AvaliaçõesTestesVW

Avaliação – Volkswagen cross up! 1.0 12v 2015

Fotos: Marcus Lauria

O mercado brasileiro é apaixonado por carros aventureiros, e tal receita tem sido exportada com sucesso até mesmo para outros mercados, mas é por aqui que a maquiagem “pseudo-lameira” tem sua forma mais democrática, atingindo desde modelos mais caros quanto os de entrada. E foi nessa onda que surfou o VW up!, que nessa versão Cross traz uma roupagem diferenciada para tentar seduzir mais compradores ao compacto, que não tem enfrentado vida fácil.

O estilo aventureiro está disponível em outros modelos da VW, como o Cross Fox, Space Cross e Saveiro Cross e Gol Rallye. Mas no Cross up!, apesar dos apliques visuais na carroceria que denotam alguma aptidão off-road, como os detalhes nos para-choques dianteiros e traseiros e os apliques plásticos revestindo os para-lamas. Ao contrário da receita típica dos aventureiros urbanos, o up! não possui alteração de suspensão em relação ao High up! por exemplo, e os pneus também não são de uso misto, embora as rodas sejam exclusivas.

Do lado de dentro, também não há muitas diferenças em relação aos modelos civis, apenas alguns detalhes prateados e costuras nos bancos com o nome da versão. A versão testada tinha um bom acabamento, com detalhe preto brilhante no painel, volante revestido em uma espécie de couro e o Maps & More. Tudo isso combinado dá um aspecto moderno ao interior do carro, e os materiais possuem bons encaixes, mesmo sendo simples. Não dá para entender é a ausência de itens simples e já comuns na categoria do up!, como os vidros elétricos na traseira e um espelho de cortesia no para-sol do motorista, por exemplo.

A posição de dirigir do Cross up! é muito boa, o banco possui amplas regulagens de altura e inclusive permite ao motorista dirigir bem próximo ao chão e, somando-se esse detalhe ao volante pequeno de base reta (que lembra o volante do Golf GTI, sem os botões), é impossível ao entusiasta não enxergar alguma esportividade no compacto. A direção possui apenas regulagem em altura, mas graças ao formato do painel, é possível chegar mais perto do volante com o banco sem ter o joelho esmagado. Quanto ao espaço, dois viajam bem na dianteira, e na traseira há espaço para duas pessoas de média estatura. Colocar três adultos na traseira é praticamente inviável, mas pelo menos o porta-malas de 280 litros é suficiente.

Ainda sobre a vida à bordo, é interessante como os comandos ficam todos próximos à mão, tanto do rádio quanto dos outros recursos do carro. O único detalhe que incomoda é a falta de uma porta USB quando a opção pelo Maps & More é feita, não restando outro recurso para ouvir música do celular que não seja o bluetooth.

Manobrar o carro é fácil, tanto pelo seu diminuto tamanho (3,60 m de comprimento, 1,64 m de largura e 2,42 m de entre-eixos) quanto pela direção elétrica levíssima e seu diâmetro de giro de 9,7 metros. Visibilidade ampla e sensores de estacionamento na traseira com indicação gráfica também auxiliam o trabalho do motorista.

Logo que colocamos o Cross up! em movimento é possível notar quão delicioso é o conjunto de transmissão, com embreagem leve somada aos acionamentos suaves e precisos do câmbio MQ200, que possui um dos melhores ajustes do mercado. O isolamento acústico também agrada, e a sensação de solidez transmitida pelo carro remete a modelos mais caros. Sua única dificuldade reside em encarar vias esburacadas e lombadas, aonde a suspensão dianteira com curso pequeno sofre bastante. Por ser compacto, ele goza de boa agilidade no trânsito urbano, algo que é amplificado pelas boas respostas do motor, que merece um parágrafo exclusivo.

Falar bem dos motores 1.0 3 cilindros modernos hoje, especialmente os da VW, Ford e Hyundai/Kia é chover no molhado, mas de fato o EA-211 com comando de válvulas variável e quatro válvulas por cilindro que equipa o up! merece todos os elogios que recebe constantemente. São 75/82 cv @ 6250 rpm de potência e 9,7/10,4 kgfm @ 3.000 rpm de torque com gasolina e etanol, respectivamente. Na prática o propulsor responde melhor do que seus números podem sugerir, especialmente pelos 960 kg do carro e pelo bom escalonamento do câmbio. As respostas do motor em baixa são satisfatórias, e acima dos 3.500 rpm o giro sobe rápido e consistente, com um belo ronco metálico que lembra motores de seis cilindros.

Em uso rodoviário, o up! continua surpreendendo nas respostas, chegando às velocidades da via sem dificuldade, e sem esgoelar muito o motor com rotações elevadas. A 120 km/h na estrada os giros ficam pouco abaixo dos 4.000 rpm, contribuindo para o conforto acústico. O volante tem respostas rápidas, especialmente pelo pequeno balanço dianteiro enquando sua estabilidade merece aplausos. O limite do Cross up! é bem alto e, caso ele chegue, a tendência é escapar com a dianteira, dinâmica segura e passível de fácil correção. Seus freios à disco ventilado na dianteira e tambor na traseira são muito bem calibrados e seguram o carro sem dificuldade. Apenas subidas trazem alguma dificuldade ao motor, mas basta algumas reduções de marcha e tudo se resolve. E quanto à segurança, para um carro que se gaba das suas 5 estrelas no LatinNCAP, a falta do ESP é injustificável.

O Cross up! tem na economia de combustível mais um de seus trunfos, aonde o rendimento ficou na casa dos 9,6 km/l de etanol na cidade com trânsito pesado e 11,4 km/l de etanol na estrada, com médias de 100-110 km/h. Trafegando entre 80 e 90 km/h, o computador informa números próximos a 13,8 km/l na estrada. Isso poderia ser ainda melhor se o giro em quinta marcha ficasse um pouco mais baixo, mas forçaria reduções de marcha mais constantes, e a VW sabe que o brasileiro típico não gosta de trocar marchas.

CONFIRA NOSSO VÍDEO:

De fato, o Cross up! é um excelente carro, mas tem dois defeitos. Primeiro: é caro. Seu preço inicial de R$ 43.490 é alto, e chega a R$ 46.538 como o que testamos, com pintura metálica e Maps & More, seus únicos opcionais. Segundo: ao que tudo indica, logo terá versão TSI. Sim, a versão turbinada será ainda mais cara, mas a julgar pelo desempenho do motor 1.0 aspirado, um acréscimo de alguns milhares no preço justificará a opção pelo turbo. Mas enquanto esse dia não chega e caso a concorrência não encha seus olhos (atualmente só o Fiat Uno Way tem versão aventureira), o Cross up! se configura uma boa (embora cara) compra de aventureiro urbano de entrada.

CONTINUA NA PÁGINA 2

1 2Próxima página
Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo