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Avaliação – Citroen C4 Cactus 1.6 THP Shine Pack 2022

Um hatch metido a SUV para quem curte dirigir com emoção

Fotos: Marcus Lauria

Após o seu conceito ter sido apresentado ao público no Salão do Automóvel de Frankfurt, em 2013, a PSA iniciou a produção do C4 Cactus em abril de 2014 sob a plataforma PF1 (desenvolvida para veículos subcompactos). As vendas começaram na França em junho do mesmo ano.

CONFIRA O NOSSO VÍDEO: https://youtu.be/wcoCDtg-ZMY

Chamava a atenção de todos o famoso AirBump, uma solução original cheia de estilo capaz de proteger a lateral do carro de impactos em estacionamentos. No Brasil, a produção e comercialização do veículo começaram em 2018, já na versão pós-facelift, e portanto sem o grande AirBump original.

Até o facelift (2018), o carro era comercializado na Europa com um SUV subcompacto. Após o facelift, a Citroen enquadrou o Cactus na categoria de “hatchback”, tendo o carro permanecido nessa categoria até o final de sua produção (2020) no continente europeu. Por aqui o carro continua sendo fabricado e exportado para outros países integrantes do Mercosul, sendo comercializado como SUV.

Considero o enquadramento europeu mais ajustado, dadas as características do carro. O Cactus é mais hatch do que SUV, ha meu ver. É interessante notar que o Cactus, atualmente, é o único carro de passeio da Citroen oferecido para o mercado brasileiro. Testei a versão topo de linha “Shine Pack” do Cactus.

A título de curiosidade, o Cactus 2022 é comercializado em duas versões: Life, (a partir de R$106 mil), X-Series (versão especial limitada, a partir de R$109 mil), Feel (a partir de R$119mil), Feel Pack (a partir de R$122mil) e, finalmente, a Shine Pack (a partir de R$136 mil). Todas as versões são automáticas e, com exceção da Shine Pack, trazem o bom e competente motor 1.6 aspirado da PSA. A versão Shine Pack é a única equipada com o motor 1.6 THP Turbo Flex da PSA (a cereja do bolo para quem gosta de sentir o carro andar).

Basta uma rápida olhada para o carro para perceber que a Citroen conseguiu alcançar um design único neste modelo, bem diferente do que existe no mercado. A montadora se aproveita disso para usar o slogan “Ser original é irresistível” no material publicitário do modelo. Na frente do Cactus destaca-se a bela grade dianteira (cromada) vinculada a LEDs nas extremidades que atuam com “Daytime Running Lights”, ou DRL para como se diz comumente. Os faróis ficam logo abaixo e são halógenos. Os faróis de neblina também são halógenos. As setas também são convencionais, portanto nada de LED ou DRL piscando “laranja”.

A Citroen deveria equipar de série o modelo com luzes brancas, mas isso não ocorre. É uma pena, pois o visual do carro perde bastante quando os faróis estão ligados e fica perceptível o contraste dos DRLs brancos e os faróis amarelos. Para que as luzes (faróis e neblina) fiquem com um tom branco similar ao DRL, é necessário comprar um dos packs de acessórios, que custa em torno de R$1.400,00. As lâmpadas brancas deveriam vir de série (pelo menos na versão Shine Pack, topo de linha). Dentro do carro há também luzes com tonalidade diferente. As luzes dianteiras de leitura e de cabine são brancas, em led, inspirando modernidade. Já a luz de cabine do banco traseiro é amarela, tradicional. Visualmente o resultado não é bom, não fica harmonioso.

Na traseira, o carro conta com lanternas em LED em formato “futurista” (3D), ocupando um local de destaque na tampa do porta-malas e tornando a assinatura luminosa na retaguarda muito mais incisiva e esportiva. Um breve parêntese em relação ao porta-malas: com 320 litros, sua capacidade é pequena, mas equivale ao tamanho do sucesso de vendas da categoria (Jeep Renegade). É possível ampliar o bastante o tamanho baixando o banco traseiro, que é bipartido.

Finalizando a análise externa do Cactus, destacam-se também as belas rodas aro 17 com pneus 205/55, com barras de teto longitudinais e funcionais Tipo “Flottant”. Na lateral, temos o que sobrou do AirBump: uma faixa de plástico na parte inferior das portas com formas geométricas retangulares em alto relevo. A versão Shine Pack do Cactus vem recheada de tecnologias de ponta, destacando-se os dispositivos de ajuda à condução de última geração: alerta de saída de faixa, alerta de atenção ao condutor, alerta de colisão, indicador de necessidade de descanso e sistema de frenagem automática.

