Avaliação – Chevrolet Montana RS 1.2T flex 2024
Visual esportivo capaz de agradar os fãs das picapes urbanas
Fotos: Marcus Lauria/Arnaldo Bittencourt
Utilizando a plataforma GEM da General Motors (“Global Emerging Markets”), a nova Montana foi o mais importante lançamento da Chevrolet em 2023. Esqueçam a Montana do passado, esta nova é bem mais interessante. A base GEM, de origem chinesa, é empregada também no Onix, Onix Plus e Tracker.
CONFIRA O VÍDEO: https://youtu.be/YMIFnufGj1w?si=V6P_6leln6XJax8g
Custando a partir de R$122 mil (versão com câmbio manual de 6 marchas), os principais rivais da Montana seriam a Renault Oroch, a nova Fiat Strada e a Fiat Toro (versões mais básicas, Endurance e talvez a Freedom). Para disputar o consumidor que aprecia a Fiat Toro, é necessário considerar as versões mais completas da Montana, que são a Premier (R$149 mil) e a RS (R$ 152 mil). As diferenças entre a Premier e a RS são, basicamente, visuais… A RS seria, grosso modo, uma versão esportivada da Premier.
Vamos então falar da Montana RS, testada por mim durante 1 semana e exatos 550km´s! Tive o prazer de testar uma Montana RS na cor “preto ouro negro”, metálica. É fato que o visual da Montana RS me agradou muito! Gostei do design da frente e da traseira. A frente lembra a Toro sim, é verdade, mas a Chevrolet soube criar algo diferente e atraente. A frente da Montana RS ficou elegante, com um friso prateado na altura do “DRL” (led de luz diurna) e uma gravata preta da Chevrolet ao centro. A grade traz um desenho exclusivo com o logotipo RS descentralizado para a esquerda.
Em led temos a luz diurna, os faróis e a luz de neblina (que é um acessório, não vem de série). As setas são do tipo convencional, halógenas. Há acendimento automático dos faróis através de sensor crepuscular. As lanternas trazem iluminação convencional. Nada de led, nem mesmo a luz da placa. Na traseira, a tampa da caçamba abrindo da forma convencional (com molas que auxiliam a abertura), com o logotipo Chevrolet gravado em baixo relevo, junto com a placa localizada entre os dois segmentos do para-choque, dão à Montana um visual bem “picapeiro”.
Na tampa da caçamba ainda se vê o belo logotipo RS avermelhado. Na parte inferior direita, está o logotipo “TURBO”, em prata brilhante. Do outro lado fica o “MONTANA”, em preto “black piano”. De série, a caçamba da Montana oferece protetor de caçamba e capota marítima, dois itens essenciais em qualquer caminhonete.
A Chevrolet se gaba afirmando que a caçamba da Montana tem o melhor sistema de vedação da categoria. Bom, pode até ser, mas continua permitindo a passagem de água. Deixei o carro na chuva e quando voltei abri a caçamba…. Encontrei água no protetor de caçamba, o suficiente para molhar uma mala em tecido. Pois é, o jeito é continuar apelando para as soluções de vedação oferecidas no mercado de acessórios para picapes.
A caçamba da Montana tem capacidade para 874 litros e 650kg de carga. Não é ruim, mas também não são números que impressionam. Antes de criticar, temos que considerar que a Montana é, na verdade, um SUV compacto com caçamba, e não uma picape bruta. Há vantagens nisso, como melhor dirigibilidade e conforto, mas também há desvantagens, como menor capacidade de carga. O fato é que há mercado para carros com essa proposta, vide o sucesso da Fiat Toro.
A iluminação da caçamba é garantida por duas lâmpadas em led, instaladas na altura das caixas de roda (uma de cada lado). São lâmpadas fortes que iluminam a caçamba com eficiência.
A versão testada estava equipada com o acessório “divisórias multi-board”, que nada mais são do que placas de plástico que permitem organizar melhor a carga na caçamba. Achei bacana esse acessório, principalmente a placa que divide a caçamba em dois compartimentos, mas não é algo essencial. As placas são de plástico não muito resistente e dobram se submetidas a um peso superior a 30kg. Talvez o acessório possa ser mais bem apreciado por alguém que trabalha com ferramentas e pequenos objetos que não possuem uma maleta ou local específico para guardar, daí as divisórias podem ser úteis.
Na lateral chamam a atenção as rodas esportivas diamantadas de 17”, exclusivas da versão RS, acompanhadas por pneus 215/50-17. São pneus de perfil baixo, que oferecem um visual nota 10 e ótima estabilidade. Vale lembrar, entretanto, que essas rodas não aguentam buracos e trabalho pesado. Se a ideia é usar a Montana para trabalho, melhor comprar uma das versões mais simples e brutas, com rodas 16”.
