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Avaliação – Fiat Linea 1.8 16V Essence 2015

Fotos: Marcus Lauria

Pobre Linea. Nasceu com a difícil missão de tentar buscar ou manter os fãs do Marea, mas apesar de sua modernidade e de equipamentos que tentavam justificar seus altos preços, alguns fatores pesaram contra o sedã: o fato de descender de um compacto (Fiat Punto), os motores pouco atraentes no lançamento (1.9 fraco e beberrão, 1.4 com turbo lag), a falta de câmbio automático de verdade, e a falta de espaço interno. O preço baixou e o motor mudou, mas apenas isso.

Dessa vez a estratégia é diferente, com preços mais agressivos e apenas duas versões (Essence e Absolute), a Fiat praticamente assumiu o Linea como um Punto sedã, e passou a mirar em alvos menores, como New Fiesta sedã, Sonic sedã e o Honda City, deixando os antigos alvos Honda Civic e Toyota Corolla de lado. E essa mudança pode ser vista no facelift, que traz interior completamente igual ao Punto, e isso inclui o “insert molding” no painel, que contribui para o requinte do modelo. Do lado de fora, o facelift trouxe ainda nova grade dianteira, traseira remodelada e novas rodas, belíssimas no caso destas rodas aro 17 do carro testado.

Quanto ao preço, o Linea parte agora de R$ 55.850, e vem bem equipado, mas para deixar o seu Linea igual ao “nosso” Linea, é necessário investir pesado em opcionais, elevando o preço para salgados R$ 66.186, incluindo bancos em couro, airbags laterais e de cortina, ar-condicionado digital, sensores de chuva e crepuscular, bluetooth para celular com comando de voz, entre outros itens. Talvez a Fiat não saiba, mas o Ford Fiesta Sedã, por exemplo, parte de R$ 53.190 (ou R$ 58.910 na versão top) com câmbio manual, e vem muito mais equipado, inclusive com controles de tração e estabilidade, que o Linea nem sonha em ter.

Mas o carro tem suas qualidades. Por exemplo, abrigar-se no interior do Linea é como vestir aquela roupa antiga. Isso pode ser notado desde a posição ideal para dirigir, passando pelo volante com boa pegada e chegando até a facilidade de se encontrar qualquer comando. Há amplas regulagens do banco e da coluna de direção, e todos feitos por alavancas de tamanho e peso correto, algo raro hoje em dia, mesmo em projetos mais modernos.

Os retrovisores externos possuem bom tamanho, enquanto o retrovisor interno cumpre bem o seu papel, mesmo com a traseira saliente do sedã. Manobrar o Linea é tarefa fácil, mesmo com os 4,56 m de comprimento e os 1,73 m de largura do carro, e o sensor de estacionamento na traseira com visualização gráfica só seria superado por uma câmera de ré, caso houvesse. O peso da direção hidráulica em manobras também é agradável, e apenas o câmbio joga contra, com engates duros e imprecisos, tanto de ré quanto da primeira marcha.

Quando colocamos o Linea no trânsito urbano, imediatamente o bom isolamento acústico e a solidez do carro chamam a atenção, embora os pneus de perfil baixo causem ligeiro desconforto ao passar por buracos, mesmo com a suspensão bem calibrada. O motor 1.8 16V tem bom torque de 18,9 kgfm, mas só chega em elevados 4.500 RPM, e esse motor carece de um comando de válvulas variável, pois as respostas em baixos giros são bem fracas, quase irritantes. Felizmente o câmbio é bem escalonado, sem “buracos” entre as marchas, mas os engates do câmbio são ruins.

Na estrada o motorista abrirá alguns sorrisos, especialmente quando experimentar o excelente ajuste de suspensão do modelo, ou quando verificar que a quinta marcha está escalonada de forma a aproveitar bem a força do motor em velocidades de cruzeiro, tornando o carro bem ágil no uso rodoviário. Acima de 4.000 RPM e além dos (baixos) 5.250 RPM quando os 132 cv de potência chegam, o Linea anda muito bem, e emite um ronco agradável. Nessas condições de uso, apenas os freios destoam, com um pedal borrachudo e resposta demorada.

Em uso mais selvagem, a direção com respostas rápidas faz a alegria do condutor, enquanto o carro tem uma tendência quase neutra nas curvas mais “quentes”, mostrando ligeira tendência a espalhar a frente no limite. Os pneus Pirelli P6 205/50 R17 dobram pouco nas curvas e promovem bom grip, mas eu particularmente tenho mais apreço pelos Cinturato P7, ou mesmo os P7 comuns. O ronco do motor dá prazer aos ouvidos em altos giros, ou caso o motorista goste de fazer um punta-tacco. Nas frenagens mais fortes não houve fading, mas em compensação os freios poderiam ser melhores.

Quanto ao bolso, o Linea volta a desagradar no quesito consumo, fazendo médias de 6,2 km/l com Etanol na cidade e 8,9 km/l na estrada, mostrando que o motor E.TorQ 1.8 16V precisa de melhorias urgentes.

De fato, o Linea é um excelente carro, mas continua caro, especialmente com a desagradável prática da Fiat de oferecer uma quantidade enorme de opcionais com preços salgados. Já passou da hora de seguir a tendência das concorrentes com pacotes de versões com lista fechada de equipamentos e preços.

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