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Avaliação – Volkswagen Saveiro Cross 1.6 2014

Fotos: Marcus Lauria

Lançada em 1982, com motor refrigerado a ar e derivada do hatch Gol, a VW Saveiro vem, ao longo dessas três décadas, acompanhando as evoluções de seu irmão menor, sempre ostentando as renovações visuais da linha, adequadas à sua realidade. Líder do mercado praticamente nos seus primeiros vinte anos de vida, a picape teve que se render à chegada da Fiat Strada e sua ampla gama de versões e motores.

Após algum tempo de gestação, a linha 2014 da Saveiro foi apresentada trazendo o mesmo “rosto” da família VW, contando apenas com para-choques exclusivos dotados de “mais musculatura”, conforme palavras da própria marca. A versão Cross, que avaliamos, traz visual bem semelhante aos outros aventureiros da marca, e isso inclui os interessantes faróis de neblina combinados aos faróis de longo alcance, estes acionados pelo comutador de facho alto dos faróis.

O visual do exterior não traz exageros estéticos, e mesmo os plásticos que adornam grande parte da carroceria não destoam do restante do visual. Belas rodas aro 15 com detalhes cromados e visual interessante completam o estilo da picape.

Já o interior é o típico encontrado na dupla Gol/Voyage, com acabamento simples, porém com qualidade de montagem impecável. A exclusividade desta versão é visível apenas nos bancos e nas pedaleiras cromadas. Volante, botões, cluster e afins são os mesmos vistos em qualquer outro carro da linha.

A linha 2014 da picape traz o que a VW define como “nova arquitetura eletrônica”, que auxilia na redução do consumo de combustível, caso do sistema ECO Confort, com dicas de condução econômica. No quesito segurança, o carro traz ainda um sistema que liga o pisca-alerta em frenagens mais fortes e também um detector de colisões , que destrava as portas e aciona luzes de emergência em caso de acidente.

Na mecânica não houve qualquer alteração, ou seja, continua na ativa o motor EA111 1.6 VHT, que gera 101/104 cv @ 5.250 rpm (G/E) e entrega um torque de 15,4/15,6 kgfm @ 2.500 rpm (G/E). Esse motor ainda faz um bom trabalho, sempre vinculado ao suculento câmbio MQ200, referência de engates precisos. Não foi dessa vez que a Saveiro ganhou transmissão automatizada ASG. Sua suspensão é McPherson com subchassi e barra anti-rolagem na frente, combinada ao eixo de torção com molas helicoidais na traseira.

O espaço interno para motorista e passageiro é bom, com direito a um generoso espaço para bolsas e mochilas atrás dos bancos, graças à cabine estendida. Encontrar a melhor posição de dirigir é fácil, fruto da coluna de direção regulável em altura e profundidade. Poderia ser mais fácil caso a regulagem de altura do assento fosse similar à utilizada no Fox/Polo, do tipo macaco. Não é agradável ou prático ter que levantar do assento para deixar o banco na altura desejada.

Como (quase sempre) de praxe em carros com DNA alemão, todos os recursos disponíveis para o motorista são intuitivos e fáceis de encontrar, desde os comandos dos vidros/retrovisores elétricos ao controle do som/I-system por meio de botões no volante. Um detalhe que destoa é o acionamento de faróis, que não indica por luzes-espia se a lanterna ou luz baixa está ligada, sendo necessário conferir no botão seletor qual a sua posição.

Em movimento, a Saveiro agrada ao motorista já no primeiro contato, com respostas vigorosas ao menor toque no acelerador, resultado de um bom torque em baixa rotação e ao câmbio com escalonamento ideal.  A direção tem respostas rápidas e peso correto, longe da leveza de um sistema de direção elétrica mas no patamar das mais suaves direções hidráulicas. Os pedais também são suaves na medida certa, com a progressividade ideal para todos os gostos.

Rodando na cidade e em piso irregular, o motorista poderá se sentir incomodado com os pulos da carroceria oriundos da suspensão traseira preparada para o transporte de cargas na caçamba. Mas isso não se traduz em insegurança, uma vez que a Saveiro sempre se mantém na mão em qualquer situação. E por falar na caçamba, ela também influi para a visibilidade ruim pelo retrovisor interno, problema sanado pelos ótimos retrovisores laterais.

Em manobras o sensor de estacionamento traseiro com indicação gráfica ajuda, enquanto o diâmetro de giro de 11,5 m atrapalha tanto quanto os quadris largos e o entre-eixos longo da picape. É necessário ter um pouco de paciência para manobrar a picape em vagas de prédios ou garagens apertadas.

Já na estrada a picape flui com um regular nível de ruídos aerodinâmicos a 120 km/h (fruto do Cx de 0,368) e o motor girando em torno de 3.200 rpm nessas condições. E foi em uma sequência de curvas que o comportamento dinâmico da picape me surpreendeu. Os pneus Pirelli Scorpion ATR de uso misto e medida 205/60 R15 são extremamente aderentes, e a suspensão bem calibrada rola muito pouco, ou seja, essa combinação torna a Saveiro um carro absolutamente “na mão”.

Empolgado com a dinâmica, joguei a picape em um trecho de serra com curvas bem travadas, e mesmo sob provocação o carro se mantém quase sempre neutro, com suave tendência ao subesterço no limite, sendo que este é quase impossível de se atingir em uso normal. Apenas sob chuva os pneus largos demonstraram tendência à aquaplanagem antes do desejável, mas nada preocupante. Quanto aos freios, possuem boa calibragem, nenhuma tendência ao fading e o ABS só entra mesmo quando é necessário, sem alarde.

Ao longo de aproximadamente 800 km de teste, pude aferir um consumo (no computador de bordo) de 9,5 km/l na cidade com Gasolina e 6,7 km/l com Etanol. No ciclo rodoviário, o consumo ficou em torno de 13,4 km/l e 9,3 km/l, com Gasolina e Etanol, respectivamente.  Os números são pouco animadores, mas deixam a Saveiro em patamar de igualdade com os números obtidos pela Fiat Strada, por exemplo.

Com um preço básico de R$ 48.990, a Saveiro Cross testada somava ainda a cor metálica Prata Sirius (R$ 1.031) e o pacote I-Trend (R$ 1.350), totalizando R$ 51.371. O único opcional que ficou fora do carro de testes foram os bancos em couro Native (R$ 299). O preço fica abaixo de uma Fiat Strada Adventure equipada com equipamentos similares, mas a Strada continua sendo mais democrática ao oferecer duas opções de carroceria, motor mais potente (1.8 16V de 132 cv) e sistema Locker.

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