Avaliação – Audi A7 Sportback 3.0 TFSI Ambition S tronic quattro 2015
Fotos: Marcus Lauria
Dirigir o Audi A7 requer adaptação. Não que seus 333 cv sejam difíceis de domar ou suas dimensões avantajadas tragam dificuldade no trânsito. O problema aqui é que os sentidos demoram a se acostumar com o que acontece ao volante do A7. As reações do carro são dignas de um show de mágica, e dos bons, com a diferença de que dentro do Audi, tudo o que acontece é real, mas a gente teima em acreditar.
Vamos começar pelas rodas, aro 19, com pneus 255/40, ou seja, é um perfil bem baixo. Quem já trocou o aro original do carro por outro maior, com pneus de perfil mais baixo, sabe o que é sofrer em buracos. E, a julgar pela suspensão baixinha do A7, imagina-se que rodar por ruas maltratadas é tão confortável quanto montar um touro em um rodeio, certo? Errado. A carga dos amortecedores é regulada eletronicamente e, em modo Efficiency ou Comfort, o carro roda suave mesmo em ruas com pavimentação lunar.
Por falar nos modos de condução supracitados, o A7 tem ainda o modo Dynamic, que regula todos os recursos do carro para uma condução voraz. Nesse modo, o motor 3.0 V6 com compressor Roots (não se engane com o “T” do TFSI, não há turbo aqui) faz questão de ostentar seus 44,9 kgfm @ 2.900-5.300 rpm de torque e seus 333 cv @ 5.500-6.500 rpm de potência. A transmissão DCT S-tronic de 7 velocidades orquestra a força e a tração Quattro distribui para os pneus a carga para o carro acelerar de 0-100 km/h em 5,6 segundos e atingir até 250 km/h.
O sistema de tração integral do carro é do tipo permanente, com diferencial intermediário sensível ao torque, e em modo normal distribui 25% da força para cada roda. Em caso de deslizamento de qualquer uma das rodas, 60% da força vai para as rodas de trás e, em casos extremos, até 85% da força pode ser enviado para qualquer um dos eixos. Ou seja, é um conjunto suficiente para garantir segurança nas ruas e estradas em qualquer tipo de clima e, nas pistas, faz qualquer um fingir ser piloto.
Mas a faceta selvagem não é a única do Audi A7, pois no modo Efficiency, o carro regula uma série de parâmetros da injeção, bem como a resposta do acelerador e o funcionamento do compressor de ar-condicionado e, com esse modo acionado, conseguimos fazer 8 km/l de gasolina na cidade e 12 km/l na estrada. Considero bom para um motor com tanto desempenho e ao mesmo tempo responsável por carregar 1.810 kg deste sedã-coupé com 4,97 m de comprimento e 1,91 m de largura.
Apesar de ser tão grande, o A7 leva apenas quatro pessoas, com bastante conforto. Na dianteira, os dois bancos contam com amplas regulagens elétricas, enquanto na traseira, dois passageiros com até 1,85 m de altura viajam com muito espaço para pernas e cabeças. No porta-malas, cabem 535 litros. O carro é baixo, com 1,42 m de altura, mas ainda assim a posição de dirigir é boa e a visibilidade não é ruim. Manobrar o A7 seria mais difícil se não fosse pelos sensores de estacionamento nos quatro cantos e pela câmera de ré.
Utilizar o A7 na cidade é garantia de sossego. A suspensão é suave, o isolamento acústico é primoroso e o sistema de som da Bose garante a tranquilidade. Sua direção leve e rápida torna fácil desviar dos obstáculos urbanos e, até mesmo em engarrafamentos, o carro impressiona: seu sistema de controle de cruzeiro adaptativo funciona até mesmo no anda-e-para das cidades, sendo necessário apenas acelerar de leve o carro após uma parada completa. Para manter-se em um deslocamento lento e/ou parado, o A7 faz tudo sozinho, impressionante!
O tal controle de cruzeiro adaptativo também garante a tranquilidade na estrada, mantendo a velocidade do carro à frente mesmo se houver uma frenagem completa. O A7 faz tudo, menos curvas, ainda bem! Conduzir o A7 na estrada é uma das melhores experiências automotivas possíveis, pois o nível de interação entre motor, câmbio, dinâmica e freios faz com que tentemos imaginar quanto tempo levará para um Gol ter o mesmo requinte desde A7. Acelerações e retomadas são muito rápidas, e o ronco do motor afinando em altas rotações (abra a janela para ouvir) faz com que tudo fique ainda mais delicioso.
Mas nem tudo é perfeito, e o A7 tem dois grandes defeitos: o primeiro deles é o preço, de R$ 399.990 por essa versão Ambiente 3.0 V6 TFSI e, o segundo, é o fato de não ser meu (e nem seu, talvez). Mas é um daqueles carros que satisfaz tanto o seu dono, que o rombo na conta bancária de quem compra acaba nem parecendo tão grande assim. Esse carro reúne grande parte do melhor que a indústria automotiva oferece no mundo, e por ser tão raro, merece uma reverência cada vez que for visto nas ruas. Palmas para a Audi.
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