AvaliaçõesTestesVW

Avaliação – Volkswagen Gol 1.6 VHT Seleção (Flex) 2014

Fotos: Marcus Lauria

Qual a semelhança entre Neymar, Pelé, Zico e o Gol Seleção? A camisa 10, e como diz aquela música chiclete, “o centroavante é o mais importante”, e definitivamente não há hoje carro mais importante do que o Gol na linha da VW. Artilheiro em vendas, o Gol foi o escalado para usar a camisa 10 na Seleção da VW (qua traz ainda Voyage e Fox), e é a esperança da marca alemã para vencer a italiana Fiat, que pode não ter o melhor dos atacantes, mas traz um time bem equilibrado.

Acostumada a lançar um Gol Copa a cada edição do Mundial da FIFA, este ano a VW se viu obrigada a ousar em uma estratégia diferente, visto que a Coréia emplacou seu artilheiro Hyundai HB20 com a “Edição Copa do Mundo”, valendo-se do posto de patrocinadora oficial do mundial. Mas artilheiro por artilheiro, os brasileiros continuam preferindo o Gol, a julgar pelos números de vendas do hatch coreano, que não mostram mais o fôlego inicial, embora se mantenha forte.

A concentração para o mundial não trouxe benefícios ao físico do camisa 10, que manteve o mesmo (bom) físico de seu motor 1.6 EA-111, que rende 104 cv @ 5.250 rpm de potência e 15,6 kgfm @ 2.500 rpm de torque, que aliado ao baixo peso de 971 kg permite arrancadas convincentes, suficiente para escapar da marcação dos zagueiros. Não se pode esquecer o delicioso ajuste de direção, suspensão e freios, que permite dribles rápidos e precisos, sem risco de tropeçar na pelota.

Já o visual do craque recebeu leves retoques, mais prováveis de serem adotados por fãs do que o moicano de Neymar. Do lado de fora, grade dianteira e retrovisores são pintados em preto brilhante, enquanto adesivos fazem alusão à série especial, com destaque para o escudo da CBF (e as 5 estrelas do penta) nos para-lamas dianteiros. Por dentro, graças ao “Pacote Brasil” (que custa R$ 2.293), os bancos recebem estampa especial, com tecido que remete à costura típica das bolas de futebol de antigamente, além de detalhes amarelos em volta das saídas de ar.

Ah, não podemos nos esquecer das chuteiras do craque, que por sinal são belíssimas peças que combinam acabamento em preto e cromado, de aro 15, cujo desenho também visa lembrar os gomos de uma bola de futebol. As travas da chuteira são de ótima qualidade, Pirelli P7 195/55 R15, excelentes em qualquer tipo de “gramado”. E, além disso, há também uma pequena plaquinha verde e amarela na traseira, para lembrar as cores originais da Seleção, pois além do uniforme canarinho visto no “nosso” Gol, há também opções de uniforme branco ou prateado.

Com boa visibilidade, diâmetro de giro razoável e sensores de estacionamento (opcional de R$ 593), manobrar o Gol é garantia de bola dentro, para a alegria da torcida. Em compensação, o craque fica impedido por conta dos bancos pouco confortáveis e da posição de dirigir não tão agradável, visto que o pacote Seleção não inclui coluna de direção regulável em altura e profundidade. O acabamento é justo, porém espartano e insosso como um jogo que termina no zero a zero.

Os trancos da transmissão I-Motion são como as entradas mais fortes da zaga adversária, e refreiam o ímpeto do craque da VW, mas quando se ajuda o câmbio, seja por meio de trocas manuais ou com o alívio da carga no acelerador nas trocas ascendentes, os dribles ocorrem naturalmente. Quer arrancar decidido na pequena área, jogue a alavanca para o modo manual combinado à tecla S, e as trocas de marcha rápidas extraem o melhor do motor 1.6. Só convém aliviar o pé nas reduções, para evitar um tranco tão desagradável como perder aquele “gol feito”.

Rodando na cidade, a suspensão se mostra agradável, filtrando todas as imperfeições. Já na estrada, a estabilidade se mostra impecável, com comportamento quase neutro nas curvas, mostrando a qualidade do esquema tático da Volks. Freios atuam bem, sem fading, com entrada segura do ABS, bem como os cortes dos melhores zagueiros.

O motor 1.6 8V já tem um belo substituto, com o dobro de válvulas, projeto moderno, potência e torque superiores e consumo mais comedido, mas como em time que está ganhando não se mexe, a VW justifica a escalação desse craque mais idoso com os seus bons resultados: consumo médio de 9,5 km/l após circuito misto de 400 km rodados e desempenho agradável em qualquer situação.

A única bola murcha do craque é o preço. Escalar o craque para o seu time custa R$ 44.390, sem ar-condicionado, que soma mais R$ 3.020 ao valor do contrato. Adicione volante multifuncional (R$ 300), borboletas para troca de marcha (R$ 505), faróis de neblina (R$ 474), além da cor amarela (R$ 1.040) e o Pacote Brasil do “nosso” Gol Seleção, e o valor do passe fica em injustificáveis R$ 52.615, tão desagradáveis quanto ajeitar o meião enquanto o adversário faz o gol na sua frente. Cartão vermelho para a Volkswagen, já para o chuveiro!

CONTINUA NA PÁGINA 2

1 2Próxima página
Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

Botão Voltar ao topo