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Avaliação – Renault Sandero RS 2.0 16V Flex 2016

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Fotos: Marcus Lauria

O que é engine swap? É uma estratégia de preparação aonde troca-se o motor original do carro por um motor maior da mesma marca, preferencialmente do mesmo modelo, ou ainda por motores maiores de outra marca e modelo nas ocasiões mais radicais. Um exemplo famoso de engine swap no Brasil é a instalação de motor de Opala em um Chevette, que transforma o pacato compacto de tração traseira em um monstro devorador de asfalto.

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No caso do Renault Sandero, o engine swap foi feito pela própria Renault, ou melhor, pela divisão esportiva da marca, que atende pelo nome de Renault Sport, e daí vem a sigla RS do carro. Mesmo o Sandero tendo flertado com a esportividade em suas versões GTline do passado, o carro sempre teve um conjunto motor/câmbio/suspensão tão temperado quanto sopinha de hospital. Então, para que o RS viesse a nascer e não ficasse tão caro, a marca francesa foi na prateleira de casa e buscou algo que encaixaria bem no Sandero: o motor 2.0 16V F4R utilizado no Duster.

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Só que a rebeldia do Sandero RS não está enraizada apenas no motor, embora ele mereça um parágrafo à parte, e falaremos dele depois. O carro precisava de uma dinâmica melhor, e conseguiu isso com novos amortecedores esportivos, molas 10% mais rígidas na traseira e 92% mais rígidas na dianteira, além de barras estabilizadoras mais parrudas (65% mais dura na traseira e 17% na frente). Os upgrades de suspensão garantiram uma rolagem menor de carroceria e um maior controle do hatch nas curvas, coisa fina.

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Para conter o ímpeto do esportivo, o carro ganhou freios à disco nas quatro rodas, sendo que na dianteira são 280 mm de diâmetro (22 mm a mais) dos discos, combinados aos 240 mm dos traseiros. A direção com assistência eletroidráulica (apenas hidráulica no Sandero comum) é precisa, enquanto os pneus 205/45 R17 (opcionais de R$ 1.000) garantem o RS grudado ao chão nas curvas. E como se isso tudo não fosse suficiente, o carro traz um aerofólio funcional na traseira que gera 25 kg de downforce acima de 150 km/h, sensacional!

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Voltando ao motor, este 2.0 que equipa o Duster também é o mesmo que contava com turbo no finado Fluence GT e em outros modelos esportivos da Renault na Europa. Seu ganho em relação ao Duster foi de 2 cv graças a alterações na admissão e escape, além de um novo mapa da ECU. O resultado final são 150 cv de potëncia @ 5.750 rpm e 20,9 kgfm @ 4.000 rpm. Não há nada de downsizing por aqui, é esportivo à moda antiga, e o câmbio de relações curtíssimas e seis marchas garante que o motor encha rápido e de forma linear, sem qualquer morosidade.

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O visual externo do carro transpira esportividade com o body kit, as saídas duplas na traseira, as belas rodas aro 17 e o aerofólio vistoso, mas do lado de dentro é ele satisfaz ainda mais, com belos bancos esportivos na dianteira que abraçam bem o corpo, além de entregarem um conforto razoável. O motorista pode dirigir bem mais próximo do chão que no Sandero normal, e isso também auxilia na condução mais esportiva. Uma pena que a Renault não tenha ousado nos equipamentos do carro, que são basicamente os mesmos do Sandero Dynamique 1.6, embora essa versão RS traga os importantíssimos controles de tração e estabilidade. Outra bola fora é a falta de mais airbags, pois só está no cardápio a dupla de bolsas frontais.

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A vida dentro do Sandero RS é boa, com amplo espaço para 5 ocupantes e bagagem. Para manobrar o carro não há crise, graças aos retrovisores são amplos e o diâmetro de giro não foi prejudicado com os upgrades esportivos do modelo. Há sensores de estacionamento na traseira. E uma vez que o RS esteja fora da vaga, é hora de acelerar o carro e ter seus sentidos capturados pelas sensações que este legítimo esportivo oferecem.

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Mas há algumas coisas a se dizer sobre o Sandero RS: sua suspensão não tolera buracos e ondulações, suas marchas são curtas e exigem muitas trocas no trânsito urbano e o som emitido pelo escapamento reverbera constantemente dentro da cabine, especialmente na estrada aonde o motor gira em 3.400 rpm @ 120 km/h. E ele faz 8 km/l com gasolina na cidade e 12 km/l na estrada, andando de forma tranquila. Se isso te incomoda, pare de ler por aqui, pois o Sandero RS não foi feito para você.

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Este é um carro para entusiastas, para pessoas que possuem um motor no lugar do coração e em suas veias correm gasolina de alta octanagem. A suspensão dura na cidade se transforma em uma suspensão perfeita para curvas, especialmente aquelas que são mais fechadas e instigantes. As marchas curtas se traduzem em uma escalada rápida dos giros do motor e força disponível sempre que necessário e, por fim, o som do motor é uma música, é instigante e sedutor, e quanto mais os giros sobem, maior a sua vontade de acelerar.

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Na prática, este esportivo é um carro que responde bem em qualquer situação, e ainda conta com uma tecla “RS” no painel que, uma vez pressionada, altera o mapeamento do motor e deixa o controle de estabilidade menos invasivo. Caso seja pressionado novamente, aí o ESP sai totalmente de cena e deixa o Sandero RS sob total controle do motorista. E isso não se traduz em risco, pois a dinâmica do carro é muito equilibrada e sua neutralidade seduz, mesmo com uma leve tendência dianteira, controlada sem dificuldade.

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O Sandero RS é delicioso na estrada, e tende a ser igualmente delicioso para quem puder levar este carro a um track day. E por R$ 60.000 não há nada igual no mercado de carros novos. Este é o tipo de carro que toda montadora deveria ter, mas não fazem pois “não há mercado”. É mais interessante lançar um carro com uma central multimídia gigante que permita acesso às redes sociais do que um carro com motor forte e reações viscerais, pois as pessoas gostam cada vez menos de dirigir, e isso cria cenários apocalípticos (para os gearheads) como a chegada dos carros autônomos. Por isso, Renault, deixo aqui os meus sinceros agradecimentos. Vida longa ao Sandero RS.

CONFIRA NOSSO VÍDEO:

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