AvaliaçõesLand RoverTestes

Avaliação – Land Rover Range Rover Evoque 2.0 Si4 4WD Dynamic Zanzibar

Fotos: Marcus Lauria

Zanzibar é o nome de um arquipélago situado na costa da Tanzânia, banhado pelo Oceano Índico, cuja beleza natural fascinante merece uma breve pesquisa no Google para apreciar seus encantos. Pouco povoado e conhecido, Zanzibar é local para poucos sortudos, assim como este Range Rover Evoque Dynamic Zanzibar, ou simplesmente Evoque, em versão homônima ao belo arquipélago, igualmente belo e exclusivo. E tal exclusividade é garantida pelo preço de R$ 237.500, ou pelo fato de apenas 45 destes carros tenham recebido cidadania brasileira.

Apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo, nas ruas o Zanzibar amplifica o poder de capturar olhares, que já é natural ao Evoque tradicional. Para tal, o modelo lança mão de uma tonalidade bronzeada, suficientemente bela a ponto de cativar o mais desatento dos transeuntes. E consegue ficar ainda mais atraente, graças ao pacote “Black Design Pack”, aonde elementos como retrovisores, teto, máscara dos faróis e rodas aro 20 são pintados em preto brilhante.

Do lado de dentro, traz o mesmo visual de um Evoque Dynamic, modelo do qual o Zanzibar deriva. E isso é uma ótima notícia, afinal o acabamento é impecável, com revestimento de couro nas portas e em partes do painel, bancos ergonômicos e confortáveis, elementos visuais de altíssima qualidade e um padrão de refinamento típico de um Land Rover. Encontrar a melhor posição para conduzir o Evoque é tarefa fácil com a regulagem (elétrica) do banco e as amplas regulagens da coluna de direção.

Dentro do carro, graças à ótima visibilidade proporcionada pelos retrovisores, os 4,35 m de comprimento e 1,96 m de largura do Evoque parecem menores do que realmente são. E essa sensação é reforçada ao manobrar o carro em garagens apertadas, graças ao amplo diâmetro de giro e ao sensor de estacionamento nos quatro cantos do modelo, com indicação gráfica na central multimídia.

O espaço interno é considerável, mas senti falta de espaço para as pernas no banco traseiro, apesar do entre-eixos de 2,66 m. Já para a cabeça, espaço de sobra, e a sensação de latifúndio é reforçada pelo teto de vidro que cobre todo o habitáculo. Como não abre, tem seu valor comprovado nos dias nublados ou frescos, pois em situações de calor intenso, serve apenas para cozinhar os ocupantes. Seu porta-malas é bom, e comporta 420 litros.

Colocar o Evoque em movimento é uma delícia, pois as suspensões oferecem um bom nível de conforto no asfalto crocante do Rio de Janeiro, mesmo com as rodas aro 20. O nível de ruído a bordo é baixo, enquanto a solidez do carro impressiona, passando uma ótima sensação de segurança aos ocupantes. Sua direção elétrica é suave e precisa, como todas deveriam ser.

Em circuito urbano, o câmbio ZF de 9 marchas faz trocas com suavidade ímpar, mantendo os giros sempre baixos em uma condução tranquila, mas reduzindo várias marchas rapidamente, conforme mais força é necessária. O sistema start-stop utilizado pelo carro também preza pela suavidade e eficiência, sendo quase imperceptível o seu acionamento, na maioria das vezes.

Já em uso rodoviário, o Evoque permite que o motorista explore melhor seus recursos: tanto sua dinâmica irretocável quanto o conjunto mecânico exemplar. Em condução tranquila, o câmbio novamente mostra seu valor, fazendo o motor girar, em nona marcha, por volta dos 1950 rpm @ 120 km/h, contribuindo para o silêncio à bordo e para uma viagem suave.

O ajuste dinâmico do Evoque faz com que ele se comporte do modo que o motorista espera nas curvas, e qualquer tipo de curva é encarada com facilidade pelo carro, apontando e seguindo na trajetória com precisão cirúrgica. Outro item digno de aplausos é a capacidade de frenagem do carro, sem fading e sem sustos, com acionamento feito por um pedal calibrado à perfeição.

Caso o acelerador seja pressionado até o fim, marchas são jogadas para baixo e um urro surge do escapamento, invadindo o habitáculo e denotando que o motor 2.0 turbo de 240 cv @ 5.500 rpm e 38,7 kgfm @ 1.750 rpm está despejando todo o seu ímpeto nas quatro rodas. As costas colam no banco e o Evoque acelera com dedicação, atingindo números obscenos no velocímetro digital com bastante facilidade. Nem mesmo o turbo lag em algumas retomadas é suficiente para atrapalhar a ótima desenvoltura do motor em puxar os 1.550 kg do carro.

Quando o câmbio de 9 marchas foi adotado no Evoque, a Land Rover falou em melhoria de 11% no consumo médio do modelo, algo que me fez imaginar quão grande era o apetite do Evoque com o câmbio antigo. Em nosso teste, as médias ficaram em 5,8 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada, andando no limite das vias. O consumo é um pouco elevado para um motor cuja alcunha EcoBoost denota desempenho aliado à economia. De fato, o motor (que também equipa o Ford Fusion) é mais Boost do que Eco.

Na ponta do lápis, o Evoque Zanzibar é caro. Apesar dos bons itens de tecnologia e conforto presentes no carro, bem como suas qualidades dinâmicas, o modelo não tem predicados racionais suficientes para justificar sua compra perante modelos com propostas similares, como BMW X1 e Audi Q3, que custam em torno de R$ 180.000 nas versões mais equipadas, verdadeiras pechinchas diante dos R$ 237.500 cobrados pelo Zanzibar. Mas, se a compra do carro for motivada pelo emocional, tendo o sex appeal do modelo com maior peso na avaliação, o Evoque Zanzibar é o seu número.

CONTINUA NA PÁGINA 2

1 2Próxima página
Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo