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Avaliação – Renault Sandero Dynamique 1.6 8V 2015

Fotos: Marcus Lauria

Sua esposa finalmente acabou de se arrumar para uma festa de gala. Ela é a sua companheira de todos os momentos, a única dona do seu coração que não mora na sua garagem, e como vocês já se conhecem há algum tempo, o aspecto visual da sua nobre companheira já não lhe surpreende mais. Mas o estouro do cartão de crédito, todos aqueles litros de perfume caro e aquela considerável camada de maquiagem pesada fizeram algo interessante: sua esposa voltou a despertar algo no seu interior.

Assim é o novo Sandero. O bom e velho Sandero, aquele carro confiável e honesto, que você colocou na garagem mesmo sabendo que não era o mais sedutor da linha, mas também é aquele que não irá causar um sério desfalque nas contas do mês. Ok, assim como alguns se casam com top models e artistas de Hollywood, há também os que pouco se importam com a racionalidade do Sandero, mas do jeito que a Renault caprichou no visual do hatch, novos olhos estarão sob o modelo.

Apesar de manter a mesma plataforma, o novo Sandero traz pouco de seu antecessor. Na dianteira, faróis, grade, para-choques e capô são totalmente novos, e na traseira as novidades estão nas belas lanternas, nos para-choques mais parrudos e na nova tampa do porta-malas. Nas laterais, apesar das portas manterem o mesmo desenho, contam com novos vincos, e os novos retrovisores trazem repetidores das setas. E não há forma sem função, o Cx baixou de 0,38 para 0,35.

Do lado de dentro as mudanças continuam, com novos e excelentes bancos, painel totalmente renovado e novos painéis de porta. A versão Dynamique traz, como opcional, a central multimídia batizada como Media Nav 1.2, e agora fica mais bem posicionada ao alcance dos olhos e das mãos, ao contrário do que ocorria no antigo Sandero. Outro opcional benvindo é o ar-condicionado automático, que funcionou bem em nossos testes. O volante de raio exagerado continua lá, mas agora traz botões de acionamento do controle de cruzeiro, enquanto os comandos satélites do rádio continuam posicionados na coluna de direção.

A posição de dirigir continua a mesma, e isso significa bancos bem altos e coluna de direção sem regulagem de altura. Os comandos do retrovisor elétrico saíram de uma posição ruim (entre os bancos) para outra péssima (no painel, à esquerda do volante), obrigando o motorista a se esticar para alcançar os comandos. Os comandos dos vidros elétricos dianteiros estão na porta e agora bem integrados ao conjunto, mas os botões para os vidros traseiros voltaram para o painel. Desprezados os pesares, os grandes retrovisores tornam fácil a tarefa de manobrar o Sandero.

Espaço interno é com ele mesmo, e isso continua igual, graças às dimensões generosas: 4,06 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,53 m de altura e 2.59 m de entre-eixos. Isso deixa espaço suficiente para pernas e cabeças de todos os passageiros, mesmo que sejam 5 Marcelos de 1,90 m. O porta-malas de 320 litros é adequado, e não deixa margem para tentar deixar a sogra em casa na viagem de final-de-semana.

Quanto ao vigor e desempenho, sua esposa, aliás, o Sandero, continua igual apesar da nova maquiagem. Seu motor 1.6 8V de 106 cv @ 5.250 rpm e 15,5 kgfm @ 2.850 rpm (etanol) continua o mesmo, ou seja, vigoroso em baixas rotações e anêmico em altas. A Renault se aproveitou deste bom torque em baixa para implementar um assistente de economia de combustível que indica, por meio de luzes no painel, o momento correto de trocar as marchas. Não é tão fácil obedecer às luzinhas sem atormentar a fluidez do trânsito, mas vale tudo para salvar os ursos polares e ganhar mais pontos no aplicativo de economia de combustível da central multimídia.

A suspensão continua bem calibrada, filtrando plenamente as irregularidades do piso e proporcionando conforto excelente para os ocupantes. Em curvas feitas com mais ímpeto, os pneus Bridgestone Turanza ER300 185/65 R15 gritam bastante e a carroceria rola sem parcimônia, mas o Sandero segue firme no traçado desejado, com tendência dianteira no limite. Os freios são bons, mas o pedal esponjoso transmite aos pés pouco do que ocorre nas rodas. Resumindo o comportamento dinâmico do Sandero, continua sendo um carro anestesiado, que não seduz aquele que busca um pouco mais de diversão, mas cumpre bem seu papel como um meio de transporte.

Por fim, quanto ao seu bolso, o Sandero mostra bem o motivo pelo qual sempre foi um ótimo pretendente. Frugal, não abusou do consumo de etanol, rendendo 9,1 km/l em trânsito urbano pesado e 12,6 km/l em uso rodoviário. Seu preço, se não é uma pechincha, é ótimo perante concorrentes top de linha: R$ 43.180, sendo que o único pacote de opcionais custa R$ 1.600 e traz ar-condicionado automático, central multimídia Media NAV e sensor de estacionamento. De tudo isso, podemos concluir que a Renault acertou a mão, ou seja, se você tem um, vai adorar trocar por um novo. E, se você não tem um, deve olhar o Sandero com outros olhos.

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