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Avaliação – JAC J6 Diamond 7 lugares 2012

Quando me foi concedida a oportunidade, em muito pensei qual seria o resultado de uma matéria vinda do veículo em questão. Após alguns dias pensativo, decidi não perder essa chance, porém, percebi  logo de cara uma questão interessante. Alguém ia levar a pior nessa história, e, claro, não seria eu. Mas, tentando lutar contra meu dom aguçado em criticar, vamos ao que interessa!

A princípio, o veredicto já estava definido. Tenho minha opinião formada com relação aos chineses que temos no mercado. Não precisamos ir muito longe para saber que a fragilidade da estrutura e do veículo em geral é um dos pontos mais criticados. Valor baixo significa baixo custo de produção, e não estou me referindo à mão de obra que a China possui, até porque a montagem final é feita em território nacional. Material de baixo custo e linha de montagem barateada deixa no ar muitas questões duvidosas.

E isso pode se confirmar logo de cara ao se acomodar no banco do motorista do modelo avaliado. Peças levemente desalinhadas, a predominância de diversos tipos de plásticos não muito agradáveis ao toque, tecidos de baixa qualidade, e tudo com um acabamento certamente duvidoso. Isso tudo, sabemos que é comum nos carros chineses. Mas o J6 provou que para toda “regra” existe uma exceção.

É impossível que não se encontre algo de positivo no interior do J6. Com um acabamento satisfatório, superfícies agradáveis ao toque, botões do painel e painel de instrumentos de fácil acesso e compreensão, além da excelente posição para o condutor, tudo ao nível da concorrência. O espaço interno é notavelmente interessante. Mesmo tendo uma estatura um pouco acima do normal, tive espaço suficiente para as grandes pernas entre o banco do motorista e o painel, e o melhor, sem encostar no teto! Logo atrás, o espaço ainda foi bem favorável para meus 1,97m, podendo me acomodar tranquilamente.

Três pessoas seguem o percurso com muita facilidade no banco traseiro, que impressiona com o fácil acesso e o bom espaço para as pernas. A versão do J6 que foi avaliada (denominada “Diamond”) possuía 7 lugares, o que implica numa dupla extra de bancos localizada no porta-malas. Com esse item extra (opcional), o espaço para bagagem é relativamente menor, mas o fato de todos os bancos poderem ser rebatidos ou removidos ajuda muito.

O espaço extra para os dois ocupantes é bem reduzido, acomodando bem somente pessoas de baixa estatura ou crianças, e o acesso aos dois acentos não é lá tão fácil assim. Retirando a dupla de bancos, pode-se confirmar que os 720 litros do porta-malas são mais que suficientes para carregar a bagagem de todos. O sistema modular dos bancos possibilita acomodar passageiros e grandes bagagens ao mesmo tempo, e ao remover todos, a capacidade de carga aumenta para 2.200 litros.

Ao fechar o porta-malas, não tem como não notar a presença das grandes lanternas verticais que invadem as laterais. Alguns carros nós olhamos e nos vem os pensamentos de que o design define que ele está “triste”, ou que tem “um bocão” ou “cara de alguma coisa”, mas quando você olha para um carro chinês você geralmente pensa… nada. Não existe algo que chame sua atenção e defina sua decisão de comprar ou não algum deles. Mas o J6 é um pouco diferente.

Não vejo um carro que possui um exemplo em design, mas sou obrigado a afirmar que o J6 possui personalidade. Por onde você passe, o modelo chama atenção pelo tamanho e robustez. Linhas suaves e arredondadas de acordo com a identidade do fabricante chinês, com um belo conjunto de rodas de 17 polegadas, que lembram a do Passat CC. Seguindo esse padrão, o design do J6 poderia ser melhor, mas ainda assim, agrada mais que seus “irmãos”.

Sob o capô encontramos o 2.0 com cabeçote DOHC de dezesseis válvulas, que em conjunto com o câmbio manual de cinco marchas entregam às rodas dianteiras 136 cv à 5.500 rpm e um torque de 187Nm à 4mil rpm. Parece satisfatório. E para um veículo voltado para o segmento “família”, de fato é. Mas quando parei para analisar que pelo menos 80% dos brasileiros gostam de bons resultados ao dar pressão no pé direito, pensei que isso seria pouco. Imaginei que os mais de 1.500kg não ajudariam muito, mas ainda assim, sabia que ao finalizar essa matéria eu afirmaria que o J6 tem um desempenho regular, mesmo considerando a proposta deste projeto.

Porém, veio a surpresa! Avaliando o desempenho do J6, não foi exatamente isso que ocorreu. Surpreendi-me, e muito, após fazer alguns testes de praxe. No 0 a 100km/h por exemplo, nosso cronômetro marcou 11,7s, quase 2s a menos do que o divulgado pelo fabricante. Não sei ao certo, mas tenho minhas dúvidas que os veículos fabricados pela JAC utilizam algumas peças da japonesa Toyota. Alguns números deste motor batem com o 3ZR-FE, o conhecido 2.0 16v do Corolla. Uma suposição apenas, que pode se confirmar até mesmo observando a própria chave do J6, idêntica à do Corolla.