Ainda na lateral vemos o Santo Antônio exclusivo da versão RS, que agrada os olhos, mas não foi desenvolvido para o trabalho, não devendo ser usado para amarrar carga. Mas não se preocupe com isso, pois a Montana traz oito ganchos para amarração de carga na caçamba.
Indo para a motorização, a Montana RS é equipada com o mesmo motor 1.2 turbo de 3 cilindros das outras versões. Esse motor vibra um pouco em marcha lenta, como qualquer carro de 3 cilindros. Ele apresenta correia dentada banhada a óleo, então nada de bobear nas trocas de óleo. É imperativo utilizar sempre o óleo recomendado pelo manual do proprietário, ou seja, óleo 5w30 que atenda a norma DEXOS 1, trocando sempre que possível (6 em 6 meses é o ideal) para evitar da correia arrebentar prematuramente. Essa correia foi feita para durar 240 mil km´s, segundo o manual do carro. A injeção de combustível da Montana é do tipo “indireta”, privilegiando, portanto, um custo menor de manutenção. Carros com injeção direta costumam reagir mal a combustível de baixa qualidade, enquanto aqueles com injeção indireta costumam suportar melhor combustível ruim.
Os números desse motor são bons, mas não empolgam: estamos falando de 133cv de potência a 5.500 RPM e 21,4 kgfm de torque a 2.000 RPM, usando etanol. Na gasolina os números baixam um pouco: 130cv de potência e 19,8 kgfm de torque. Acoplado a um câmbio automático convencional de 6 marchas, esse propulsor consegue fazer partir do zero e chegar a 100km/h em aproximadamente 10 segundos, tempo que está na média da categoria e é compatível com a proposta do carro.
Um detalhe sobre o câmbio. Muita gente reclama do botão que possibilita a seleção de marchas (não vou usar a palavra “troca” propositalmente) na alavanca. Esse botão funciona muito bem se o motorista entende que ele só funciona com a alavanca do câmbio na posição “L”, de “LOW”. Ou seja, o botão permite a seleção de uma marcha que facilitará a passagem do carro em um local escorregadio, com areia ou lama. Esse seletor de marchas não tem nada a ver com esportividade… Ah, mas é a Montana RS, é um carro esportivo! Quem disse isso? Antes de usar esse argumento, atentem para o conjunto do carro. A proposta da montadora é, claramente, oferecer uma picape com visual esportivo, sem renunciar aos benefícios encontrados em um SUV compacto (desempenho razoável e baixo custo de aquisição e manutenção). No consumo a Montana RS surpreendeu… Abastecida com gasolina, fez 16.7km/l na estrada, andando a 120km/h e com 150kg na caçamba. Na cidade, com trânsito mais pesado, essa média baixou para 11km/l, número que ainda considero muito bom.
A suspensão da Montana RS é independente na dianteira e apresenta eixo de torção na traseira. Muita gente torce o nariz quando percebe que o carro traz eixo de torção na traseira, mas o fato é que não há nada errado em empregar uma solução como essa em um SUV compacto com caçamba, tal como a Montana. Posso afirmar que o time de desenvolvimento da Chevrolet fez um bom trabalho, garantindo um rodar macio para a Montana, estando a caçamba vazia ou carregada. Quando vazia, a caçamba não pula e, quando carregada, a traseira não fica arriada. Os freios são a disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira. Não tenho nada contra a instalação de tambor em um carro com a proposta da Montana. O carro freia bem, mas achei o freio menos sensível do que o freio da Fiat Toro.
Passando para o interior, da Montana, chamam a atenção dos bancos com a forração exclusiva da versão RS, misturando tecido, costuras com linhas vermelhas e couro cinza. Ficou muito bonito. O painel, em plástico duro, contém uma faixa imitando couro com uma linha vermelha e costuras com linha vermelha, dando um toque de esportividade ao cockpit da Montana.
O interior da Montana é de carro compacto, não há dúvida disso. É plástico duro para todo lado e não há espaço sobrando. Nos bancos da frente o motorista e passageiro não ficam apertados, mas quem vai atrás fica no limite do conforto. Os joelhos dos passageiros do banco de trás, se forem adultos com mais de 1,75m, não ficarão encostando no banco da frente, mas ficarão próximos. É possível levar 3 pessoas no banco traseiro, mas a viagem não será agradável para quem se sentar no meio. Pelo menos espaço para cabeça não é problema, o teto é alto. Além disso, há iluminação para quem viaja no banco da frente e para quem viaja no banco de trás.