A Citroen chama esse conjunto de recursos de auxílio à condução de “Citroen Advanced Drive”. Confesso que os alertas me corrigiram o tempo todo, mostrando que eu estava dirigindo de forma errada (trocando de faixa sem ligar seta, dirigindo muito próximo do carro da frente, ou freando muito próximo do carro da frente). Os sensores são bastante sensíveis. O sistema de frenagem automática não testei, afinal seria necessário simular uma situação de quase acidente. Não tive coragem, vai que bate mesmo.

Sou obrigado a admitir que o trânsito nas cidades brasileiras é realmente mal-educado. É fato que, de tanto dirigir em um ambiente assim, adquiri alguns hábitos ruins. Esses sistemas, apesar de incomodarem um pouco, auxiliam as pessoas a corrigir vícios ruins ao volante. O Cactus Shine Pack ainda oferece uma gama completa de equipamentos de segurança, ajuda à condução e conforto, a saber: 6 airbags, ESP (controle dinâmico de estabilidade) + ASR (Antipatinagem), Hill Assist – assistente de partida em rampa, câmera de ré, acendimento automático dos faróis, partida sem chave (Botão Start/Stop), abertura e travamento das Portas sem chave “Mãos Livres”, Ar Condicionado Digital com função A/C Max e climatização automática, regulador e limitador de velocidade, limpador do para-brisa automático com detector de chuva.

O carro tem piloto automático, mas é do tipo convencional. O retrovisor também é convencional. Chama a atenção o fato do Cactus não vir de série com sensor de estacionamento, pelo menos na traseira. É necessário adquirir o sistema a parte, como acessório na concessionária.

Hoje em dia não ter sensor de ré é um problema sério, principalmente para quem costuma entregar o carro nas mãos de manobristas. Esses profissionais se acostumaram a dirigir carros com o sensor, então dão marcha à ré sem olhar para trás como antigamente, confiando no sensor. Se o seu carro não tem o recurso, a chance de você receber o carro de volta com marcas no parachoque ou até mesmo amassado é bem grande.

O painel de instrumentos é outro aspecto do carro que merece destaque. Totalmente digital e com design bastante minimalista, vai agradar quem procura visualizar as principais informações do carro de forma ágil e fácil. No centro do cluster, mais deslocado à direita, está o velocímetro, do tipo numérico digital (padrão da moda). O conta-giros fica em uma barra na parte superior do cluster. Sua visualização não é boa. Dado que sobra espaço no painel, sua representação poderia ser diferente, ocupando mais espaço de modo a tornar-se mais visível. No canto esquerdo, na vertical, está o indicador de nível de combustível. No canto direito há um econômetro. O computador de bordo, contendo informações sobre consumo, velocidade média e distância percorrida/a percorrer, também é visualizado no cluster, na parte inferior. É acionado a partir de uma tecla no volante.

Por falar em volante, a pegada do volante do Cactus é muito boa. Super leve, seu formato é achatado, futurista. O sistema de teclas do volante, entretanto, é um pouco confuso, leva um tempo para se acostumar. Diversas vezes mexi no computador de bordo ao invés de trocar a estação do rádio ou avançar para a próxima faixa de música da minha playlist.

O multimídia do carro tem uma tela de 7 polegadas sensível ao toque. O controle do ar condicionado é feito por ele. Como tem a função “AUTO”, a tendência é o motorista não ficar acessando os comandos do ar condicionado o tempo todo. Infelizmente o sistema não permite conexão a Android Auto e Apple CarPlay em modo “sem fio”. A operação desses recursos ainda depende de cabo USB. A qualidade sonora é boa. Dá para ouvir aquela sua música favorita em volume elevado, sem distorções!

Agora vamos ao ponto forte desse carro. E bota forte nisso. O Cactus Shine Pack vem equipado com o sofisticado e premiado motor 1.6 THP Flex de 166cv (gasolina) – 177cv (etanol) e 24,5kgfm de torque a apenas 1.400RPM. Pesando 1220kg, esse propulsor consegue fazer o Cactus acelerar de 0-100km/h em respeitáveis 7.7 segundos. Durante o teste, o carro se mostrou muito ágil no trânsito e extremamente rápido em ultrapassagens, transmitindo segurança nas manobras (e arrancando sorrisos do repórter que vos escreve). Velocidade pode se traduzir em segurança, quando utilizada no momento certo. Enfim, sempre que o condutor quiser imprimir um ritmo mais rápido e divertido à condução do Cactus, o motor THP estará pronto para entregar o desempenho desejado, principalmente se o modo de condução “sport” estiver selecionado (além do sport, o motorista pode acionar o modo “eco”através de um botão ao lado da alavanca do câmbio).

