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BMW 507 – Deslumbrante e Raro!

Fotos e Ilustração: Renato Pereira

Criado em uma época onde as marcas se empenhavam em manter a identidade de seus carros, com design e estilo marcantes e, não raro, verdadeiras obras de arte motorizadas, a dificuldade de escolha ficando a cargo da afinidade dos compradores pelos fabricantes ou seus países de origem, o estonteante BMW 507 Roadster chegou ao mercado com a dificílima missão de competir com modelos como seu conterrâneo alemão Mercedes-Benz 300SL, os britânicos Jaguar XK120, Austin-Healey 100 e MG TF1500 e os norte-americanos Chevrolet Corvette C1 e Ford Thunderbird, para citar apenas os mais belos Roadsters – conversíveis para dois ocupantes, pára-brisas fixo, capota retrátil – da época.

O projeto do BMW 507 foi sugerido por Max Hoffman, importador dos carros da marca bávara para os Estados Unidos que, em 1954, convenceu a direção da montadora a produzir uma versão roadster dos sedans BMW 501 e 502, afim de preencher a lacuna entre o caríssimo Mercedes-Benz 300SL  e o baratinho (e feio…) Triumph TR2. A equipe do engenheiro Fritz Fiedler foi designada para a missão, e os primeiros esboços criados por Ernst Loof foram rejeitados até que, cansado de não conseguir o que queria, contratou o designer Albrecht von Goertz para a função, que resultou afinal na criação do esguio, elegante e belo 507, usando o máximo de componentes existentes para tentar manter baixos os custos. De um total de 252 carros comercializados, 34 foram produzidos entre 1955 a 1957. Essa baixa produção não deveu-se a outro fator senão os altos custos de fabricação e exportação, o que acabou por inviabilizar a continuidade do BMW 507, descontinuado em 1959, o que o torna extremamente raro – e caro, muito caro. Quem tem não quer vender e, se for fazer isso, saberá cobrar o preço. O último BMW 507 Roadster vendido em um leilão atingiu o valor de U$ 2.400.000 (é, dois milhões e quatrocentos mil Dólares…) em 2014.

O BMW 507 tinha uma distância entre-eixos de 2.480 milímetros, com comprimento total da carroceria sendo de  4.835 milímetros, 1.650mm de largura e 1.257mm de altura, pesando  1330 kg. Ou seja, tinha uma carroceria comprida e esguia, com belas e suaves curvas, diferenciando-se um pouco dos concorrentes justamente pela leveza de seus contornos e detalhes. O baixo peso, considerando-se a época e os materiais á disposição, deve-se ao fato de ser inteiramente feito em alumínio, á mão, e não existem duas unidades exatamente idênticas.  Para se ter uma ideia, 11 unidades foram comercializadas na versão hardtop removível, e só é possível encaixar corretamente as capotas feitas para cada um deles. Um erro de projeto que teve de ser corrigido foi a construção do tanque de combustível, em alumínio, soldado à estrutura do carro, atrás dos bancos, com 110 litros de capacidade, que além de ocupar espaço demais tanto na cabine quanto no porta-malas, impregnava o interior do carro quando o teto estava fechado. O problema foi solucionado reduzindo sua capacidade para 66 litros e fixando-o na parte inferior do porta-malas. Não podemos nos esquecer que essa era a época da tentativa-e-erro também…

O motor do BMW 507 Roadster era um V8 OHV (Overhead Valve) em liga de alumínio, de 3.168 centímetros cúbicos de deslocamento, dois carburadores duplos Zenith 32NDIX carburadores de corpo duplo, taxa de compressão de 7,8: 1 e produzia 150 Cv de potência máxima a 5.000 Rpm, acoplado a uma transmissão manual ZF de quatro velocidades e tração traseira,  o que levava o carro da imobilidade total aos 100 km/h em 11,1 segundos e a velocidade máxima de 197 km/h. O Mercedes-Benz 300SL atingia 235 km/h? Sim, mas seu motor gerava 222 Cv, o que deixa claro que a BMW não estava preocupada com sua arqui-rival, já que o Corvette C1 com motor 6 cilindros em linha tinha 155 Cv e atingia a velocidade máxima de 172 km/h, na versão posterior, com motor V8 de 195 Cv, não passava dos 190 km/h e em 1956, já com 240 Cv de potência, sua velocidade máxima não ultrapassava 193 km/h, mesma marca alcançada pelos Ford Thunderbid com os motores V8 de 190 Cv de potência máxima. Ou seja, o objetivo do BMW 507 Roadster, que era superar os melhores dos Roadsters norte-americanos, estava alcançado com folga e louvor. Para conseguir parar, o BMW 507 Roadster dispunha de freios a tambor Alfin com 284,5mm nas quatro rodas, sendo opcional freios a disco Girling na dianteira.

Parece irreal ver um carro tão bonito e tecnologicamente avançado para os padrões de sua época ter uma vida tão curta, mas como ja mencionado, o fator determinante para essa morte prematura foram os custos. O planejado era comercializar o BMW 507 Roadster por U$ 5.000, o que permitiria uma produção de 5.000 unidades por ano. Porém, os custos de produção elevados empurraram o preço na Alemanha para DM 29.950,00, elevando o valor do carro para  U$ 10.500. Apesar de atrair o interesse de celebridades incluindo (Elvis Presley possuía dois), o lendário Hans Stuck e o piloto de motovelocidade Georg “Schorsch” Meier, o carro nunca atingiu mais do que 10% do volume de vendas do Mercedes-Benz 300SL, quase levando a BMW à falência com um prejuízo de aproximadamente DM 15.000.000,00. Perdendo dinheiro em cada unidade vendida, a produção foi encerrada no final de 1959, com apenas 252 BMW 507 Roadster produzidos, e a montadora bávara só sobreviveu graças a injeção de capital de Herbert Quandt e o lançamento de modelos mais baratos, e a empresa renasceu, para nossa sorte!

Ficha Técnica

Construtor: Bayerische Motoren Werke

Modelo: BMW 507 Roadster

Projetista: Albrecht Von Goertz

Local: Milbertshofen, Bavaria, Alemanha

Produção: 1956 a 1959, 252 Unidades

Classe: Grand Turismo Roadster

Estrutura: 2 Portas, Conversível, em Alumínio

Lay-Out: FR – Motor Dianteiro / Tração Traseira

Motor: BMW V8 OHV 3.168cc

Câmbio: ZF, Manual de 4 Velocidades

Comprimento: 4.380 mm

Largura: 1.650 mm

Altura: 1.250 mm

Peso: 1.330 kg

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