O carro oferece um descansa-braço para motorista e carona, de bom tamanho. Não é possível, entretanto, ajustar a sua altura ou posição. A multimidia da Montana RS tem tela de 8” e é compatível com Android Auto e Apple Car Play sem fio. O sistema é responsivo e a tela tem uma boa definição. Ligada à central multimidia há uma nítida câmera de ré. Para facilitar as manobras, o carro também oferece sensor de estacionamento traseiro.
Por falar em tela, a turma critica o cluster (painel de instrumentos) da Montana por ter velocímetro e conta-giros analógicos e uma tela de LCD “preta e branca” com 3,5” ao centro. Essa solução pode não ser um exemplo de modernidade, mas é inegavelmente bastante funcional. Os mostradores analógicos oferecem uma velocidade de leitura incomparável e a tela de LCD traz informações detalhadas do carro. É nela que você visualiza as funções do tradicional computador de bordo que equipa os carros da Chevrolet, dotado de muitas informações do veículo, viagem e consumo.
O ar-condicionado é digital e automático, mas só permite a configuração de 1 zona. Como sempre comento em meus artigos, para mim isso não é problema. Ativo a função “AUTO” e depois só controlo a temperatura do carro, que normalmente fica em 22º. Há botões que permitem a configuração do ar-condicionado sem a necessidade de interagir com a multimidia.
O retrovisor da Montana RS é convencional, então nada de retrovisor fotocrômico. De novo, não vejo isso como um problema, basta usar aquela chave que inverte o espelho para cortar o ofuscamento produzido pelos faróis dos carros que estão atrás de você. No final das contas, dá no mesmo!
A chave da Montana RS é do tipo presencial… Isso eu gosto, acho prático. Com a chave no bolso ou em uma bolsa, basta apertar o botão na maçaneta para abrir a porta. Apertando um botão situado no lado direito do volante você dá a partida na Montana RS. À exceção de auxiliar de ponto cego, não há nenhum auxiliar de direção de última geração, como: piloto automático adaptativo (há apenas o convencional), auxiliar de manutenção em faixa, frenagem e emergência.
Há um carregador de celular por indução no console central da Montana RS. Confesso que não gosto disso, pois nossos celulares normalmente estão com capa e esses sistemas não aceitam muito bem celulares com capa. Fora isso, qualquer solavanco tirar o celular da posição de recarga, suspendendo o processo. No final das contas, se precisar recarregar o celular enquanto dirige, melhor utilizar um cabo USB-A ou USB-C conectados às portas disponíveis no console central da Montana RS.
O volante da Montana RS é forrado com um couro de boa qualidade, macio. Nele estão os comandos da multimidia, do piloto automático convencional e do limitador de velocidade. A experiência ao dirigir a Chevrolet Montana RS é prazerosa. Suspensão bem calibrada, câmbio conversa bem com o motor. O carro é ágil no trânsito e na cidade, graças ao motor que entrega o torque máximo a baixas rotações. Não adianta colocar o motor 1.2 turbo da Montana para girar muito, o desempenho não muda muito. Você só sente que o carro está bebendo mais combustível, sem grandes alterações na resposta do motor. Os freios param o carro com eficiência, mas poderiam ser menos borrachudos.
A Chevrolet conseguiu lançar capaz de encarar carros que, tecnicamente, atendem a públicos diferentes. Assim, quem estiver pensando em comprar uma Fiat Strada ou um Volkswagen Saveiro, deve olhar também a Montana. Quem estiver interessado em uma Fiat Toro Endurance ou Freedom, deveria olhar as versões mais caras da Montana, como a RS.
O segmento dos SUVs compactos com caçamba veio para ficar e muitas outras opções devem aparecer em breve no mercado para atender a um público que busca um carro capaz de transportar eventualmente grandes volumes, sem renunciar ao conforto e ao tamanho compacto, fator importante na hora de estacionar o possante nos grandes centros urbanos.
*FICHA TÉCNICA:
Mecânica
Motorização 1.2
Combustível Álcool Gasolina
Potência (cv) 133 132
Torque (kgf.m) 21,4 19,4
Velocidade Máxima (km/h) N/D N/D
Tempo 0-100 (s) 11,7 N/D
Consumo cidade (km/l) 8,3 12
Consumo estrada (km/l) 9,6 13,6
Câmbio manual de 6 marchas
Tração dianteira
Direção elétrica
Suspensão dianteira Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.
Suspensão traseira Suspensão tipo eixo de torção, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.
Dimensões
Altura (mm) 1.659
Largura (mm) 1.798
Comprimento (mm) 4.717
Peso (Kg) 1.273
Tanque (L) 44
Entre-eixos (mm) 2.800
Ocupantes 5
*Dados do fabricante