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Avaliação – Renault Sandero RS 2.0 16V Racing Spirit Flex 2018

Fotos: Marcus Lauria

O Renault Sandero RS é um dos carros nacionais mais divertidos. Seu brilho não vem apenas do fato de ser um modelo esportivo, mas trata-se de um esportivo desenvolvido com DNA legítimo de esportividade, calibrado por quem sabe o que faz e feito para quem sabe o que tem nas mãos. Não é apenas um modelo convencional com motor mais forte, ou uma versão com visual mais esportivo, esse carro é realmente feito para que o seu desempenho seja explorado e seus limites sejam atingidos.

Sabendo disso, a Renault lançou no mercado nacional uma versão especial do seu esportivo. Batizada como Racing Spirt (ou Sandero RS RS para os íntimos), essa versão carrega todos os detalhes que dão exclusividade e desempenho ao RS, com uma importante adição no ponto principal de contato entre o carro e o asfalto: seus pneus. Saem os Continental ContiSportContact 3 e entram os Michelin Pilot Sport 4, de mesma medida 205/45 R17, mas com um comportamento bem distinto.

Não que o CSC3 da Continental seja ruim, mas o PS4 da Michelin está um nível acima. É um pneu de alta performance, que equipa carros do naipe de Mercedes A45 AMG por exemplo. O desenho da sua banda de rodagem é feito para que mais borracha esteja em contato com o solo nas curvas e frenagens, e sua lateral reforçada faz com que o pneu “dobre” menos em curvas feitas no limite, garantindo que o máximo de aderência seja entregue. Na prática, o melhor de seu rendimento é atingido em track days, mas rodando com o carro tanto na cidade como na estrada, a sensação é de que está sobrando carro, mesmo sob piso molhado.

Ajudam na sensação de “sobrar carro” os freios a disco nas quatro rodas, com discos de 280 mm na frente, as molas mais rígidas 92% na dianteira e 10% na traseira, a altura de rodagem 26 mm mais baixa e as barras estabilizadoras mais firmes 17% na dianteira e 65% na traseira. E tanta dinâmica serve para conter o ímpeto do motor 2.0 16V que entrega até 150 cv @ 5.750 rpm de potência e até 20,9 kgfm @ 4.000 rpm de torque. Pesando 1.161 kg, o carro acelerou de 0-100 km/h em bons 9 segundos no nosso teste.

Visualmente a versão Racing Spirit ganhou detalhes em vermelho tanto na parte externa quanto interna da carroceria, mas o visual agressivo com spoilers, saias, aerofólio funcional e rodas de liga leve aro 17 pintadas em preto são inerentes a qualquer Sandero RS. Do lado de dentro, o carro traz bancos esportivos bem confortáveis e com bom apoio lateral, central multimídia, ar-condicionado automático e o mesmo acabamento espartano de qualquer Sandero.

A posição de dirigir é melhor que no Sandero comum, pois os bancos descem mais, porém faz falta uma regulagem em profundidade da coluna de direção. Sua visibilidade é excelente, com bons retrovisores laterais e ampla área envidraçada, mas falta uma câmera de ré para ajudar nas manobras. A ergonomia é boa, com os comandos sempre à mão, e tanto os pedais quanto o câmbio possuem acionamento suave e preciso.

Rodando com o Racing Spirt na cidade, nota-se o quão dura está a suspensão do carro, deixando claro que o principal foco desse carro é performance. Não chega a ser desconfortável, mas causa estranheza até se acostumar. Outro ponto que requer adaptação é o câmbio, cujo escalonamento curto faz com que o motor esteja sempre cheio, e pedindo a marcha seguinte. Para uso esportivo, basta afundar o pé e trocar uma marcha atrás da outra, mas para rodar suave basta pular marchas. De primeira para terceira e então quinta, ou de segunda para quarta e então sexta. O câmbio é tão curto que é possível colocar a sexta marcha abaixo de 50 km/h.

Na estrada é possível extrair todo o desempenho do 2.0, e é desnecessário dizer que ultrapassagens e retomadas são feitas em um piscar de olhos. A estabilidade do carro é tão absurda que você se verá fazendo curvas no dobro da velocidade que faria antes, tamanha a sensação de segurança que o carro lhe entrega, ainda mais com os pneus da versão Racing Spirit. E, se algo der errado, há controles de estabilidade e tração, um ponto positivo para a Renault.

O carro possui três modos de condução: normal, Sport e Sport sem controles de tração e estabilidade. Enquanto no modo Normal o carro roda de forma mais suave, embora esteja sempre pronto para entregar desempenho, no modo Sport o acelerador fica bem mais arisco, algo já demonstrado pelo ganho de 500 rpm na rotação de ponto morto. Seu modo mais selvagem é indicado para as pistas, aonde os controles eletrônicos não irão atuar, embora eles sejam bem permissivos.

Quanto ao seu bolso, notei que o Sandero RS Racing Spirt está ligeiramente mais econômico que o RS que testamos em 2015. Na cidade fizemos 9,6 km/l de gasolina e 6,8 km/l com etanol, enquanto na estrada fizemos 13,8 km/l com gasolina e 9,7 km/l com Etanol. Não são números animadores, mas são razoáveis diante do desempenho do carro. De qualquer forma, pisando fundo, não espere nada melhor do que 5 km/l de gasolina. E, pelo preço de R$ 66.400, o único carro tão divertido quanto o RS Racing Spirit é o RS comum, que custa R$ 2.000 a menos. Considerando que um jogo de pneus PS4 custa quase isso e que a série Racing Spirit é limitada a 1.500 unidades, esse Sandero RS RS vale muito a pena.

CONFIRA NOSSO VÍDEO: https://www.youtube.com/watch?v=bMdg9MNgiP0

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