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Avaliação – Renault Duster Dynamique 2.0 AT 4×2 2016

Fotos: Marcus Lauria

Quando a Renault lançou o Duster, o Ford EcoSport nadava de braçada no segmento dos SUVs Compactos, inaugurados pelo próprio representante da oval azul. Logo na sua chegada, o modelo da Renault cativou pelo seu porte mais parrudo, sua capacidade off-road mais convincente e também pelo seu espaço interno bem mais amplo. O Duster até tinha seus defeitos, mas perante os defeitos do EcoSport, não demorou para que a liderança da categoria trocasse de dono.

Mas veio a renovação do EcoSport, que trocou a base do Fiesta antigo pela base do New Fiesta, seu visual totalmente revisto deu ar de modernidade ao carro, e não demorou para ele retomar a liderança, mas ainda assim o Duster continuava firme e forte, abocanhando uma boa fatia das vendas, especialmente pelo seu preço mais camarada e pela robustez, que continuava a superar o EcoSport.

Só que os ventos mudaram novamente, Honda HR-V, Jeep Renegade, Peugeot 2008 e JAC T6 chegariam ao mercado em breve, e dessa vez o Duster parecia realmente ameaçado, não fosse pelo fato que a reestilização do Duster já estava no forno, e bastava a Renault aproveitar as melhorias implementadas nos novos Sandero e Logan (irmãos de plataforma), dar um tapa no conjunto motor/câmbio, e quem sabe o Duster não poderia incomodar os rivais mais modernos?

Mas veio a renovação do Duster, e a Renault caprichou, mas não como deveria. Externamente, o carro ficou mais moderno, sua dianteira trouxe um pouco da family face da Renault na Europa e se aproximou dos irmãos de plataforma. O carro também ganhou DRLs na dianteira (sem LED), lanternas com LED e novo visual, além de novas rodas. No geral o visual continua interessante, manteve a musculatura do Duster sem perder o visual bem resolvido. Do lado de dentro, a Renault tinha o novo painel do Sandero para adotar, com ar-condicionado automático, central multimídia melhor posicionada, bancos mais anatômicos e outros itens. Porém, a Renault não fez isso.

 

Abro a porta do Duster e sou bem recebido por belos bancos de couro em dois tons, mas reparo que continuam com o mesmo formato de antes, ou seja, pouco ergonômicos e sem muito apoio para as costas dos mais altos. Reparo também que a central multimídia Media Nav melhorou, ganhou alcunha Evolution, e isso é bom, mas ela continua posicionada longe dos olhos. Culpa disso é que o painel continua o mesmo, só ganhou acabamento black piano e nada mais. Ar-condicionado analógico e manual também continua lá, com os botões atrapalhados pelo câmbio e distantes das mãos. Como nem tudo são espinhos, o (enorme) volante ganhou comandos do cruise control e limitador de velocidade, o cluster está renovado e há um botão “Eco” no painel, o qual falarei depois.

Dou partida no motor 2.0 16V, que ganhou nova calibragem, e fez nascer 6 cv a mais com etanol, totalizando 148 cv @ 5.750 rpm. O torque também aumentou, chega agora a 20,9 kgfm @ 4.000 rpm, mas uma novidade amplamente divulgada pela Renault é que o propulsor está mais elástico, com 18,8 kgfm de torque plenamente disponíveis a 2.250 rpm. Mas antes de falar do desempenho, paro para notar quão manobrável é o Duster, com suas rodas que esterçam muito. Os retrovisores enormes também ajudam e a câmera de ré, que desenha a trajetória do carro, faz com que o Duster seja mais fácil de manobrar do que alguns carros menores. É uma pena que a direção hidráulica seja tão pesada.

Achar a posição ideal de dirigir não é muito fácil, o volante tem regulagem apenas em altura e os bancos, como já dito, não apóiam bem o meu corpo volumoso. Mas o espaço interno é enorme, e cinco pessoas de proporções generosas podem viajar neste carro, sem sofrer com espaço para pernas, cabeça ou ombros. As malas também chegarão bem ao destino, pois contam com 475 litros no porta-malas. No espaço e no trânsito, o carro parece maior e mais imponente do que seus 4,33 m de comprimento, 1,82 m de largura e 1,68 m de altura sugerem, e o belo entre-eixos de 2,67m é o responsável pelo bom espaço para os passageiros.

No trânsito urbano o Duster agrada, sua suspensão é muito bem calibrada e seus pneus parrudos permitem que se ignore o que vier pelo caminho, seja asfalto com pavimentação padrão Rio de Janeiro, lombadas, tartarugas ou o que for. O câmbio automático de 4 velocidades é suave para o uso urbano, e o motor com mais torque em baixa faz com que o Duster tenha força suficiente para as situações de rua. Apenas sua direção pesada em baixa velocidade destoa do conjunto, mas o motorista terá tudo para continuar relaxado com o bom isolamento acústico do carro.

Na estrada, o câmbio limitado cobra o seu preço, e o Duster desanima quando precisamos de mais desempenho, especialmente em algumas subidas, aonde a transmissão se perde entre deixar o motor gritar em uma marcha mais baixa ou subir a marcha e deixar o motor sem força. O modo sequencial ajuda na indecisão, mas não resolve muita coisa. Em linha reta, com velocidade de cruzeiro, o Duster vai bem, mas a transmissão também atrapalha no consumo, pois com mais marchas ou com um CVT, o bom motor poderia trabalhar mais folgado, bebendo menos combustível. Freios e suspensão são ótimos, e a estabilidade do Duster surpreende, mas isso não justifica a opção da Renault por não oferecer controle de tração e ESP no mercado brasileiro.

O consumo merece um parágrafo exclusivo, pois o carro possui dois modos distintos de beber combustível. Ao final do teste, anotamos 5,6 km/l na cidade e 8,5 km/l na estrada, com etanol e modo ECO ligado. Desligando-se esse modo de economia, que muda as respostas do motor, deixa o acelerador mais lento e altera o comportamento do compressor do ar-condicionado, fizemos 4,5 km/l com etanol na cidade e 7,3 km/l na estrada, sempre respeitando as dicas de baixo consumo do EcoScoring que pontua a sua condução de acordo com a economia de combustível. No resumo, beber socialmente não é com o Duster.

Quanto ao seu bolso, o Renault Duster, nessa versão Dynamique com transmissão automática e motor 2.0 16V, custa a partir de R$ 74.340, e vem bem equipado. Por R$ 950 acrescenta-se câmera de ré e cruise control, e por R$ 1.700 leva-se os bancos em couro. Some a cor Marrom Safari por R$ 1.600 e, por R$ 78.590 você leva para casa a versão top do Duster com tração 4×2. E, se for procurar na concorrência, pode optar por um EcoSport com equipamentos semelhantes, um HR-V básico, um Renegade bem equipado ou um T6 top, mas com câmbio manual. Ah, não esqueça do 2008, que pelo mesmo preço oferece câmbio manual e um desempenho brutal.

Mas afinal, comprar ou não comprar um Duster? Eu te respondo que é um belo carro, cuja característica mais marcante é a robustez. Se você não se cativou com o visual do HR-V, não faz questão do desempenho do 2008, quer algo mais leve e rápido que o Renegade, tem preconceito (injustificado) contra carros chineses como o T6 e precisa de mais espaço do que o EcoSport oferece? Não pense duas vezes, leve o Duster para casa.

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