Aliado ao bom motor THP, há uma caixa automática de seis velocidades, fabricada pela japonesa AISIN (empresa de câmbios automáticos do Grupo Toyota). Com escalonamento preciso e trocas bem programadas, a caixa cumpre o seu papel de modo eficiente, permitindo trocas de marcha com rapidez, mas também fluidez. É possível efetuar troca manual das marchas através da alavanca (nada de aleta atrás do volante, infelizmente).

O equilíbrio entre boa potência, torque e carroceria moderna resulta em bons números de consumo. Na cidade, rodando com gasolina, consegui fazer 9.5km/l e na estrada (também na gasolina) fiquei em 13km/l, números praticamente idênticos àqueles divulgados oficialmente pela marca. A suspensão do Cactus foi calibrada de modo a privilegiar a esportividade. Apesar de elevado, o carro apresenta ótimo comportamento em curvas. No asfalto brasileiro, entretanto, é possível pancadas secas provocadas por irregularidades do solo e buracos, mas não chega a ser desconfortável. Os pneus de perfil baixo não ajudam.

A versão Shine Pack do Cactus conta ainda com uma chave seletora de tipo de terreno (denominada “Grip Control”), que promete otimizar a tração do veículo em alguns tipos de terreno. As opções são: neve, areia, lama e controle de tração desabilitado. A última opção é para terrenos difíceis, não sendo voltada à condução esportiva. O controle é reativado automaticamente em velocidades mais altas.

Em função da ótima relação peso/potência, o Cactus dá trabalho para o controle de tração. É muito comum sentir vibrações no volante provocadas pela atuação do sistema. Basta acelerar forte em uma reta ou entrar acelerando em uma curva (com ou sem ondulações) para o volante tremer. Pode assustar quem não está acostumado. É um carro fora dos padrões que a indústria costuma entregar. Assim, caro proprietário do Cactus THP, não se assuste se o seu pneu dianteiro “ficar careca” com baixa quilometragem. É um preço que se paga para ter um carro que faz 0 a 100 em 7 segundos! Eu acredito que compensa, é muito gostoso acelerar o modelo! Dentre os principais concorrentes do Cactus, destaco o Jeep Renegade, Honda HR-V, Chevrolet Tracker, Peugeot 2008, Volkswagen Nivus, Volkswagen T-Cross, Hyundai Creta, Fiat Pulse e o Caoa Chery Tiggo 5X. Esses modelos custam entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.

Confesso que não sei se escolheria o Cactus diante dessa respeitável concorrência. O que mais me atraiu no SUV foi o desempenho e a dirigibilidade. O carro é bem acima da média nestes quesitos. Eu valorizo muito estes aspectos, e por essa razão o Cactus poderia ser a minha opção na hora de fechar negócio. A questão é que o público, no geral, costuma tomar esse tipo de decisão baseado em outros fatores como marca mais valorizada no mercado, melhor acabamento interno, fama de excelente confiabilidade mecânica, preço das revisões, baixo consumo de combustível, dentre outros fatores que a maioria dos consumidores de automóvel costuma privilegiar na hora de assinar o cheque (ou fazer o PIX, como quiser). A pergunta então é: ter um carro com desempenho bem acima da média da categoria é importante para você? Se a sua resposta é positiva, esse hatch metido a SUV denominado C4 Cactus é a sua melhor escolha!

*FICHA TÉNICA:

Mecânica

Motorização 1.6

Combustível             Álcool            Gasolina

Potência (cv)            173     166

Torque (kgf.m)         24,5    24,5

Velocidade Máxima (km/h)           212     212

Tempo 0-100 (s)      7,3

Consumo cidade (km/l)      7,2      10,4

Consumo estrada (km/l)    8,9      12,6

Câmbio          automática com modo manual de 6 marchas

Tração           dianteira

Direção          elétrica

Suspensão dianteira          Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira            Suspensão tipo eixo de torção e traseira com barra estabilizadora, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm)   1.563

Largura (mm)           1.714

Comprimento (mm)             4.170

Peso (Kg)      1.214

Tanque (L)    55

Entre-eixos (mm)     2.600

Porta-Malas (L)        320

Ocupantes    5

*Dados do fabricante

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