudicada por apliques e suspensão elevada, giro alto… o resultado seria um consumo elevado, certo? Errado. Com gasolina, o Argo Trekking fez 12,6 km/l na cidade e 16,4 km/l na estrada, boas médias para um compacto altinho. Denorex, outra vez.

No geral, o Argo Trekking é uma opção interessante para quem procura um compacto robusto e apto a lidar com o asfalto cada vez pior de nossas cidades, trazendo ainda conforto razoável, bom espaço e consumo excelente. O seu grande problema está no preço. De série, ele custa já elevados R$ 73.990, e adicionando os opcionais a esse preço, a soma fica em R$ 82.480. É um preço muito elevado para um carro compacto, com motor aspirado e que traz apenas airbags frontais.

Porém, qual carro hoje em dia traz valores coerentes? Os preços do Argo Trekking subiram em torno de R$ 6.000 nos últimos dois meses, como pude verificar no texto publicado em Abril de 2021 por um colega de profissão. Quer algo pior? Quando lançado, em Abril de 2019, o “mesmo” Argo Trekking custava R$ 58.990. Posso contar nos dedos quais investimentos tiveram a mesma valorização. Enfim, em tempos aonde o nosso dinheiro tem valor denorex, qualquer compra se torna um exercício de reflexão.

*FICHA TÉCNICA:

Motorização 1.3

Combustível             Álcool            Gasolina

Potência (cv)            109     101

Torque (kgf.m)         14,2    13,7

Velocidade Máxima (km/h)           184     180

Tempo 0-100 (s)      10,8

Consumo cidade (km/l)      8,7      12,6

Consumo estrada (km/l)    10       14,7

Câmbio          manual de 5 marchas

Tração           dianteira

Direção          elétrica

Suspensão dianteira          Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira            Suspensão tipo eixo de torção, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm)   1.501

Largura (mm)           1.724

Comprimento (mm)             3.998

Peso (Kg)      1.140

Tanque (L)    48

Entre-eixos (mm)     2.521

Porta-Malas (L)        300

Ocupantes    5

*Dados do fabricante

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