Mas, voltando aos testes, pude notar que a suspensão poderia ser mais macia e calibrada. Com nosso asfalto que tem tantas crateras quanto à lua, o J6 tem um rodar bem rígido, passando todas as imperfeições do asfalto para os ocupantes. Eu diria que o acerto de suspensão é de invejar qualquer pseudo esportivo que temos em nosso mercado. A suspensão teve um desempenho moderado, mas quando se abusa um pouco mais, é perceptível o acerto digno de um “carro de garotão”. Isso, graças aos amortecedores e molas rígidas, e à suspensão traseira independente do tipo “dual link” com barra estabilizadora, quê seguraram bem o monovolune chinês após alguns abusos ao rodar um bom percurso de teste.

Porém, rodar muito é uma coisa que o J6 não gosta de fazer, e parar num posto para completar os 68 litros do tanque de combustível pode doer o bolso, já que seu motor ainda não aceita etanol como segunda opção. Andando somente na gasolina, durante nossos testes o J6 fez uma média de 7,2km/l. Como disse os mais de 1.500kg não ajudam muito. Apesar disso, posso afirmar que, sabendo conduzir de forma econômica, o J6 pode ter um consumo regular, se levarmos em conta que foram feitos testes de desempenho no decorrer do período de avaliação.

Mas e se colocarmos na balança, até onde vale a pena? Ser seduzido pelo marketing da montadora? “R$57.800 e nada mais!”. De fato é tentador, um veículo completo com valor muito mais atrativo. Sendo assim, ser completo torna o J6 o “calo” dos seus concorrentes. Exemplificando: no nosso mercado esse valor é sinônimo de ter na garagem um Fiat Idea 1.6 16v, que tem capacidade para menos passageiros, espaço a menos para os ocupantes, além de não ter todos os itens de série que o J6 possui (citados no final da nossa matéria). Mas assim como em qualquer veículo do segmento voltado para a família, ter uma sopa de letrinhas é muito importante para a segurança dos ocupantes.

Porém, se tratando de um veículo Chinês, ABS, EBD e AirBag duplo provavelmente vão dificultar e não impedir uma fatalidade numa suposta colisão. Carros chineses são mal vistos por terem um desempenho não muito exemplar em “crash tests”. Até a publicação desta matéria, ainda não vimos e nem ouvimos falar de algum JAC J6 sendo sacrificado em um desses testes. Então, até que se prove o contrário, suponhamos que o desempenho não seja como se espera de um carro deste segmento, assim como outros chineses. Como confiar a integridade física de seus entes queridos num carro que supostamente pode se desfazer numa colisão à 60km/h? Isso é o resultado de uma provável estrutura frágil e barateada.

Veja bem, não sabemos ao certo se o J6 sofre deste mal, isto é apenas uma suposição, já que as montadoras chinesas seguem mais ou menos o mesmo padrão de qualidade. Mas o maior problema ainda está por vir. Os veículos chineses têm fama de serem os piores na hora da revenda. Não sabemos ao certo qual a postura da JAC Motors a respeito, mas algumas concessionárias de montadoras chinesas não garantem a recompra dos seus próprios chineses usados. E a desvalorização, até o presente momento, é assustadora. Isso ocorre por serem recém chegados no mercado nacional, ainda não tendo peças o suficiente em estoque e por ainda estarem num processo de adaptação ao nosso mercado e ao nível de exigência dos brasileiros.

Logo, deixo a dica: ao comprar um veículo chinês, procure fazer uma boa pesquisa com pessoas que possuem o modelo que lhe interessa. E, além disso, simule uma necessidade de reposição de peças, para analisar e descobrir se o fabricante disponibilizou em quantidade suficiente em estoque. O JAC J6 agrada, e muito, e nem precisamos esperar para ver a reação do mercado, pois inúmeras unidades já rodam nas ruas. Basta apenas torcermos para a JAC Motors não pisar na bola, crescer, e evoluir seus veículos, pois adaptação é uma questão de tempo.

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6 Comentários

  1. Olá, este modelo tem uma tela touch screen no painel? Lembro que quando lançaram fizeram esta propaganda mas este item não veio aqui pro Brasil…

  2. Levando em consideração o bom motor de 2.0, os seis anos de garantia e os itens de série, o investimento é bom. Nunca que vi um desses pesos pesados com 7 lugares por esse preço. Tudo bem q eu n compraria, mas isso pq minha familia é pequena… Se fosse grande, sim, comprava fácil.

  3. Gostei bastante das rodas, lembram a do PASSAT….Heheheh O carro é bem legal TB. Se eu não fosse tão detalhista como vc BIMMER eu não teria problema nenhum em ter um destes na garagem para a minha mulher utiliza-lo como o carro da família…Abração e parabens mais uma vez pelo SITE…TOP 10

  4. COMPREI O J6 DIAMOND 7 LUGARES, OLHA QUE JA TIVE ZAFIRA, O J6 NÃO PERDE NADA E AINDA TEM MAIS ESPAÇO QUE A DA GM QUE SAIU DE LINHA COLOCANDO AQUELA PORCARIA DA SPIN NO LUGAR.J6 VOCE NÃO VAI SE ARRENPENDER, EU GARANTO.

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