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Avaliação – Citroën C4 Picasso 1.6 16V THP Intensive Aut. 2016

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Fotos: Marcus Lauria

Pablo Ruiz Picasso foi um artista espanhol nascido em 1871, que viveu grande parte de sua vida na França, aonde desenvolveu seu talento natural para a pintura. Sua obra conquistou o mundo e sua fama persiste até hoje, com suas principais obras sendo avaliadas em cifras inatingíveis até mesmo para as contas bancárias de alguns políticos brasileiros. Desde 1999, quando foi lançada a Xsara Picasso, o artista empresta seu nome às minivans da marca francesa.

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Da Xsara Picasso até esta C4 Picasso que testamos, há um enorme abismo. Enquanto a primeira está mais para a pintura “Les Demoiselles d’Avigon”, que chocara o mundo com seu estilo revolucionário, a linha 2017 da C4 Picasso compara-se a “Guernica”, obra prima de Pablo Picasso. Esta C4 Picasso é, de longe, a melhor minivan a utilizar o nome do artista, uma verdadeira obra de arte, que na verdade remete mais ao surrealismo de Dalí do que ao cubismo de Picasso.

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Mas enquanto a França foi o berço da arte, a Alemanha foi e continua sendo o berço do automobilismo e, quando um carro não-alemão é alemanizado, isso é um baita elogio. E de fato a C4 Picasso nunca foi tão alemã, e nem digo isso pelo desenho da retaguarda desta minivan, capaz de receber cantadas de um Audi Q5 nas ruas. Fato é que a nova plataforma EMP2 funcionou para a minivan assim como uma academia para senhoras de meia-idade, deixando-a mais firme e equilibrada, com 140 kg a menos na balança quando comparada à C4 Picasso anterior.

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O motor Prince 1.6 16V THP é mais comum em carros da PSA do que louça suja em casa de solteiro, e finalmente passou a equipar também a minivan C4 Picasso. O ganho de rendimento em relação ao antigo 2.0 16V aspirado é enorme, afinal este 1.6 é um belo propulsor turbinado com injeção direta e variador de fase na admissão e no escape, que rende 165 cv @ 6.000 rpm de potência e 24,5 kgfm @ 1.400 rpm de torque, e forma uma boa dupla com o câmbio Aisin de 6 velocidades, permitindo à minivan acelerar de 0-100 km/h em 8,4 s de acordo com a Citroën. E seu consumo é comedido, foram 8,5 km/l de gasolina na cidade e 15,6 km/l na estrada.

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E foi-se o tempo aonde comprar uma minivan significava sacrificar o prazer de dirigir em prol de mais espaço para sogras, brinquedos espalhados e farelos de biscoito pelo chão e bancos. Esta C4 Picasso tem o desempenho que você precisa, tanto em acelerações quanto em retomadas, e nas curvas o carro se equilibra de forma quase alemã, com uma tendência um pouco exacerbada ao subesterço, mas sem rolagem excessiva de carroceria ou balanços desnecessários. Em ondulações, o carro sacode pouco e dá alguns baques secos, sinal que a Citroën já aprendeu a calibrar suspensões para rodar na superfície da Lua, e logo em breve conseguirá lidar bem com o asfalto brasileiro.

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Mas é do lado de dentro que o carro impressiona. A sensação de amplitude na cabine é comparável à classe executiva de um Airbus A380, e os bancos com apoio lateral para a cabeça e suporte para as pernas do passageiro da frente corroboram essa sensação. Falta apenas a telinha individual e uma aprazível aeromoça francesa. Em uma viagem longa, é capaz de alguém se levantar para procurar o banheiro, mas corre o risco de se perder no caminho. Os assentos dianteiros contam com massagem e os traseiros se movem de forma individual, e em qualquer lugar cabe um jogador de basquete, até mesmo no porta-malas, que abriga bons 537 litros.

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O lado francês do carro está nos detalhes tecnológicos, que impressionam, especialmente a tela de 12” no centro do painel, que serve como cluster, computador de bordo, central multimídia e painel de controle da NASA. Logo abaixo há outra tela, que permite ao condutor configurar detalhes do carro, climatizar a cabine e, acredite, pode até alterar as estações do rádio. Se a luminosidade das telas incomodar à noite, pode-se ocultar tudo exceto o velocímetro a um toque de botão, isso depois que o motorista concluir a graduação na École Polytechnique e finalmente conseguir entender para que servem todos os botões no volante do carro.

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Tirar a C4 Picasso da imobilidade requer prática para acionar a transmissão na coluna de direção sem acionar o limpador de para-brisa. E felizmente o freio de estacionamento desarma automaticamente, pois sua posição no meio do painel é uma afronta à praticidade. O lado bom é que sem câmbio nem freio de mão entre os bancos, cria-se um latifúndio ali na frente, com direito a um porta-objetos removível tão grande que pode abrigar vários baguetes, ou até mesmo uma boulangerie inteira.

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E embora um carro de 4,42 m de comprimento e 1,82 m de largura possa parecer difícil de manobrar, na prática não é assim. Há um conjunto de câmeras que forma uma visão 360° do exterior, bem como sensores de estacionamento por todos os cantos. Se ainda assim vagas de garagem lhe forem assustadoras como Dames Blanches (vide mitologia francesa), a minivan oferece park assist para vagas perpendiculares e balizas. A direção eletro-hidráulica e o diâmetro de giro de 11,3 m contribuem para a vida fácil.

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E uma vez fora da vaga, é prazeroso rodar com a C4 Picasso, mérito do isolamento acústico primoroso, dos bancos confortáveis, da posição de dirigir correta e da ampla área envidraçada. Peixes em um aquário morrem de inveja dos passageiros de uma C4 Picasso. E a versão testada trazia o opcional teto panorâmico, que em conjunto com o para-brisa Zenith e os vidros laterais, forma praticamente uma bolha de vidro acima da linha de cintura, e isso distrairá as crianças com a visão do mundo real, assim que a bateria do tablet acabar.

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Mas toda essa tecnologia e evolução custam algum dinheiro. A versão Intensive, testada por nós, parte de R$ 117.900, mas requer um investimento extra de R$ 16.700 para contar com alguns itens, como o teto solar e os bancos com massagem, por exemplo. É um pouco caro, mas é o preço pago pela praticidade desta minivan, ou talvez por itens que modelos muito mais caros não possuem.

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Em resumo, a impressão positiva que se obtém ao dirigir a C4 Picasso é evidente. Se você for sozinho à concessionária, comprará o carro pela sua dinâmica e pelo desempenho do motor THP. Se for com sua esposa, comprará por causa do espaço interno e por causa da funcionalidade. Se for com as crianças, comprará pelo fato da C4 Picasso ser um carro que realmente merece a alcunha de “nave”, e nem todas as naves espaciais são tão bonitas ou divertidas quanto essa minivan.

CONFIRA NOSSO VÍDEO:

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