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Avaliação – Fiat 500 1.4 Multiair Abarth 2015

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As saídas duplas de escape na traseira intimidam, e o som emitido por elas intimida ainda mais. O ronco desse carro impressiona, ainda mais quando lembramos que o dono dessa “voz” rouca e encorpada é um propulsor 1.4 16V de quatro cilindros e turbinado, que gera 167 cv de potência @ 5.500 rpm. Quatro cilindros e turbo não é a combinação mais apropriada para gerar um belo ronco, mas o tratamento do escape feito pela Abarth transformou o barulho deste motor em música.

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Este não é um esportivo de mentirinha, e se a marca do escorpião não for suficiente para lhe fazer acreditar nisso, dê uma olhada nos freios mais parrudos na frente (284 mm), nas pinças vermelhas mordendo os 4 discos de freio, na suspensão rebaixada com amortecedores Koni e no body kit composto por novos parachoques, saias laterais e um vistoso spoiler na traseira. Definitivamente esta joaninha fez bom uso dos anabolizantes, e seu visual pouco lembra o ar fofinho do Fiat 500 convencional.

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Do lado de dentro o visual também impressiona, e traz belos bancos em couro com formato concha, pedaleiras em alumínio, manômetro do turbo e o interessantíssimo cluster totalmente digital. Nele podem ser consultados o velocímetro digital, conta-giros, econômetro (fora do modo Sport) e as funções do computador de bordo. Com o modo Sport acionado, aparecem no cluster um medidor de % de aceleração e um indicador de força G, que informa quanto de aceleração lateral e longitudinal é gerado pelo pequeno esportivo.

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Mas quando o efeito “uau” passa, observamos que o carro continua sendo um mero Fiat 500 por dentro, para o bem e para o mal. Seus encaixes são bons e o carro conta com um aproveitamento de espaço até razoável para seu tamanho diminuto, mas falta uma central multimídia e a posição de dirigir é muito ruim, especialmente para motoristas mais altos, que não conseguem deixar o volante próximo do peito graças à falta de regulagem em distância da coluna de direção. Porém, para pessoas de tamanho médio, a posição de dirigir fica mais cômoda e acertada. No banco traseiro, apenas crianças viajam bem e seu porta-malas leva 185 litros

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Para um carro de 3,67 m de comprimento, 1,63 m de largura e 2,30 m de entre eixos, é de se espantar como fica um pouco mais complicado de manobrar em vagas mais apertadas. A culpa é de seu diâmetro de giro de 11,4 m, bem pior que os 9,1 m do 500 convencional. Também não há sensor de estacionamento ou câmera de ré, mas o carro compensa isso com ótimos retrovisores laterais e boa visão através do vidro traseiro. Sua direção elétrica tem calibragem esportiva, mas nem por isso exige dos seus músculos em manobras (fora do modo Sport).

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Mesmo sendo pequeno e derivado de um carro urbano, a cidade incomoda o 500 Abarth. Sua suspensão é muito dura, e qualquer impacto com pedrinhas na rua são sentidos pela sua coluna. Os buracos, vias com asfalto ondulado e quebra-molas são praticamente uma tortura para os ocupantes do carro. Além disso, seu motor pequeno e turbinado não foi desenvolvido segundo o livro sagrado do downsized, então seu torque não chega tão cedo e seu consumo não é dos mais contidos. 8,5 km/l de gasolina na cidade é a sua média.

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Mas não precisa nem levar o 500 Abarth para a estrada, basta acelerar fundo na rampa de acesso para a via expressa e o pequeno monstrinho te fará sorrir de orelha a orelha. Sem acionar o modo Sport, a turbina gera 0,8 bar de pressão, e isso é o suficiente para o motor urrar forte e empurrar suas costas contra o banco conforme você vai subindo marchas no bom câmbio manual de 5 velocidades. Repita a operação com o modo Sport acionado, sinta a direção endurecer e o escape ficar mais permissivo, com o pé no fundo a pressão do turbo vai a 1,2 bar e os 23,5 kgfm de torque entre 2.500 e 4.000 rpm são despejados nas rodas dianteiras sem dó. É de apaixonar.

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Nas rodovias, poucos carros irão te acompanhar partindo da imobilidade até os limites de velocidade (a Fiat informa 6,9 segundos de 0-100 km/h), e também poucos serão capazes de te acompanhar em uma subida/descida de serra. O carro tem um comportamento dinâmico bem peculiar por causa de seu entre eixos curto: é apontar o volante e o carro te obedece. O controle de estabilidade tem 3 modos de operação, que vai do modo mais protetor ao seu desligamento completo (que desliga também o bloqueio eletrônico do diferencial), e deixa o carro totalmente entregue à habilidade do piloto que, se souber o que faz, conseguirá até provocar uma viciante escapadinha de traseira na entrada das curvas, deixando o 500 Abarth ainda mais rápido em um circuito travado.

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Ande de forma civilizada na estrada e o sorriso vai murchando aos poucos. Novamente a suspensão dura cobra o seu preço ao mastigar seus rins a cada junção de pontes ou remendos no asfalto, e o consumo de 12,5 km/l de gasolina é desanimador para um carro cujo motor tem apenas 1.164 kg para carregar. Além disso, a posição de dirigir ruim te obrigará a fazer mais paradas ao longo do caminho do que o previsto e, se você não resistir a dar aquelas aceleradas mais fortes, os 40 litros do tanque se mostram um incômodo extra.

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Até aqui o pequeno escorpião já mostrou qual a sua proposta, ou seja, este é um carro voltado puramente àqueles que desejam extrair dele todo o seu potencial esportivo. Com isso em mente, vamos ao preço: R$ 94.000. Pois é, 94 mil reais por este carro que, se for montado exatamente igual ao modelo que testamos, ou seja, com mais R$ 1.486 da cor Cinza Nuvoloso, mais R$ 4.151 do teto solar elétrico e mais R$ 2.204 do sistema de som da Beats, o total é de indecentes R$ 101.841. Por mais divertido que esse pequeno carro seja, talvez não vale desembolsar esse dinheiro todo, e faz com que seus defeitos fiquem muito mais evidentes que as qualidades.

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