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Avaliação – Chevrolet Spin Activ 1.8 Flex 2015

Fotos: Marcus Lauria

Ela calçou botas e colocou uma mochila aventureira nas costas. A maquiagem é caprichada, e renovou seu visual, deixando a moça mais simpática. Fato é que, ao contrário das mocinhas de carne e osso, a Spin Activ fica melhor ao vivo do que nas fotos. Prova disso é um senhor, que em sua Spin LTZ, parou ao meu lado no sinal e teceu inúmeros elogios ao carro, inclusive me parabenizando por estar ao volante da minivan.

E ele não foi o único, afinal várias pessoas elogiaram o visual do modelo durante a semana de teste, especialmente meu pai, que criticou apenas o estepe pendurado na traseira. Desconfio que a cor Cinza Aztec (que é praticamente marrom) mereça grande parte do crédito pelos elogios, mas particularmente acho que a Chevrolet acertou a mão no visual do carro.

O modelo traz algumas diferenças visuais em relação à Spin convencional, como os apliques de plástico ao redor da carroceria, faróis com máscara negra e retrovisores pintados em preto brilhante. Os detalhes que saltam aos olhos são as belas rodas aro 16 calçadas por pneus Pirelli Scorpion de uso misto, cuja medida é 205/60 R16. O estepe também traz roda de liga leve, e fica pendurado na traseira, assim como na concorrência. Do lado de dentro, há apenas um novo revestimento nos bancos e o nome da versão discretamente gravado no conta-giros.

Seu preço é o mesmo da Spin LTZ, mas além dos itens supracitados, sua principal diferença em relação ao modelo completo é a ausência da terceira fileira de bancos. Quer uma Spin com 7 lugares? Esqueça o visual aventureiro. Em compensação, os 5 passageiros da Spin Activ poderão caprichar na bagagem, pois o porta-malas de 710 litros tem espaço de sobra.

O interior do carro é simples, mas todos os encaixes são corretos, enquanto o visual é agradável. Faltam mimos como ar-condicionado digital ou sensor crepuscular/de chuva, mas estão presentes a boa central multimídia MyLink (embora não ofereça GPS), comandos do som no volante e cruise control. A segurança não é prioridade na minivan, visto que há apenas os triviais airbag duplo e ABS, enquanto airbags laterais/de cortina e controles de tração/estabilidade ficam de fora.

Graças à posição de dirigir elevada, a visibilidade é boa à frente, enquanto os grandes retrovisores laterais praticamente eliminam pontos-cegos. Já quanto à visibilidade traseira, as coisas complicam, pois o estepe rouba parte da visão pelo retrovisor central e, em manobras, o sensor de estacionamento parece ter recebido uma calibragem cautelosa demais, e grita muito cedo, dificultando a tarefa de parar em vagas apertadas. Faz falta uma câmera de ré, que é vendida pela Chevrolet apenas como acessório nas concessionárias.

Em percurso urbano, nota-se que a nova calibragem da suspensão fez bem ao carro, assim como os pneus carnudos, e a minivan encara muito melhor as ondulações e buracos do nosso asfalto crocante. A direção hidráulica fica devendo em suavidade quando comparada a uma similar de assistência elétrica, mas cumpre bem o seu papel, além de oferecer respostas rápidas o suficiente para uma minivan aventureira. O único detalhe que destoa é o motor 1.8 8V, que apesar de oferecer torque suficiente em baixas rotações (17,1 kgfm @ 3.200 rpm com etanol), fica devendo em suavidade de funcionamento. Quanto ao câmbio GF6, só elogios, sua nova calibração deixou o carro ainda mais esperto, condizente com sua proposta.

Já em uso rodoviário fica evidente que o motor precisa de mais potência, os 108 cv cavalgam em sua plenitude a baixas 5.400 rpm, mas a impressão é que acima dos 4.000 rpm falta força, e conforme o motor se esforça mais para puxar os 1.325 kg do carro, fica mais evidente a aspereza de funcionamento do propulsor. O upgrade do câmbio automático oferece agora a possibilidade de reduções duplas ou triplas diante de um kick down, além de trocas mais rápidas, mas continua oferecendo trocas sequenciais morosas e desobedientes por meio de um desencorajador botãozinho na lateral da alavanca.

Mas os deméritos da Spin em estrada param por aí, pois o rodar do carro é confortável e estável, mesmo com a carroceria alta. Em curvas o modelo tem desempenho satisfatório, com sutil tendência dianteira em curvas de baixa e agradável neutralidade em alta, aonde a carroceria rola o suficiente e depois se apoia com louvor nos quatro largos pneus. Nas frenagens mais fortes, os freios (disco ventilado na dianteira e tambor na traseira) seguram o carro de forma firme e decidida, com ação precisa do ABS e sem desvio de trajetória.

Quanto ao seu bolso, a Spin mostra que melhorou um pouco seu consumo com a nova calibragem do câmbio GF6. Em uso rodoviário o carro fez uma média de 6,7 km/l com etanol, enquanto na estrada foram 11,2 km/l, com o mesmo combustível derivado da cana. Apenas como comparação, a Spin LTZ que testei no ano passado (https://www.carpointnews.com.br/novo/?p=35794) fez 6,2 km/l e 10,3 km/l na cidade e estrada, respectivamente.

O preço do carro é de R$ 68.690, e o deixa em pé de igualdade com seus concorrentes da Fiat, Idea Adventure e Doblò Adventure, com preço e motorização similares. Embora os carros sejam semelhantes em vários aspectos, a Fiat possui uma gama de equipamentos mais ampla para seus modelos, mas oferecem uma plataforma mais antiga do que a usada pela Spin. E, embora ofereçam um motor mais forte, também perdem para a Spin quando o assunto é deixar o pé esquerdo descansar. No fim das contas, a Spin traz um bom conjunto, merecendo ser olhada com carinho e, de preferência, ao vivo.

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